Série

White Lotus

The White Lotus é a marca de uma bem-sucedida rede de resorts

A terceira temporada já foi confirmada pela HBO Max
A terceira temporada já foi confirmada pela HBO Max |  Foto: Divulgação/HBO Max

Este é o nome de uma série do HBO Max, que lançou recentemente sua segunda temporada. Li uma crítica sobre a série, gostei e resolvi assistir. Fiquei hipnotizada. Assisti às duas temporadas de um lance só, e quando finalizei, queria mais.

Amei a série, sobretudo porque ela gira em torno de dinheiro, sexo, drogas e poder, colocando para o espectador uma profunda reflexão, sobre vício e virtude, prazer e compulsão.

Outro ponto que capturou minha atenção foi o fato de expor, sem meias palavras, a utilização, por alguns personagens, de pautas que lhes são convenientes, como racismo, homofobia, capitalismo selvagem, para exercitarem o vitimismo, a falta de escrúpulos e o mau caratismo, com justificativas.

Mas vamos à série. The White Lotus é a marca de uma bem-sucedida rede de resorts exclusivos, para milionários, com filiais ao redor do mundo. A primeira temporada se passa no resort localizado no Havai, e a segunda, no hotel da Sicília.

Em ambas, a falência moral do ser humano, a crise de identidade da sociedade, sobretudo dos jovens, o desmantelamento das famílias, a solidão e as mazelas das pessoas estão explicitadas, de modo muito inteligente e perspicaz, capturando sua curiosidade, do início ao fim.

CONTEM SPOILER. Há a bilionária solitária, a executiva workaholic, que viaja com a família e não consegue relaxar. O casal recém-casado, cuja esposa percebe, na lua de mel, que o marido rico e mimado só quer exibi-la, como um troféu. O gerente geral que precisa manter-se longe de álcool e drogas...

Há a prostituta que quer se dar bem. O diretor de hollywood viciado em sexo. Os golpistas. O rapaz ingênuo e a mocinha aventureira, que considera-o entediante. Casais que competem entre si. Jovens dependentes de medicamentos. O adolescente viciado em videogame, pois sente-se deslocado.

O autor e criador, Mark White, soube, como ninguém, colocar o dedo nas feridas abertas, do mundo em que vivemos. Ele explicita, a cada

episódio, a solidão do poder, a disfuncionalidade das pessoas, as dificuldades de relacionamento das pessoas, mesmo cercadas de luxo, dinheiro e benefícios.

A frase de Jim Carey, que publiquei em meu perfil do instagram ( @erikarfig), que diz o seguinte: “eu espero que todas as pessoas do mundo fiquem ricas, famosas e tenham tudo o que sempre sonharam... para que, assim, elas vejam que isso não é a resposta para tudo”, cai como uma luva.

Porque nem tudo é sobre dinheiro. Muitas vezes, projetamos um futuro feliz e repleto de realizações, para o momento da vida em que estivermos com dinheiro sobrando, e percebemos, quando este momento chega, que vivemos um grande vazio.

Em outras situações, desejamos sucesso e reconhecimento, mas ao alcançarmos tudo isso, compreendemos que sucesso é, na verdade, estarmos em paz, termos certeza das nossas escolhas, não nos preocuparmos tanto com a opinião alheia.

Do mesmo modo, imaginamos que luxo e poder nos farão sentirmos exclusivos, desejáveis e de bem com a vida, para então, uma vez no topo, nos depararmos com a miséria humana, as relações por interesse, a falta de escrúpulos das pessoas, a desconfiança que isso nos traz, levando-nos a uma solidão infinita.

Dinheiro só é bom, quando vem acompanhado de maturidade, para utilizá-lo. Ele precisa ser instrumento, para a conquista e realização de coisas, que se destinam à felicidade, seja das pessoas que amamos, seja de um terceiro desconhecido, em atos de caridade.

Se o dinheiro é utilizado para comprar afeto, companhia e vantagens, este volta-se contra você, tornando a sua vida fútil e desprovida de sentido. Com o dinheiro, é preciso que fique claro quem manda. E é necessário que seja você o dono da bola.

O poder, por incrível que pareça, só não é destrutivo, quando não for perseguido por você, que deve estar preparado, para não se importar em busca-lo, vivendo a sua vida normalmente, realizando suas atividades, sem parar para se preocupar, se tornou-se poderoso ou não. Esse é o único modo, de livrar-se da vaidade e das consequências nefastas que este encerra.

Vícios representam falta de virtudes. Isso fica evidente na série, que demonstra que as pessoas que fogem da verdade, refugiam-se nos vícios e nos excessos, com sexo e drogas, para não se conectarem consigo mesmas. Apenas o exercício da temperança, pode trazer a elevação moral necessária, ao abandono de antigos comportamentos destrutivos.

White Lótus trouxe-me muitas reflexões, acerca do aprimoramento das virtudes, tema que me é muito caro, e que, sobretudo nesta época do ano, faz-se essencial, para todos nós.

Ser virtuoso não significa ser careta, antiquado ou quadrado. Eu mesma não me enquadro em qualquer destas definições. Mas o exercício da prudência e da temperança trouxe-me muitos ganhos, minimizando sofrimentos desnecessários.

A mensagem subliminar de White Lotus, para mim, foi a seguinte:

A vida é um eterno recomeço.

Todos podemos aperfeiçoar a nossa personalidade, amadurecendo e vencendo dificuldades.

Há pessoas que, simplesmente, não desejam mudar, e não há nada que possamos fazer, quanto a isso.

Dinheiro e poder podem ser extremamente danosos, se não soubermos que lugar ocupam, em nossas vidas.

Excessos e uso de drogas são fugas, as quais têm uma única finalidade: deixar você cada vez mais distanciado do seu verdadeiro EU e da realização da sua vocação.

Que Deus abençoe a todos vocês, proporcionando-lhes uma possibilidade de renascimento, para superação de toda e qualquer dificuldade que possam estar atravessando. A vida terrena é somente uma passagem, e possui infinitas possibilidades. Feliz Natal e próspero Ano Novo!

Erika Figueiredo - Filosofia de Vida

Erika Figueiredo - Filosofia de Vida

A niteroiense Erika Rocha Figueiredo é escritora, professora e promotora de justiça

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