Reflexão
O poder do dinheiro
Quando o valor não precisa estar associado a ostentação
Tenho pensado muito a respeito da simbologia toda que o dinheiro carrega. Este tem o poder de transformar vidas – para melhor e para pior. Traz poder e interesses diversos consigo. Compra coisas e pessoas. Viabiliza sonhos. Destrói personalidades. Ter dinheiro sempre é associado a ser feliz, ter prosperidade e poder viver como se quer. Será?
Há algum tempo, li que é próspero quem pode fazer mais escolhas. Quem tem uma vida com mobilidade. Quem não se apega tanto ao dinheiro em si, mas à boa vida que este pode gerar. Quando falo em uma vida boa, não estou querendo dizer uma vida repleta de prazeres e excessos, na qual tudo é permitido e o céu é o limite para os desejos dos homens.
Leia+ Como lidar com as circustâncias?
Leia+ Amizade: o amadurecimento e a reavaliação necessária
Ter uma boa vida, sem escassez financeira, é ter uma vida próspera, na medida em que você não se deixe escravizar pela grana. Utilizar o dinheiro sendo bom, ajudando e dando conforto às pessoas com as quais você se importa, viabilizando sonhos seus e de terceiros, que seriam inacessíveis sem dinheiro, mas que hoje são possíveis, para você.
Ostentação
Ter conforto sem ostentação. Fazer escolhas inteligentes, pelas quais o seu dinheiro possa pagar. Não precisar alimentar relações sociais com pessoas que não te acrescentam nada - mas das quais você precisaria, para ganhar mais dinheiro. Tudo isso é fazer um bom uso do dinheiro que você tem.
Quando a gente entende que dinheiro em excesso pode nos fazer mais mal do que bem, tornando-nos fúteis, superficiais, desconectados da realidade, deslumbrados e - por que não dizer - deprimidos, este passa a ser colocado em seu devido lugar : você é quem manda aqui, e não o contrário"
O grande problema é que, hoje, o dinheiro foi alçado à característica de valor essencial, critério de aferição de sucesso e de virtude, assim como o corpo e a aparência física também. Valores rasos fazem com que busquemos quem pensa parecido com a gente.
Em razão disso, na atualidade, as relações são efêmeras, o amor é raro e a frustração impera: quando só se mira nos critérios exteriores, fica difícil cultivar sentimentos. Só sobram a atração física e o exibicionismo, a autopromoção e a competição.
O dinheiro
Por ser um dos ativos mais importantes da modernidade, o dinheiro faz com que algumas pessoas se percam, se corrompam, se desvirtuem, se submetam, se vendam. Afinal, se é tão importante tê-lo, exibi-lo, ostentá-lo, como não persegui-lo?
A questão , porém, torna-se complexa, porque uma vez atingido o tão sonhado patamar financeiro, com status, dinheiro, poder e a devida ostentação, o endinheirado percebe que permanece infeliz, muitas das vezes solitário – pois só atrai pessoas que se interessam pelo que ele pode proporcionar – e vazio.
Porque as relações que nos preenchem são as que se baseiam em valores e virtudes. Estas tocam a nossa alma, fazem-nos sentir-nos especiais. As conquistas financeiras só fazem sentido, quando estas são utilizadas como instrumento, para proporcionarmos bem estar a quem amamos. O dinheiro pelo dinheiro não vale nada.
O valor
Se você se esforçou, ganhou muito dinheiro e vive confortavelmente, experimente fazer algo efetivamente bom e importante, para alguém de quem você gosta verdadeiramente. Proporcione a esse alguém a realização de um grande sonho. Ajude-o em um projeto. Invista em uma ideia alheia, na qual você acredite. Faça algo pelo outro. Desprenda-se de parte do que você ganhou. E veja a mágica acontecer...
Só vivemos uma vida com sentido, quando impactamos positivamente vidas alheias. Quando a vida de alguém houver se tornado melhor, diferente do que teria sido, por causa de você, da sua presença, da sua palavra amiga, de uma atitude ou conselho seu, então a sua vida terá tido propósito e valor.
Viver é doar-se. E só somos capazes de compreender isso, quando colocamos os bens materiais e supérfluos em seus devidos lugares, dando-lhes apenas o exato valor que possuem, nem mais, nem menos. Deus criou-nos à sua imagem e semelhança. Por que, então, aceitamos nivelar-nos tão por baixo, por critérios financeiros e estéticos, e não por nossos valores, nossa personalidade, nosso caráter e nossas virtudes?
Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!