Réveillon

Seja bem vindo, 2023

Novos 365 dias, para que façamos tudo a que nos propusemos

Começamemos, hoje, uma nova oportunidade
Começamemos, hoje, uma nova oportunidade |  Foto: Gabriel Monteiro/SECOM

Fazer o artigo do primeiro dia do ano não é tarefa fácil... Depois de um 2022 desafiador e cheio de incertezas, começamos, hoje, uma nova oportunidade. Deus nos dá novos 365 dias, para que façamos tudo a que nos propusemos. Conseguiremos? Não sei. Depende de cada um de nós.

Ontem, fiz um post, reproduzindo uma publicação do professor Olavo de Carvalho, no dia 31 de dezembro de 2015. Nesta, ele dizia assim:

“Meus votos de Feliz Ano Novo para cada um de vocês são os seguintes: Aconteça o que acontecer, não se deixe desencorajar. Não feche os olhos ante a realidade, por pior que ela seja. A coragem do espírito, o amor incondicional à verdade, é a mãe de todas as virtudes – e não existe amor à verdade quando, por pensar que já a possui, você deixa de buscá-la. Peça a Deus que preserve, acima de tudo, a luz da sua consciência e a sua humildade de reconhecer a verdade quando ela aparece e é diferente do que você esperava. O resto deixe por conta d’Ele. Assim você atravessará o ano vitoriosamente, mesmo que tudo em volta seja derrota e tristeza”.

O que o meu querido mestre quis dizer com isso? Entendo que quis alertar-nos, para os autoenganos que praticamos, as meias verdades que contamos, até para nós mesmos, e as ilusões do mundo exterior, que nos cegam e impedem de ver, com lucidez, o caminho certo a seguir.

Em uma sociedade cada vez mais espetaculosa e cheia de narrativas, discursos de minorias, entorpecimento coletivo e exibicionismo, encontrar a verdade é muito difícil. É preciso ter convicção mas, sobretudo, conhecimento. Sabedoria. Estudo, Trabalhar no bem. Ser menos autocentrado. Amadurecer.

O ano de 2022 foi um divisor de águas, para mim. Eu já vinha em um processod e autoconhecimento e de busca da verdade desde 2019, embora mais tropeçando do que caminhando, até meados de 2021. Mas, como o professor Olavo também ensinou, no estudo das camadas da personalidade, depois que saímos da quarta camada e começamos a avançar, rapidamente chegamos às próximas.

Eu vivi, durante boa parte de minha vida, nesta camada. Aquela em que estamos olhando sempre para o nosso próprio umbigo, acreditando que somos vítimas das circunstâncias, em muitas das situações vivenciadas, procurando culpados para os erros, evitando contactar a realidade nua e crua. Queremos aceitação, platéia, e com isso, vamos perdendo muitas chances de evolução pessoal.

Essa camada é aquela da criança, que está prestes a adentrar a adolescência, precisa de aceitação, do olhar amoroso dos pais, culpabiliza os outros, vitimiza-se, quer sempre ser o centro de tudo. A pessoa bem posicionada nas camadas, deixa esse comportamento assim que começa a puberdade, iniciando o processo de desafiar-se a si mesmo e aos outros, competir, conquistar, para afirmar-se de outra maneira, despedindo-se, então da infantilidade da quarta camada.

Entretanto, no mundo moderno, pela superproteção, falta de limites, dificuldade das famílias em conduzirem e educarem seus filhos, encaminhando-os para a maturidade, chegamos a uma sociedade em que adultos de trinta, quarenta, cinquenta anos de idade, muitos com famílias constituídas e carreiras consolidadas, permanecem na quarta camada da personalidade, em diversos aspectos de seu comportamento.

Isso é perigosíssimo, pois avança-se no aspecto familiar, exterior e material, da vida, sem, contudo, amadurecer-se o necessário , para lidar com os desafios e as decisões que se apresentam. Surgem os eternos sobrecarregados, vitimistas, exibicionistas, ressentidos, fofoqueiros, problemáticos, que constituem grande parte dos adultos que temos por aí.

No Brasil, isso é ainda pior. Não somos educados para lidar com a verdade e a honestidade. Com o dinheiro. Com os perigos do mundo. Com as dificuldades enfrentadas por países que enfrentam guerras ou escassez, de tempos em tempos. Ao contrário, aprendemos desde cedo a buscar o prazer, parar tudo para curtir o carnaval e a copa do mundo, tomar uma cerveja e pegar uma praia, para desanuviar. Nada mais quarta camada.

O entorpecimento e a busca pelo prazer desmedido fazem parte da imaturidade desta camada da personalidade. Não é possível evoluir sem sacrifícios. Amadurecer sem privações. É necessário estudar e trabalhar duro, para chegar-se a algum lugar que valha a pena, na vida. Mas, se

estamos pulando carnaval, bebendo, torrando ao sol, como conseguiremos fazer o que é preciso?

Pois é. Não fazemos. E seguimos por aí, responsabilizando os outros, culpando a América do Sul, os políticos, o calor, a desvalorização do real, o desemprego, o pais e a mãe, o coleguinha... Isso faz com que a imaturidade do brasileiro seja desconcertante, em qualquer lugar do mundo que visite. Fala alto, comporta-se mal, quer atenção do garçom para si, quando come fora, briga pelo melhor assento, por vantagens, privilégios e gentilezas imerecidas, mas que ele acredita pertencerem-lhe, por direito. Não sabe lidar com a frustração, a adversidade, a contrariedade, por menor que seja.

Dentro do país, o mesmo acontece. O brasileiro persegue a possibilidade de sentir-se exclusivo, poderoso, diferente, em qualquer classe a que pertença. Não quer ser responsabilizado, por nada de errado que faça. Vitimiza-se. Quer ser feliz e aproveitar o dia, o sol, a praia...

A mensagem do professor Olavo é nesse sentido: precisamos reconhecer as nossas limitações e dificuldades, enxergar a realidade como ela é, suportar o sofrimento, lidar com a Verdade. Eu só evoluí, quando me olhei com honestidade, enxerguei-me patética e percebi que precisava, urgentemente, mudar.

Sair da quarta camada é o primeiro estágio, para quem quer buscar a verdade. Não à toa, esse é o nome do meu primeiro livro: Em Busca da Verdade. Porque foi um longo e doloroso caminho, para chegar até aqui... mas valeu a pena. Para 2023, o que eu peço a Deus é que me mantenha assim – lúcida. Mesmo que para isso, tenha que continuar abrindo mão de pensamentos, atitudes e amizades, que já não fazem sentido algum, em minha vida.

Tomei decisões, em 2022, que impactarão esta segunda metade da minha existência, até o fim. E o fiz de forma consciente, lidando com a realidade e a verdade, em todos os momentos. Não me vitimizei nas dificuldades, não procurei por culpados, que não fossem eu mesma, nas consequências das minhas escolhas. Não busquei reconhecimento, aceitação, holofotes . Não me ressenti.

O que desejo a todos vocês, em 2023, é que sigam, galgando as suas camadas de maturidade, em busca da verdadeira PAZ interior. A paz que a certeza das escolhas adequadas nos traz, como tenho dito, é muito mais

importante do que a felicidade. Até mesmo porque, a felicidade depende, diretamente, do nosso ponto de vista. E este muda, conforme a nossa evolução pessoal avança.

Feliz Ano Novo!

Erika Figueiredo - Filosofia de Vida

Erika Figueiredo - Filosofia de Vida

A niteroiense Erika Rocha Figueiredo é escritora, professora e promotora de justiça

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