Política

"Não tenho nada a temer", diz Witzel

Witzel disse que "Edmar enganou a todos". Foto: Fernando Frazão/Agencia Brasil

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC-RJ) - que foi afastado do cargo por 180 dias pelo STF nesta sexta-feira (28) - fez um pronunciamento no Palácio Laranjeiras e alegou que não tem medo da delação do ex-secretário de Saúde, Edmar Santos.

As informações fornecidas por Edmar em delação premiada - firmado no início do mês com a Procuradoria-Geral da República (PGR) - deram base à subprocuradora-geral, Lindôra Maria de Araújo, para abrir a investigação que tirou Witzel do Poder, após decisão do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

"Eu reafirmo que não tenho medo da delação do canalha do Edmar, porque ela é mentirosa, ele foi pego com a boca na botija. O processo penal brasileiro está se tornando um circo. Edmar enganou a todos, esse vagabundo entra na saúde do Rio de Janeiro quando eu avisei que não toleraria corrupção e não tolero corrupção. No meu governo, corrupto rapidamente é identificado", declarou Witzel.

Witzel ainda 'desafiou' Lindôra e informou que ela o "adjetivou como chefe da organização criminosa": "quero que ela me apresente um único telefonema, prova testemunhal ou pedaço de papel que eu tenha pedido qualquer tipo de vantagem ilícita", emendou.

O governador também questionou os motivos de seu afastamento e afirmou que não ocultou provas.

"A questão jurídica é delicada porque da última busca e apreensão até a de hoje [sexta-feira, 28], qual foi o ato que eu pratiquei para impedir as investigações? Mudei o secretário de Saúde, eu exonerei o Gabriel Neves, determinei o banimento das OSs [organizações sociais] do estado, determinei autoria em todos os contratos, implantei no estado o sistema eletrônico de informação [...]. Todas as medidas que venho tomando são contrárias a qualquer decisão de afastamento porque não há nenhum ato que possa caracterizar que eu atrapalhei as investigações", disse.

Ele acrescentou: "Afastamento de 180 dias? Por quê? Em dezembro eu tenho que escolher o novo procurador-geral de Justiça. Isso é um ultraje à democracia. Por que 180 dias, se em dezembro eu tenho que escolher o novo procurador-geral de Justiça? Busca e apreensão na casa do vice-governador? Busca e apreensão na casa do presidente da Alerj? Com base em uma delação mentirosa de um homem desesperado, de um bandido que nos enganou a todos."

Governador se diz perseguido

O governador Wilson Witzel deferiu ataques à Procuradoria-Geral da República (PGR) e supôs uso político da instituição, no qual pediu investigação.

"Eu, assim como outros governadores, estamos sendo vítimas do uso político e digo possível. Isso precisa ser investigado. O Superior Tribunal de Justiça possui vários subprocuradores. Por que não se faz, como em qualquer outro Ministério Público, a distribuição e não o direcionamento para um determinado procurador: no caso a doutora Lindora. A imprensa já noticiou o seu relacionamento próximo com a família Bolsonaro", disse Witzel.

Witzel ainda declarou que há interesses para que ele não governe o estado, atingindo o governo, o presidente da Alerj e o vice-governador.

"A PC prendeu mais de 400 milicianos. Eu estou incomodando prendendo miliciano, combatendo o tráfico de drogas?", questionou.

Witzel finalizou dizendo que irá tomar as medidas necessárias junto ao STJ através dos advogados e ao próprio ministro.

"As democracias morrem assim, aniquilando os adversários com o uso de máquina pública e cooptando as instituições. Estou falando em tese. Vamos tomar as providencias junto ao STJ e ao STF. O Rio precisa do governador que ele elegeu", alegou. E finalizou dizendo: "Espero que a nossa democracia não seja a vítima maior e acabe perecendo no caminho da autocracia".

Publicada às 11h05. Atualizada às 11h30

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