7 de setembro

A Independência do Brasil

Viva a Nação Brasileira

Grito do Ipiranga registrado pelo pintor Pedro Américo décadas depois de 1820
Grito do Ipiranga registrado pelo pintor Pedro Américo décadas depois de 1820 |  Foto: Independência do Brasil
 

Estamos na semana da Pátria. O Brasil comemora, no próximo dia 7 de setembro, o bicentenário de seu grito de independência, propalado por Dom Pedro I, às margens do Rio Ipiranga, após uma extenuante viagem a mula e a cavalo. De improviso, sentindo-se mal e exausto da viagem, o então príncipe regente  declarou a independência do nosso país, sendo coroado Imperador em dezembro do mesmo ano. Era isso, ou sucumbir aos desmandos que vinham de além mar.

Eram tempos muito tensos. Dom Pedro havia partido para as terras paulistanas, percorrendo mil e trezentos quilômetros em onze dias, afim de apaziguar os ânimos das elites paulistanas, que não mais desejavam receber ordens da capital, o Rio de Janeiro. O príncipe precisava de apoio, e também almejava conter motins e rebeliões que pipocavam aqui e ali, fomentados pelos fazendeiros paulistas.

Sua mente fervilhava. Afinal, seu retorno a Portugal era iminente, posto que seus poderes de regente haviam expirado. Portugal pressionava de lá, Leopoldina e José Bonifácio argumentavam de cá, dizendo que seu lugar era aqui e que precisava tornar o Brasil independente, unindo as diversas províncias em torno de um só governante.

O risco de a colônia fragmentar-se em diversas republiquetas, como acontecera com a América Espanhola, era muito grande. Dom Pedro precisava mostrar sua força, para unir todos os pontos deste país de dimensões continentais, em torno de seu nome.

E essa era sua missão, ao pisar em solo paulistano. A província de São Paulo prosperava a olhos vistos, com a agricultura cafeeira indo de vento em popa. O dinheiro estava ali. José Bonifácio aconselhara Dom Pedro a adotar uma monarquia constitucional, com unidade política e territorial. A intenção do príncipe era debelar os conflitos da região e firmar-se como autoridade.

Em 14 de agosto, com algumas paradas estratégicas previstas, ao longo do percurso, para descansar, o príncipe saiu da Quinta da Boa Vista, com sua comitiva, rumo a São Paulo. Chegou à capital da província em 25 de agosto, lá permanecendo até o dia 7 de setembro.

Dona Leopoldina assumia a regência do Brasil, nas viagens de Dom Pedro. Em cartas trocadas entre a princesa, sua irmã e seu pai, a mesma falava, abertamente, da necessidade de independência, dizendo que o povo estava pronto, e que não merecíamos ser subjugados pela Europa, justamente por termos, aqui, uma nação tão próspera e com tantos recursos naturais, a qual era capaz de manter-se, sem ser a sombra de Portugal.

Durante este período em que o príncipe estava fora, vários conflitos eclodiram , e a princesa e José Bonifácio pontuavam, a todo momento, para este, sobre a necessidade e a urgência do brado de independência, antes que fosse tarde demais para pacificar o Brasil. Negociavam acordos e apontavam para o risco de o país tornar-se um conjunto de repúblicas separatistas.

Leopoldina, ao contrário do que muitos relatos históricos nos trazem, teve um papel crucial na trajetória política do Brasil, pois tinha uma leitura política muito aguçada, do cenário mundial, por ter sido nascida e criada na realeza austríaca, sendo preparada para governar. Era muito culta, sagaz, habilidosa em relações diplomáticas e excelente analista de situações. Não fosse por esta, talvez o rumo do país tivesse sido completamente diverso.

A Revolução Liberal do Porto levara a um rompimento, entre Brasil e  Portugal, posto que as elites portuguesas reivindicavam que o Brasil acatasse as ordens da Coroa, tendo Dom Pedro rebelado-se em duas ocasiões.

A primeira delas, conhecida como dia do “Fico”, em janeiro de 1822, ocorreu quando recusou-se a partir para Portugal, conforme determinado por Dom João VI, após a leitura de um abaixo assinado com mais de oitocentas assinaturas, no qual era pedida a sua permanência em terras brasileiras.

A segunda ocasião deu-se no dia do “Cumpra-se”, ao determinar o príncipe regente que ordens portuguesas somente seriam cumpridas, em terras brasileiras, com seu conhecimento e aval. Tais medidas deixavam as relações com a Coroa Portuguesa insustentáveis, e era premente a necessidade da tomada de uma decisão, a fim de garantir a autonomia do território nacional.

No dia 7 de setembro, em viagem de retorno de São Paulo para o Rio de Janeiro, Dom Pedro deparou-se com três cartas: uma de sua esposa,  alertando-o sobre a necessidade de proclamar a independência do Brasil, em relação a Portugal. Outra, de seu Ministro, José Bonifácio, insistindo que esta era a melhor alternativa. A terceira e decisiva, de seu pai, o Rei Dom João VI, dizendo-lhe que retornasse imediatamente a Portugal.

Dentro deste contexto, coube ao príncipe proferir as célebres palavras, “Independência ou Morte”, as quais jazem, para sempre, em nosso imaginário histórico. Dom Pedro foi nosso pai fundador, junto com José Bonifácio. A eles, uniu-se esta grande mulher, exemplo de força e coragem, Dona Leopoldina.

Temos um país de dimensões continentais, solo fértil, incontáveis riquezas, que permaneceu unificado, apesar de todas as investidas para que o contrário se desse. Passamos por uma monarquia, tornamo-nos república, e desde 1988, temos o voto direto para eleição de nosso representantes políticos.

Diante de tamanho legado, e de tudo que nossa História representa, muito embora tenha sido, ao longo dos últimos 50 anos, vilipendiada e distorcida, é nosso dever cívico comemorarmos a nossa Independência como nação.

Muitas pessoas, em outras democracias, celebram incansavelmente a data de independência de seus países. O 4 de julho, nos Estados Unidos, é uma das mais importantes datas de sua cultura. A bandeira nacional é símbolo de orgulho e patriotismo, o povo nas ruas é a demonstração de amor à Pátria.

Por aqui, às vésperas do Bicentenário de nossa Independência, temos testemunhado decisões absolutistas de proibição de participação de policiais, em folga, nos atos cívicos pelo dia 7 de setembro, e até mesmo uma proibição de exibição da bandeira nacional, símbolo máximo do nosso país.

Tais determinações ferem a nossa democracia e maculam a liberdade de expressão, consagradas em nossa Constituição Federal. Celebrar a pátria é o direito de todos, ao reconhecimento do que alguns bravos homens e mulheres fizeram, para defender o nosso País. Se hoje somos o que somos, é porque alguém nos trouxe até aqui.

É preciso comemorar a nossa Independência. É necessário questionar atos abusivos. É imperioso defender as liberdades tão arduamente conquistadas. E viva a Nação Brasileira!

OS:  A independência do Brasil foi um processo que se estendeu de 1821 a 1825. O progresso não dá saltos.

Texto extraído do site Tribuna Diária

Erika Figueiredo - Filosofia de Vida

Erika Figueiredo - Filosofia de Vida

A niteroiense Erika Rocha Figueiredo é escritora, professora e promotora de justiça

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