Olhar local

Jovens produzem documentário sobre comunidade onde vivem em Niterói

Moradores da Viradouro recebem benefício de R$ 750 da Prefeitura

Os jovens produzem o documentário ouvindo quem vive o dia a dia da comunidade
Os jovens produzem o documentário ouvindo quem vive o dia a dia da comunidade |  Foto: Divulgação/Prefeitura de Niterói

Cinquenta jovens do Complexo do Viradouro, na Zona Sul de Niterói, estão experimentando um pouco do que é ser um cineasta e estar por trás das câmeras para a produção de um documentário. Eles mesmos estão produzindo a história do local onde nasceram e estão sendo criados, com o olhar de quem vive o dia a dia da localidade.

Com o título provisório de "Viradouro: Transformação e Esperança", essa garotada integra o Projeto Território da Juventude, que faz parte do Pacto Niterói Contra a Violência, um programa de segurança e prevenção à violência da Prefeitura de Niterói criado há seis anos, com o objetivo de estimular o fortalecimento da cultura da paz na cidade.

A Prefeitura está investindo R$ 304 milhões em 18 projetos do Pacto Niterói Contra a Violência nos eixos de prevenção, policiamento e justiça, convivência e engajamento dos cidadãos, e ação territorial integrada.

Desde o lançamento do Pacto em 2018, cerca de 54 mil jovens já foram ou estão sendo atendidos através de projetos na área da prevenção como: Niterói Jovem EcoSocial, Aprendiz Musical, Poupança Escola, e Espaço Nova Geração.

O Pacto foi criado para tratar a questão da criminalidade não olhando apenas para a consequência, mas também para a sua origem, além de oferecer oportunidades de emprego. São inúmeras as oportunidades oferecidas, e talvez esteja num projeto destes o futuro profissional e de cidadania para a família desses jovens. Axel Grael, prefeito de Niterói

O projeto Território da Juventude é uma iniciativa que está inserida no eixo Prevenção, voltado para a proteção social de jovens em situação de vulnerabilidade, e é gerido pela Secretaria de Assistência Social e Economia Solidária e administrado pelo Instituto de Projetos Socioambientais (Iprosa). Foi lançado oficialmente em agosto do ano passado após um período de análise sobre a melhor forma de atuar na comunidade.

Participantes têm entre 15 e 29 anos 

Para isso, a Prefeitura traçou o perfil dos jovens dos 150 que se candidataram, fazendo o mapeamento social para, através deste diagnóstico, trabalhar as metas do programa. Destes, um total de 120 eram negros e negras, 110 com ensino regular incompleto. No que se refere à família, 16 deles não tinham renda fixa, 78 famílias ganhavam até um salário mínimo, e 70 famílias estão inscritas no Programa Bolsa Família.

Participam do projeto jovens entre 15 e 29 anos. Os jovens selecionados recebem um benefício socioassistencial no valor de R$ 750 (por até 10 meses), disponibilizado através da Moeda Social Arariboia.

Os jovens participam de vivências culturais e inovações no Complexo do Viradouro por meio de linguagens artísticas e/ou culturais, que foram oferecidas através de oficinas de Teatro, Cinema, Arte e História, com especialistas e orientadores.

As oficinas foram elaboradas para colaborar para que o jovem fortaleça seus conhecimentos socioculturais e tecnológicos, potencializando deste modo os recursos de fotografia e filmagem com celular, que poderão posteriormente se tornar uma oportunidade de emprego. : Daí surgiu a ideia do documentário, que está em fase de produção.

Com 17 anos, Tayany Yully, aluna do Território da Juventude, não esconde a animação em participar da produção do documentário sobre a comunidade onde mora.

É maravilhoso poder participar de um projeto desse dentro da nossa comunidade. São histórias e aprendizados que vou guardar pra vida . Além de aprender, ainda recebo a bolsa e posso ajudar em casa. Assim como está mudando a minha vida, e vai mudar muito mais, eu sei que vai ajudar muitos outros colegas. Tayany Yully, Aluna, 17 anos

Mergulho nas origens da comunidade 

"Viradouro: Transformação e Esperança" mergulha na comunidade desde suas origens modestas como um assentamento precário até sua metamorfose através de esforços de pacificação e modernização. São entrevistas profundas com moradores, ativistas sociais e autoridades locais, tendo como pano de fundo imagens históricas e atuais da comunidade, revelando as complexidades e conquistas pelas quais a comunidade passou ao longo do tempo.

O filme alterna entre imagens históricas e contemporâneas e destaca os desafios e triunfos enfrentados pela comunidade, oferecendo um olhar íntimo sobre as mudanças e transformações que moldaram a Viradouro, da intervenção da Prefeitura de Niterói à resiliência dos moradores. O filme retrata a busca por um futuro mais seguro e próspero e o que os moradores buscam para uma cidade mais forte e unida.

"O projeto tem um enorme potencial e era o que faltava para a juventude periférica da cidade de Niterói. É preciso cuidar na base enquanto ainda é um problema de educação, para que não se torne um problema de segurança para a juventude. Este documentário será uma mostra da potencialidade que a juventude encontrará e principalmente uma resposta ao entendimento unilateral sobre o que é a Viradouro. A proposta deste documentário é demonstrar através de uma pluralidade de olhares, nuances e vozes do bairro", explica Luan Marques, coordenador do Projeto Território da Juventude.

Outros projetos do Território da Juventude no Eixo Prevenção incluem o Niterói Jovem EcoSocial, Banco de Oportunidades, Poupança Escola e Espaço Nova Geração, que junto a outros treze projetos, integram a política pública de prevenção e segurança, inclusão social, cidadania e promoção da cultura da Paz.Os projetos abrangem desde atividades educacionais, esportivas, culturais, de contra turno escolar, informática, robótica e formação profissional, para o acesso ao mundo do trabalho e à cidadania.

"O projeto Território da Juventude cria novas perspectivas e possibilidades concretas de cidadania para os jovens e para a comunidade. É fundamental para os objetivos de prevenção, de segurança, de promoção de cidadania e de Cultura da Paz em nossa sociedade. Neste caso do Viradouro, desenvolve suas atividades de inserção das juventudes, com o seu protagonismo, de valorização de suas potencialidades, de valorização também da sustentabilidade social e ambiental do território, com registro de dados sociais das famílias e das memórias da comunidade, culminando com a produção de documentário sobre a Comunidade da Viradouro", explica Graça Raphael, coordenadora geral executiva do Pacto Niterói Contra a Violência.

Viradouro – Nas obras da Viradouro, a Prefeitura investiu R$ 35 milhões para revitalizar mais de 40 ruas, becos, travessas e canais. Foram feitas melhorias como pavimentação, requalificação e nivelamento de pisos, calçadas, rampas e escadas. Também foram instalados guias, iluminação e paisagismo, contribuindo para a melhoria dos acessos às residências. Também foram realizadas oito obras de contenção de encostas, com ações de drenagem, construção de muros de contenção e aplicação de solo grampeado.

Além da reforma, o projeto também incluiu a construção de novas praças e espaços de convivência. O Campo dos Padres, um dos pontos de lazer mais frequentados da região, passou por uma revitalização completa, com a instalação de um gramado sintético e a criação de um pequeno painel de grafite, que serve como uma homenagem à história da comunidade local. Próximo ao campo, foi construída uma nova quadra poliesportiva, equipada com vestiários, academia para a terceira idade e playground para crianças.

Além dos investimentos em infraestrutura, houve investimento nas pessoas através da Plataforma Digital, que vai oferecer cursos para jovens, adultos e idosos; e através dos projetos do Pacto Niterói contra a Violência.

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