Cidades

Rodoviários ameaçam greve após alta de combustível

transeuntes, terminal, niterói, teroni, pessoas, máscaras, fiscalização, deputado, alerj
Em 6 de novembro de 2020, rodoviários decidiram adiar as negociações para abril de 2021 por conta da pandemia do coronavírus. Foto: Pedro Conforte

O aumento do preço do óleo diesel, combustível usado pelas empresas de ônibus, agravará, nos próximos meses, ainda mais a crise no setor de transportes públicos, que poderá entrar em uma situação de caos sem precedentes na história recente do estado do Rio de Janeiro.

A análise é da diretoria do Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), que, em 1º de abril, entrará em negociações salariais com representantes das companhias no Leste Fluminense, já prevendo um conflito de interesses, que poderá levar à paralisação dos serviços, por parte dos trabalhadores, em Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá.

A pauta de reivindicações da categoria, definida em uma série de assembleias em outubro de 2020, é de aumento de 4%; cesta básica de R$ 320,00; cofres em todos os pontos finais para recolhimento do dinheiro das passagens; manutenção das cláusulas da atual Convenção Coletiva; e 2% de comissão para motoristas que exercem a dupla função.

Em 6 de novembro do ano passado, os rodoviários decidiram adiar as negociações para abril de 2021 por conta da pandemia do coronavírus, que inviabilizou as operações dos ônibus, causando um rombo de até 60% no faturamento das viações.

“Agora chegamos a um ponto crucial. Os trabalhadores estão com seus salários defasados e amargando uma onda de demissões que, ano passado, nos 13 municípios de nossa base de atuação, chegou a 3.539 chefes de família que foram para o olho da rua. A projeção da inflação oficial é de 4,5% ao longo dos últimos 12 meses. Os alimentos estão encarecendo a cada dia. Agora, o sindicato representante das empresas de transportes no estado anuncia que o aumento de 6% do diesel levará as companhias a um esgotamento financeiro. Tudo isso irá pesar ainda mais nas costas dos trabalhadores e da população, pois, sem reajuste salarial, a categoria tende a cruzar os braços”, alerta o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira.

De acordo com o sindicato, na terça-feira (9), a Fetranspor divulgou nota para informar que o setor irá entrar em um “esgotamento financeiro” com o reajuste no preço do óleo diesel, segundo insumo de maior peso no custo de operação das empresas de ônibus.

A entidade também afirmou, em seu comunicado, que o aumento no valor do combustível também provocará impacto direto aos passageiros, uma vez que o item representa até 25% do total de custos no cálculo da tarifa de transporte. E lembrou que o diesel já havia sido reajustado em 4% em dezembro de 2020.

“Pelo que se entende, nas entrelinhas do comunicado da Fetranspor, qualquer negociação de reajuste salarial para os rodoviários será inviável. Porém, inviável é o trabalhador chegar a um ponto em que terá que pagar para trabalhar, pois seu salário já não irá garantir o sustento de sua família”, opina Rubens.

O setor de ônibus tem enfrentado uma sucessão de crises há anos e a pandemia agravou a situação. Para complicar ainda mais a vida dos trabalhadores, o Governo Federal não renovou o Benefício Emergencial (BEm), vetou a injeção de R$ 4 bilhões de ajuda ao transporte público no País e, agora, chancela a Petrobras no reajuste do preço do óleo diesel.

Ao mesmo tempo, prefeituras e estados devem milhões às empresas pelo repasse das gratuidades. Somente no Rio de Janeiro, em valores de março do ano passado, o Estado devia R$ 179 milhões às viações, dinheiro que ajudaria a socorrer o setor durante o período de isolamento social e retração econômica, causados pelo Covid-19.

“Parece que o poder público está ignorando deliberadamente a crise no setor de transportes. Quando entrar em colapso vai ser a correria de sempre e a busca por culpados. Mas não foi por falta de aviso. Há seis anos, alertamos que a situação iria chegar a esse ponto e ninguém nos ouviu”, assegura Rubens.

Vacinação

O presidente do Sintronac destaca que, no campo do combate à pandemia, os rodoviários têm sido ignorados, embora a categoria tenha sido inserida como prioritária no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19.

“Indo mais longe, para aumentar todos esses impropérios sofridos pelos trabalhadores, o Sintronac, através dos seus atuais representantes, tem reiteradamente pedido providências a todas as autoridades das esferas governamentais, no sentido de que os rodoviários possam usufruir de prioridade na vacinação contra o Covid-19, mas, até o presente momento, não obtivemos uma linha sequer de resposta quanto a essa reivindicação", afirmou o presidente.

Rubens Oliveira disse que trabalhadores estão renegados à própria sorte.

"Se não nos unirmos num só coro para buscar nossos direitos. Por isso que a trincheira do trabalhador é o sindicato, legitimamente representado, que jamais esmorecerá nessa nobre missão de satisfazer aos anseios de uma categoria tão aviltada por todos. A luta continua”, conclui Rubens Oliveira

< Campeonato Carioca é adiado pela Ferj Saiba como funcionará o serviço de bicicletas gratuitas em Maricá <