Sinal de alerta

Clientes se assustam com limitação de venda de arroz em Niterói

Mercado da cidade restringe número de fardos por consumidor

Papel informa o limite de fardos de arroz por pessoa no supermercado
Papel informa o limite de fardos de arroz por pessoa no supermercado |  Foto: Quintanilha Filho

Apesar do governo federal anunciar a importação para evitar aumento de preços, supermercados já começam a limitar a compra do arroz pelos consumidores. Caso do Dom Atacadista, no Centro de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, que está condicionando a compra de três fardos de 5kg (cinco pacotes em cada fardo) por cliente através de cartazes colocados próximo ao produto. Os clientes ficaram surpresos. 

Em relação aos preços, no entanto, nos mercados pesquisados pelo ENFOCO, no início da tarde desta quarta-feira (8), não foi verificado aumento do produto. Os pacotes de 5kg variam nos mercados de Niterói, entre R$ 22,99 a R$ 39,90, dependendo das marcas. 

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Segundo um funcionário do supermercado, que não quis se identificar, a medida de restrição visa garantir a disponibilidade do produto, para que seja distribuído igualmente para o maior número de consumidores.

Com o temporal que atingiu e alagou diversas regiões do sul do país, além de afetar o plantio do arroz, também complicou a logística, o transporte do produto, afetando diretamente no abastecimento aos supermercados.  O Rio Grande do Sul é reponsável por 70% da produção de todo o arroz consumido no país. 

Para a aposentada Rose Maria de Lourdes, de 79 anos, limitar a quantidade de arroz por pessoa não é a melhor solução. Ainda segundo ela, assim que se deparou com o papel informando a restrição, ficou assustada.

Quando vi o papel fiquei assustada, sem entender direito o porquê. Eu não compro muita quantidade porque moro sozinha, mas já estou garantindo o meu para não correr risco de ficar sem. Rosa Maria de Lourdes, aposentada

Para evitar uma possível escalada no preço arroz, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai comprar o produto já industrializado e empacotado no mercado internacional. A informação foi dada nesta terça-feira (7) pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

"O problema é que teremos perdas do que ainda está na lavoura, e algumas coisas que já estão nos armazéns, nos silos, que estão alagados. Além disso, a grande dificuldade é a infraestrutura logística de tirar do Rio Grande do Sul, neste momento, e levar para os centros consumidores", explicou o ministro.

Procurada, o supermercado Dom Atacadista não respondeu o nosso contato para explicar a medida tomada até o momento da publicação desta reportagem.

Impacto nos preços 

Para o economista da Universidade de São Paulo (USP), Roberto Troster, os preços variam também em função da oferta e da demanda. Ele salientou também que o impacto nos preços vai depender da velocidade em que o arroz for importado.

"A tragédia no Rio Grande do Sul fez diminuir a oferta de arroz pro mercado brasileiro inteiro. O impacto que isso vai ter vai depender de quanto arroz for importado, a que velocidade ele vai ser importado. Se demorar muito pra chegar o arroz e começar a faltar, os preços vão subir. A tendência é ter um aumento do preço do arroz por agora, e depois que o arroz importado começar a chegar, os preços devem voltar a cair", explicou. 

Sem previsão de desabastecimento

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul terão impacto na produção agrícola do Estado, mas ainda é cedo para afirmar ou fazer qualquer previsão de quantitativo e de suas influências em relação ao abastecimento e aos preços.

A MP depende da aprovação, pelo Congresso Nacional, de um decreto legislativo que reconhece a calamidade pública no Rio Grande do Sul e, com isso, suspende os limites fiscais impostos pela legislação para a ampliação do orçamento. O decreto, já foi aprovado na Câmara dos Deputados, deve ser votado ainda nesta terça pelo Senado.

Na primeira etapa, o leilão de compra da Conab, uma empresa pública federal, será para 200 mil toneladas de arroz, que devem ser importados dos países vizinhos do Mercosul, como Argentina, Uruguai e Paraguai, e eventualmente da Bolívia. "Se a gente for rápido na importação, a gente mantém [o preço] estável", garantiu. O restante, até totalizar 1 milhão de toneladas, será importando conforme a avaliação de mercado. Essa cota ainda poderá ser elevada, se for necessário, assegurou o ministro.

Fávaro explicou que a Conab só deverá revender o produto no mercado interno diretamente para pequenos mercados, nas periferias das cidades, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, para não afetar a relação dos produtores de arroz brasileiros com os atacadistas, que são seus principais clientes.

Mais cedo, em entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia antecipado a informação de que o país poderia ter que importar arroz e feijão. No entanto, segundo o ministro Fávaro, apenas a importação de arroz será necessária.

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