Gabriel Magalhães
Oi ensaia recuperação com venda de ativos e atrai concorrentes
O mês de agosto inicia com uma recém chegada na carteira do BTG Pactual, a operadora de telecomunicações Oi. “O forte interesse em seus ativos à venda mostra que a empresa pode levantar recursos o suficiente para reduzir a alavancagem enquanto investe na implantação de uma rede nacional de fibra para casa (FTTH)”, evidenciam os analistas Carlos Sequeira, Osni Carfi e Ricardo Cavalieri. No mês de junho, a Oi anunciou planos para levantamento de caixa e transformação da empresa em uma operadora B2B e B2C.
A empresa pretende vender parte de seus ativos, segundo o BTG:
- A unidade móvel por um preço mínimo de R$ 15 bilhões;
- 25,5% de sua infraestrutura de fibra (backbone, backhaul e last mile FTTH) por um preço mínimo de R$ 6,5 bilhões (R$ 25,5 bilhões por 100%) mais um pagamento extraordinário de dividendos de R$ 2,4 bilhões;
- Torres móveis e data centers no total de R$ 1,3 bilhão.
Após a venda dessas unidades, a Oi estaria operando um negócio de ponta em FTTH para B2C, que estimamos valer pelo menos R$ 4 bilhões; e negócios de legados de cobre / voz fixa / banda larga e TV por assinatura DTH. Seria também dona de 74,5%, resultados econômicos da empresa de infraestrutura.
O preço-alvo do BTG para as ações da OIBR3 é de R$ 2,29% acima do valor que está sendo negociado hoje [4 de agosto] e mesmo com muitos desafios na execução do novo plano, a empresa aparenta estar no caminho certo. A TIM mantém sua posição na carteira recomendada de ações de agosto, por ser a que mais ganha, caso sua oferta de compra dos ativos móveis da Oi acabe vencendo. TIM, Vivo e Claro ofereceram R$ 16,5 bilhões por esses ativos.
Balanço
Os resultados do primeiro trimestre de 2020 apresentados no dia 15 de junho não foram muito animadores. A empresa segue em recuperação judicial e sua dívida liquida cresceu de R$10,1 bilhões para R$18,1 bilhões e o prejuízo líquido apresentado foi de R$6,25 bilhões. A posição de caixa apresentada foi de R$6,31 bilhões e o Capex¹ (Capital Expenditure) apresentado foi de R$1,8 bilhões.
No próximo dia 13, a companhia fará a divulgação dos resultados do segundo trimestre de 2020. Ainda em agosto acontecerá a Assembleia Geral de Credores e até o final do ano os Leilões UPIs Torres e Data Center, Leilão UPI Ativos Móveis e a conclusão UPIs.
Além da OIBR3, a carteira recomendada também conta com mais outros nove ativos, diversificados em setores de Telecom, Infraestrutura, Financeiro, Petróleo e Gás Natural, Metais Básicos, Varejo, Tecnologia, Alimentos e Construção Civil. As escolhas foram Petrobras (desalavancagem/melhor alocação de capital), CCR (pipeline robusto de novos projetos de concessão), Cyrela (forte recuperação do setor habitacional), LAME (varejista resiliente/player de e-commerce), B3 (fluxos fortes/boom do mercado de capitais) e Totvs (modelo de negócios resiliente), que somados às exportadoras Vale e JBS, completam nosso portfólio.
Fique sabendo
Capex é a abreviação popular usada no mercado financeiro para sintetizar o termo inglês Capital Expendure e pode ser definida como a quantidade de recursos financeiros alocados para a compra de bens de capital de uma determinada companhia. Ou seja, na prática, são os recursos que uma companhia destina para aquisição de equipamentos, veículos, instalações, construção de nova fábrica ou imóvel e bens intangíveis como patentes e marcas.
Gabriel Magalhães é formado em Administração pelo IBMEC e especializações em Negócios no Brasil e no Exterior. Ele fala das tendências no mercado financeiro e dos altos e baixos da economia.
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