Jonny Salles
A nova realidade dos cinemas
Fechados há, pelo menos, cinco meses, os cinemas e as produtoras de filmes são algumas das mais afetadas pela pandemia, já que tiveram seus lançamentos adiados ou simplesmente cancelados, sendo disponibilizado através de outras plataformas para gerar o mínimo de lucro possível e não os levar a um verdadeiro colapso.
Até semana passada, a única atitude das grandes produtoras tinha sido adiar os filmes, porém a Warner Bros. Warner Bros. Entertainment deu mais um passo no Brasil, colocando o filme Scooby!, animação que conta a história de Scooby Doo e sua turma, em uma plataforma de VOD (utilizada para aluguel e compra de filmes online), porém com o salgado preço de R$50 para aluguel, podendo assisti-lo por um tempo determinado, e R$70 para compra, em que a animação ficará disponível virtualmente para ser assistida quando o espectador desejar.
Outra grande produção que será lançada diretamente de forma digital, driblando o cinema, será o remake live-action de Mulan, sendo disponibilizada no Disney+, serviço de streaming da casa do Mickey. Porém, tal fato tem revoltado os cinemas, uma vez que esperavam que os filmes mais aguardados pelo público fossem a chave para recuperar o dinheiro que deixaram de ganhar nesses cinco meses de portas fechadas, o que parece que não irá acontecer, uma vez que Viúva-Negra, outro filme aguardado, também pode ser lançado direto no streaming.
Um dos maiores problemas quanto essa nova forma de cinema é o preço imposto aos filmes. Tenho ciência de que o filme digital poderá ser assistido por quantas pessoas quiserem, mesmo no modelo de aluguel, e por isso seria impossível cobrar o mesmo valor de um ingresso individual de cinema (apesar que os ingressos já estavam quase no preço de R$50 em algumas franquias), mas vamos nos lembrar que ao assistir em casa não teremos a mesma qualidade e experiência que uma sala de cinema nos proporciona, ficando assim numa berlinda em que se ganha na quantidade e se perde na qualidade.
Segundo as últimas informações divulgadas pela própria Disney, o lançamento de Mulan direto no Disney+ seguirá duas etapas: a primeira com o aluguel do filme na sua data de estreia, com o preço mais caro de 30 dólares, para quem adquirir possa ver com exclusividade, e a segunda será sua disponibilização no catálogo meses mais tarde para todos os assinantes. Esse novo método, faria com que todo o lucro da obra ficasse nas mãos da própria produtora, podendo incentivar outras empresas que já possuem seu próprio serviço de streaming a adotarem a mesma tática, e talvez, decretando uma guerra definitiva contra os cinemas, pelo menos na forma como conhecemos.
Ainda há muito para se ver e discutir sobre esse novo método de lançamento, ele ainda está no início e pode vingar ou dar muito errado, uma vez que os altos preços podem reacender a chama da pirataria, há tempos diminuída pela Netflix e Amazon Prime. Bem, agora nos resta esperar para ver os desdobramentos dessas atitudes e se perguntar qual valor estaríamos dispostos a pagar pelo cinema em casa.
Jonny Salles é professor formado em Letras (Português - Literaturas) pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e aficionado por mundo nerd que acompanha, debate e vivencia, seja numa roda de amigos ou pelo seu canal Geek Barba.
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