Prejuízo

Secura do Canal de Itaipu prejudica pescadores de Niterói

Rendas caíram para menos de R$ 500 por mês

Assoreamentos frequentes causam dor de cabeça aos pescadores artesanais
Assoreamentos frequentes causam dor de cabeça aos pescadores artesanais |  Foto: Quintanilha Filho

O forte calor que atinge a cidade de Niterói, nesta segunda-feira (22), véspera do feriado do dia de São Jorge, fez com que centenas de banhistas buscassem o refresco do Canal de Itaipu, na Região Oceânica, nesta manhã. No entanto, apesar de estar cheio, os assoreamentos frequentes ainda causam dor de cabeça aos pescadores artesanais da região.

Isto porque o canal que divide a Praia de Itaipu e a Praia de Camboinhas vem sofrendo com a obstrução com bancos de areia, dificultando a passagem de água no local, além de diminuir a quantidade de peixes.

A secura do canal revolta àqueles que vivem da pesca. Este é caso de Marcos Lopes, de 48 anos e morador de Itaipu.

“Pesco desde os meus 10 anos de idade. A verdade é que a gente sabe que a prefeitura está de olho aqui querendo acabar com o canal de Itaipu para construir prédios. É triste e lamentável para nós que dependemos da pesca para sobreviver. Eles trouxeram uns tratores para ‘ajudar na remoção de areia’, mas atrapalha cada vez mais”, desabafou o pescador.

A pesca, para muitos, é a única fonte de renda. A média dos pescadores da região é de R$ 1 mil a R$ 1,2 mil. Com o problema do assoreamento, a renda cai até pela metade, segundo Marcos.

Para nós que vivemos da pesca, é muito complicado. É nossa única fonte de renda. Tem mês agora que não ganho nem R$ 500. Estão querendo acabar com nosso trabalho. Marcos Lopes, pescador

A mesma situação acontece com o pescador Valcir Gonçalves da Silva, de 58 anos. Ele confirmou o problema e disse que o Canal de Itaipu está sendo assoreado há alguns meses.

“Está cada dia mais difícil pescar aqui no canal. A gente acaba tendo que buscar outra alternativa ou ir para outro lugar para pescar. Mas aí é mais gasto, e as vezes não dá. Graças a Deus, tenho um quiosque aqui que ajuda na minha renda, mas tenho vários amigos que se encontram em situação complicada com a redução da pesca. A quantidade de peixe diminuiu muito”, relatou Valcir.

Além de peixes, pescadores contam que, com frequência, capturaram também siris e até mexilhões. Mas, com a obstrução da água no canal, hoje em dia já não é mais possível.

“Tinha de tudo aqui no canal. Uma época pescava até siri e mexilhão. Agora com esse assoreamento quase não tem mais nada. Como a água fica presa, atrapalha o fluxo, ela fica quente, muitos peixes e siris ficam presos e acabam morrendo”, lamentou Valcir.

O que diz a Prefeitura de Niterói

Apesar do assoreamento ser constante, a prefeitura de Niterói explicou, em nota, que realiza ações constantes na desobstrução do Canal de Itaipu.

“A iniciativa tem como objetivo recuperar o sistema lagunar da região. O projeto pretende fazer a remoção do volume de areia depositado no canal de ligação entre a lagoa e o mar, bem como a recuperação estrutural dos guias-correntes. Os moles serão refeitos e o canal será desassoreado a uma profundidade de dois metros. O assoreamento é natural e causado pela dinâmica costeira da região, porém é importante essa ligação das águas do mar para manutenção da vida na lagoa. Com essas medidas, o fluxo de água será redirecionado de forma que evite o acúmulo de sedimentos na lagoa”, diz o comunicado.

Ainda segundo a prefeitura, as ações também têm como objetivo acabar com a mortandade de peixes. Todo o projeto promete intervenções de recuperação no mês que vem, terá investimento de R$ 44 milhões.

“A partir da legalização do projeto junto ao consórcio vencedor, que está prestes a acontecer, a expectativa é que a ordem de início das obras seja oficializada na primeira quinzena de maio. Uma vez iniciadas, estima-se que a reforma dure cerca de 15 meses. O investimento total será de R$ 44 milhões”, afirmou a prefeitura.

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