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    Páscoa

    Por que a cruz?

    A reflexão de Erika Figueiredo sobre a importância da fé

    Publicado 14/04/2023 às 17:06 | Autor: Enfoco
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    Ao fitarmos o Cristo, pregado na cruz, entendemos um pouco mais sobre amor e renúncia
    Ao fitarmos o Cristo, pregado na cruz, entendemos um pouco mais sobre amor e renúncia |  Foto: Divulgação

    No último feriado, rememoramos a morte e a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, ocorridas em Jerusalém. Um homem simples, nascido em uma família humilde, com uma mãe escolhida por Deus, dentre tantas mulheres simples e virtuosas, para dar-lhe a vida. Um homem santo, que entregou essa mesma vida, para livrar a Humanidade de seus pecados.

    Estou no exterior, em férias, e ao longo das últimas duas semanas, visitei inúmeras igrejas, assisti a várias missas, incluindo a do domingo de Ramos, dia em que se celebra a entrada de Cristo em Jerusalém, montado em um burrico, sendo recebido pela população, que o saudou com ramos de palmeiras e de oliveiras.

    Nos últimos anos, reconectei-me fortemente com a minha fé católica. Nessa viagem, encontrei lindas catedrais, mosteiros e conventos, emocionei-me por diversas vezes, agradeci a Deus pelo tanto que, imerecidamente, recebi e recebo diariamente.

    Estive na Catedral da Sé, em Braga, na última sexta feira. Via de regra, não há eucaristia na Sexta Feira Santa, ou no sábado de aleluia de manhã. Entretanto, a tradição bracarense é a de suspender a comunhão na tarde da quinta feira, para então, promover uma missa diferente, em sua lindíssima e imponente catedral, datada do século XI, nesse dia. Sabendo disso, programei a minha visita à cidade, para estar presente nessa missa tão especial.

    Trata-se de uma missa em três atos. No primeiro deles, narra-se a paixão de Cristo e oferta-se a comunhão. O segundo, é de adoração à cruz. O terceiro, é uma procissão, na qual se carrega o sepulcro de Jesus, e incenso, mirra, estandartes e cruzes são portados pelos que abrem e acompanham o cortejo.

    Na parte da celebração dedicada à adoração da cruz, e o arcebispo passou a explicar a todos o porquê disso. A cruz simboliza o sacrifício, o sofrimento, as chagas abertas, a injustiça e as humilhações. Santo Agostinho disse que o momento de maior angústia e solidão do Cristo foi o de sua crucificação.

    Nada pode ter sido mais doloroso para o filho de Deus, que chegou, inclusive, a perguntar ao Pai por que o havia abandonado. A cruz faz com que lembremos que esse homem absolveu-nos a todos, tomando para si as dores, as aflições, as feridas, o martírio de seu calvário, por amor a nós. Ao pensarmos na crucificação, fazemos um exame íntimo, acerca de nosso egoísmo, da nossa ingratidão, da nossa pouca fé, da nossa arrogância.

    Nas últimas semanas, li muitos relatos de pessoas recém convertidas, e de seu encontro com a fé e com Jesus. Estou buscando vivenciar uma Páscoa diferente. Um desses depoimentos tocou-me profundamente: o do ator Juliano Cazarré, hoje um católico, que dá um belo exemplo, com toda a sua família, de como se vive, no dia a dia, a fé.

    Em seu relato, Juliano contou que era ateu, e que em determinado dia, no qual tudo em sua trajetória – casamento, trabalho, paternidade - estava em crise, foi à casa de um amigo evangélico, e rezaram juntos durante a noite inteira. Enquanto rezava, disse ele que sentiu Jesus segurando o seu coração, com as mãos, e a partir deste momento, converteu-se ao catolicismo, dando um novo rumo à sua vida, e às de seus familiares.

    Relfexão sobre Cristo

    Ao longo da missa da Sexta Feira da Paixão, refleti sobre muitos acontecimentos de minha própria vida, as minhas escolhas e como, em tantas ocasiões, não percebi o que Deus queria de mim. Ele falava, e eu não ouvia, ele mostrava, mas eu não via... Quantas vezes Ele e seu filho devem ter tomado o meu coração, também, nas mãos, consolando-me e amparando-me, para que eu não estivesse só, e eu sequer notei...

    Ao fitarmos o Cristo, pregado na cruz, entendemos um pouco mais sobre amor e renúncia, e percebemos a nossa prepotência, ao pensarmos que sabemos o que é o melhor para nós. Porque, quando conseguirmos, de verdade, repousar nos braços de Jesus, fazendo a nossa parte e deixando o resto com Ele, então, sim, seremos cristãos.

    Que sejamos gratos por tanto. Que possamos amar como Jesus amou. É possível? Eu não sei. O ser humano tem inúmeras dificuldades a vencer, no caminho do bem. Mas é nosso dever tentar.

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