Jonny Salles
Streaming a serviço dos fãs
Em 16 de novembro de 2017, chegava aos cinemas Liga da Justiça, o primeiro filme live-action que reuniria a equipe mais famosa da DC Comics, sendo assim, a realização do sonho da maioria dos fãs de quadrinhos, se não fosse alguns detalhes envolvendo a produção.
A Warner já vinha enfrentando críticas quanto ao estilo de seus filmes, como Homem de Aço (2013) e Batman vs Superman (2016), por serem escuros e sérios, fugindo do padrão imposto pela bem sucedida série de filmes da Marvel. Além disso, Zack Snyder, diretor responsável pela adaptação da origem Superman e de sua épica batalha contra o Cavaleiro das Trevas, teve que se afastar da direção de Liga da Justiça por conta do suicídio de sua filha, deixando a produção nas mãos de Joss Whedon, diretor de Vingadores (2012), da Marvel.
Tais acontecimentos fizeram com que Liga da Justiça não fosse como o planejado, ou seja, não tivesse a “visão Snyder”, uma vez que o estúdio queria tentar algo diferente para fazer mais sucesso entre o público nerd e também porque o diretor original não estava mais presente para encabeçar a produção, deixando-a nas mãos de Whedon, que reescreveu, pelo menos, duas dúzias de páginas do roteiro. O resultado foi o morno Liga da Justiça lançado no cinema, faturando apenas 657 milhões de dólares, pouco em comparação aos 2,768 bilhões de dólares conquistados pelo primeiro filme dos Vingadores, dirigido por Joss Whedon.
Desde então, os fãs da DC Comics, conhecidos como DCnautas, têm pedido incessantemente a Liga da Justiça sob a visão de Snyder, sem as alterações da Warner e nem do novo diretor. Tal produção, que por muito tempo foi alegada que sequer existia, parecia um sonho impossível, até o lançamento da HBO MAX, um serviço de streaming da subsidiária da Warner. A nova plataforma trouxe em seu catálogo diversos filmes já lançados e anúncios de novidades, incluindo o lançamento de “Liga da Justiça – Snyder’s Cut”, divulgada em live pelo próprio Zack Snyder acompanhado pelo ator Henry Cavill, que interpreta o Superman no filme.
O lançamento de uma nova versão da produção (ou uma versão antiga engavetada, como quiser se referir) agitou a comunidade nerd, que ficou grata por finalmente ter sido ouvida pela produtora, como também inspirou a novos pedidos, por exemplo o lançamento da versão original de Esquadrão Suicida (2016), também cercada por polêmicas quanto a intromissão da Warner, que teria tirado a visão de David Ayer, diretor do longa-metragem.
Fato é que os novos serviços de streaming, lançados pelas próprias produtoras, como HBO MAX e Disney +, trazem a possibilidade de fazer os desejos dos fãs sem que haja o risco de uma despesa maior ou um fracasso nos cinemas. Afinal, uma vez que os filmes já existam, necessitando apenas de alguns ajustes, por que não colocá-los on-line e deixar que os nerds sejam atraídos por eles, assinando ao serviço e dando mais lucro para as empresas?
Ainda é cedo para dizer se essa moda de fato irá pegar, mas o primeiro pontapé já foi dado, agora é aguardar 2021 chegar e junto com ele o lançamento oficial de todo material da Snyder’s Cut, que conta com mais de 4 horas, segundo o diretor. Se o modelo fazer sucesso, já podemos esperar mais um tipo de “fan-service”, em que pode ser lançado um filme comercial nos cinemas e uma versão mais enxuta (e até mesmo fiel aos quadrinhos) em streaming para os fãs mais dedicados.
Obs: Os fãs da Marvel também já fazem suas petições para que Demolidor (2015), cancelada em sua terceira temporada pela Netflix, tenha continuidade na Disney +. Torçamos para que as grandes empresas deem ouvidos a quem consome os seus heróis, ou seja, os fãs.
Formado em Letras (Português - Literaturas) pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Jonny Salles é aficionado pelo mundo nerd que acompanha, debate e vivencia, seja numa roda de amigos, ou seu canal pelo Youtube Geek Barba.
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