Cinema
Um 11 de Setembro Brasileiro: a tragédia evitada por um herói
Sequestro de avião com 110 passageiros em 1988 vai virar filme
O sequestro de um avião da Vasp chocou o país há 35 anos. A aeronave, que levava 110 pessoas entre passageiros e tripulantes, acabou sequestrada no ar em setembro de 1988. O motivo: um homem desempregado e descontente com o momento em que o país atravessava no final da década de 80 tinha a intenção de jogar o avião contra o Palácio do Planalto. Sim, o Brasil por pouco não teve uma tragédia-símbolo para chamar de sua, assim como o 11 de setembro, que marcou pra sempre os cidadãos norte-americanos em 2001.
A história, recheada de drama, ação, superação e tragédia, vai virar filme com estreia prevista para dezembro com direção de Marcus Baldini (O Rei da TV - a história de Silvio Santos).
Coisa de cinema
Graças ao sistema falho dos aeroportos brasileiros à época, Raimundo Nonato, um maranhense de 28 anos, que perdera o emprego em uma empreiteira, conseguiu ficar a bordo com um revólver e achou que a solução fosse convencer um piloto experiente a realizar tal façanha.
O avião fazia a rota Porto Velho/Rio com quatro escalas: Cuiabá, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. Na cidade mineira, Nonato entrou com seu plano mirabolante na cabeça. A poucos minutos de pousar no Rio, ele ordenou ao piloto que retornasse a Brasília. Não havia combustível suficiente para o trajeto de volta e o que se desenrola a partir dali pôde ser acompanhado por horas a fio pela TV por toda a população brasileira e mundial.
Herói
O piloto, em uma atitude que fugia dos padrões da aviação tradicional, decidiu, sozinho, girar a aeronave sobre o próprio eixo e fazer manobras conhecidas como parafuso, na tentativa de derrubar o sequestrador, que já havia matado seu co-piloto com um tiro na cabeça e o ameaçava dentro da cabine. Um erro e poderia haver a desintegração total do avião, e passageiros e tripulantes voariam sem nem perceber.
Com uma história digna de um roteiro de filme, a proeza, frieza e calma do piloto Murilo de Lima e Silva, falecido em 2020, também pode ser comparada com outro caso que ficou conhecido como o ‘milagre do rio Hudson’. Em 2009, um Airbus A330 ganharia os céus de Nova York rumo à Carolina do Norte. Não houve tempo para chegar ao destino: a aeronave acabou se chocando contra um bando de gansos e perdeu as duas turbinas. O piloto, o experiente Chesley Sullenberger, pousou o avião sobre o gelado rio Hudson, salvando a vida de todos a bordo. O caso, claro, também virou filme, com o premiadíssimo ator Tom Hanks na pele do comandante. “Sully - o herói do rio Hudson" foi lançado em 2016 e dirigido por Clint Eastwood.
Caixa Preta
Voltando à nossa quase tragédia, ela foi contada em minúcias no excelente livro ‘Caixa Preta’ do jornalista e apaixonado por avião, Ivan Sant´anna. Ele também é autor de ‘Perda Total’, sobre o caos aéreo que se instalou no país entre 2006 e 2008, culminando em acidentes históricos que marcaram a aviação brasileira.
No geral, casos de acidentes envolvendo aviões são trágicos e chocam por sua magnitude, principalmente pelo alto número de pessoas mortas ou raros e curiosos casos de sobreviventes. O acidente com o avião do time da Chapecoense em 2016 também é um desses. Virou documentário, chocou o país e houve sobreviventes, que contaram por infindáveis dias seus relatos de como saíram vivos.
É esperar para ver a produção de ‘O sequestro do voo 375’ nas salas de cinema, desse marco da aviação comercial no Brasil que por pouco não terminou no nosso 11 de setembro.
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