
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a incidência global de obesidade aumentou consideravelmente desde 1980. Em 2014, mais de 1,9 bilhão (39%) de adultos apresentavam excesso de peso, dos quais 600 milhões (13%) eram considerados obesos. A situação é ainda mais alarmante considerando que 41 milhões de crianças com menos de cinco anos estão acima do peso ou obesas.
A condição de obesidade implica um transtorno prejudicial à saúde, que aumenta o risco de várias doenças. Complicações como hiperlipidemia, problemas ortopédicos, distúrbios cardiovasculares, problemas respiratórios, resistência à insulina e diabetes mellitus (DM) estão associadas à obesidade.
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Durante períodos de isolamento social, muitas pessoas interromperam suas rotinas de atividades físicas ou reduziram sua atividade diária. O estresse resultante de incertezas causou parte da população a negligenciar a alimentação, seja por ansiedade ou buscando conforto em alimentos ricos em carboidratos. Curiosamente, até mesmo os animais de estimação foram afetados.
Números alarmantes

Atualmente, mais da metade da população global de cães e gatos está sofrendo com excesso de peso ou obesidade, tornando-se uma das questões clínicas mais significativas. Desde o início de mudanças no estilo de vida, como o aumento do trabalho remoto (home-office), a interrupção das atividades escolares e restrições a atividades ao ar livre, houve uma mudança notável no ambiente doméstico dos lares.
Isso resultou em animais mais sedentários e confinados, passando a maior parte do dia em companhia da família, o que antes não era comum. Como resultado, a obesidade e o excesso de peso estão se tornando problemas naturais, se os proprietários e cuidadores não estiverem atentos.
Uma pesquisa recente que investigou a percepção de mais de 200 proprietários sobre a condição física de seus animais revelou que eles subestimavam em 20% a 30% o excesso de peso de seus cães.
De maneira geral, a obesidade dificulta a avaliação clínica dos animais, tornando os exames físicos mais desafiadores, especialmente em relação à auscultação torácica, palpação abdominal e exames complementares, como a ultrassonografia.
O manejo alimentar inadequado contribui significativamente para a obesidade. É comum a ração estar sempre disponível, e durante as refeições, muitas vezes os animais recebem comida caseira, resultando em um consumo excessivo de calorias. É importante notar que as endocrinopatias representam no máximo 5% dos casos de obesidade canina. Além disso, alguns proprietários têm o hábito de agradar seus animais com porções extras de comida, petiscos ou até mesmo sua própria refeição, acreditando erroneamente que um "animal saudável" é um pouco acima do peso. Esses hábitos, combinados com a falta de exercícios, podem ter consequências graves para a saúde dos animais.
É melhor se adaptar do que depender exclusivamente de medicamentos" Diogo Alves, médico-veterinário
Uma sugestão é explorar novas formas de interação com brinquedos para ambientes internos, que estimulem a mente e o corpo do animal. Além disso, o uso de comedouros interativos pode desafiar o animal a trabalhar para obter sua refeição, ao mesmo tempo em que reduz a velocidade de consumo.
DIOGO ALVES - MEDICINA VETERINÁRIA
Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (CRMV-RJ), Diogo Alves é médico-veterinário pela Universidade Federal Fluminense (UFF), eleito médico-veterinário do ano de 2016 no Brasil e Imortal da Medicina Veterinária pelo Estado do Rio de Janeiro, ocupando a cadeira 29.