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Botafogo e Vasco precisam se inspirar no Flamengo

Imagem ilustrativa da imagem Botafogo e Vasco precisam se inspirar no Flamengo
Flamengo se reorganizou e hoje é exemplo para rivais. Foto: Alexandre Vidal/CRF

O futebol é movido por dois sentimentos: a paixão e a rivalidade. O antagonismo entre o amor pelo clube do coração e a antipatia pelo rival é o equilíbrio perfeito e o termômetro de uma arquibancada ideal.

No entanto, os caminhos diferentes trilhados ao longo das centenárias histórias dos grandes clubes geraram peculiaridades. Entre erros e acertos, as equipes chegaram à era do profissionalismo com panoramas bastante diferentes. E é chegado o momento de colocar tudo na balança.

Botafogo e Vasco, dois dos principais clubes do Brasil, assim como o Cruzeiro, encontram-se em situação bastante delicada - e parecida. Rebaixados à Série B, em grave crise financeira e com anos e anos de gestão amadora nas costas, ambos urgem por um novo começo.

E, como qualquer um que recomeça, as equipes precisam de referências. O desafio é justamente este - pois o modelo a ser seguido é o do maior rival, o Flamengo, que previu a necessidade de uma reformulação antes de muitos.

Botafoguenses e vascaínos vão precisar deixar a rivalidade de lado para admitir o abismo que existe entre seus clubes e o rival - e, só a partir daí, conseguir começar a diminuí-lo.

Em 2013, Eduardo Bandeira de Mello, então presidente do Rubro-Negro, decidiu fazer algo um pouco diferente de gastar mundos de forma inconsequente em busca de títulos e deixar as dívidas para a próxima gestão.

Aproveitando-se das diferenças gritantes nas cotas de TV, o dirigente enxergou a possibilidade de arrumar a casa e preparar o terreno para um futuro abundante - que, hoje, faz o Flamengo colecionar taças enquanto assiste os rivais afundarem à Segundona.

Bandeira sofreu à época, inclusive, muitas críticas dos flamenguistas por praticamente abdicar da competitividade em alto nível. Mas era necessário reorganizar a Gávea antes de alçar vôos maiores. E, me arrisco a dizer, não haveria o empilhamento de títulos dos últimos anos sem a base montada por Eduardo.

E é exatamente o que Botafogo e Vasco precisam fazer. Profissionalizar todas as áreas, enxugar folhas salariais, diminuir quadro de funcionários e preparar o terreno para algo maior.

É necessário ter a consciência de que é um processo de médio a longo prazo. Com as chegadas dos CEOs Jorge Braga e Luiz Mello, os clubes começam apenas a engatinhar na missão de recuperarem seu protagonismo.

Títulos, hoje, são a consequência de um trabalho organizado dentro de uma estrutura capacitativa. Em termos mais simples: é preciso arrumar a cozinha de casa antes de sentar na sala de estar. E ainda faltam muitos passos para a dupla alvinegra.

A sementinha plantada pelo Flamengo em 2013 só brotou em 2019. E esse é o gap dos cariocas em relação ao Urubu: cerca de dez anos de trabalho árduo. A bola entrar ou não faz parte do jogo; ter um atacante preparado para finalizar é o que cabe às equipes. E isso passa por muita coisa antes de saber chutar.

Não é acaso o Vasco não ter glórias desde a Copa do Brasil de 2011, muito menos o Botafogo estar há quase três décadas sem um título de expressão. O futebol não é mais folclórico como antigamente. A leitura do livro "A Bola Não Entra Por Acaso", de Ferran Soriano, responsável pela reformulação total do Barcelona e hoje CEO do Grupo City, ajuda a deixar tudo mais explícito.

Torcedores também são parte importante do processo. A paciência, tão escassa em tempos de rebaixamento, será um oásis da reconstrução. Compreender que a reformulação do clube passa por não ter grandes contratações é o primeiro passo.

Fraquejando no Campeonato Carioca, Botafogo e Vasco precisarão evitar a tentação de gastar mais do que podem. A segunda divisão do Campeonato Brasileiro já começa a dar as caras no horizonte, causando desespero e apreensão nas torcidas.

Gelo no sangue e profissionalismo são os remédios. É possível acreditar e sonhar que General Severiano e São Januário estarão em festa daqui a dez anos. Mas o sonho fica para a arquibancada. Aos dirigentes, trabalho árduo pés no chão. O caminho é longo.

A resenha está garantida com o jornalista Pedro Chilingue, que além dos bastidores do mundo esportivo, também traz o melhor dos torneiros regionais.

A resenha está garantida com o jornalista Pedro Chilingue, que além dos bastidores do mundo esportivo, também traz o melhor dos torneios regionais.

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