Jornada

Recomeço: uma reflexão necessária

As escolhas, riscos e seus resultados

Às vezes, o que falta é apenas começar
Às vezes, o que falta é apenas começar |  Foto: Divulgação

Recomeçar. Re-começar. Arriscar-se. Lançar-se ao novo, ir ao encontro do desconhecido. Há pessoas que levam a vida nesse movimento. Isso as renova, ilumina seu caminho. Outras tantas, detestam o que os começos significam. Preferem a zona de conforto, o lugar conhecido e seguro, para o qual sempre é possível retornar, sabendo o que esperar.

A vida exigiu de mim inúmeros recomeços. Alguns foram desejados. Outros, inesperados. Uns, bastante promissores. Muitos, apenas necessários. Precisei reinventar-me, em minha trajetória, a fim de adaptar-me às circunstâncias, fossem estas criadas por mim ou não.

Entretanto, mesmo com as dificuldades e os inevitáveis erros de julgamento, eu adoro a oportunidade de começar de novo. Faz com que eu me sinta viva. E mesmo sabendo que toda mudança encerra, em si mesma, um risco, eu não desisto de tentar.

Quando você se lança em um relacionamento, uma nova carreira, um negócio, um país diferente, uma rotina desconhecida, uma dieta, uma atividade esportiva ou qualquer que seja a novidade, existe um estranhamento inicial. Um desconforto. Uma inadaptação. Afinal, essa situação não faz parte do rol das que você já domina ou, ao menos, administra.

É natural sentir medo, ansiedade, ter dúvidas, dificuldades, questionamentos, conflitos. É comum pensar em desistir. Contudo, há um pulo do gato, que é o que motiva as pessoas que gostam de mudanças: a sensação de prazer e satisfação é indescritível, quando aquilo que, anteriormente, era desconhecido, dá certo.

Não há nada mais gratificante do que, após um mergulho no escuro, encontrar a luz. Não existe nada que se compare à emoção de perceber que algo que só existia no plano das ideias, ganhou vida e frutificou, no mundo real. O trabalho sempre será árduo. Mas a colheita vem, quando faz-se a coisa certa.

Ouvi, certa vez, algo de que nunca me esqueci, ao longo da minha estrada: tudo que é bom, é difícil de se conquistar. Grandes mudanças, decisões transformadoras, ideias maravilhosas, projetos grandiosos – implementar sempre será custoso. Difícil. Disruptivo. Arriscado. Mas altamente recompensador, se tudo correr bem.

Imaginemos uma relação de amor. Para que dê certo, trazendo felicidade e realização para os envolvidos, será preciso que o casal se esforce, abra mão de muitas coisas, faça escolhas, ceda, dialogue sempre, dedique-se. Caso contrário, não funcionará, por maior que seja o sentimento.

Do mesmo modo, uma transição de carreira. O nascimento de um filho. Uma mudança de hábitos de vida. A escolha de uma nova cidade. Tudo envolve constância, dedicação, esforço pessoal, compreensão da realidade e das circunstâncias envolvidas, uma boa noção acerca do que será preciso abrir mão. Uma boa ideia jamais será o suficiente. É preciso fazê-la funcionar.

O tamanho dos nossos sonhos diz muito sobre nós. Da mesma forma, a capacidade de realizá-los ou não. Ou, ao menos, a capacidade de tentar. Ah, mas pode dar tudo errado... Bem, é claro que sim. Na vida, assim como no amor, não há garantias. Ou você arrisca-se a ganhar o melhor pedaço do bolo, ou nunca chega perto da mesa de doces.

Tipos de pessoas

Há dois tipos de pessoas: as que são capazes de arriscar tudo, perseguindo seus sonhos, caindo e levantando quantas vezes forem necessárias – e eu me incluo nessa categoria - e as que nunca se arriscam, por receio de falharem, medo do inesperado ou dificuldade de adaptação a mudanças.

Mas, tenha você um perfil ou o outro, saiba de uma coisa: a vida cobra seu preço, tanto dos arrojados e destemidos, quanto dos cautelosos e mais medrosos. Nenhuma de nossas escolhas passará desapercebida, nessa escola que é a existência.

Viva você de um modo ou de outro, em algum momento, terá que prestar contas a Deus e à sua própria consciência, acerca do que fez e da oportunidade que lhe foi concedida, aqui na Terra. Portanto, faça bom uso do tempo que lhe foi dado.

Comece avaliando seu modo de viver, o que este traz de satisfação verdadeira para você. Essa autoanálise te trará muitas respostas, que ajudarão na tomada de decisões preciosas. Às vezes, o que falta é apenas começar.

Não desperdice a sua passagem por esse mundo. Uma vida bem vivida é aquela na qual realizamos os nossos sonhos de juventude, época em que éramos puros e escolhíamos com o coração. Ouça o seu. Ele lhe dará boas pistas sobre o caminho a seguir.

Erika Figueiredo - Filosofia de Vida

Erika Figueiredo - Filosofia de Vida

A niteroiense Erika Rocha Figueiredo é escritora, professora e promotora de justiça

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