Karinne Pierre - Carreiras & Negócios

Gestão das empresas em tempos de crise: ser de Humanas ou Exatas?

Foto: Divulgação

Algumas empresas, periodicamente, reúnem líderes, gestores e chefias para, junto à alta gestão, realizar um Planejamento Estratégico Anual, ou seja, traçar planos de ação e metas a serem realizadas no ano seguinte. Em geral, usa-se como suporte técnico uma ferramenta clássica de administração chamada Matriz Swot, sigla em inglês que significa: Strengths (pontos fortes); Weaknesses (pontos fracos); Opportunities (oportunidades para negócio) e Threats (ameaças para o negócio).

Objetiva-se, portanto, analisar o ambiente externo e interno da organização através da identificação dos pontos fortes e fracos, bem como das oportunidades e ameaças às quais as empresas estão expostas.

Esse “raio-x” anual (que também pode ser realizado trimestral ou semestralmente) faz com que se esteja preparado para enfrentar ameaças e atento para enxergar as oportunidades, através de levantamentos específicos; logo, trata-se de um grande aliado dos empresários, visto que possibilita uma visão global do cenário em que estão atuando.

Além disso, a análise de dados torna-se um ponto positivo na superação de crises, porque auxilia na tomada de decisões, tanto na gestão financeira e quanto na gestão de pessoas. Vivemos momentos de Pandemia, portanto, torna-se imprescindível olhar pelo capital financeiro e pela mão de obra, o capital humano, tendo em vista que, nesse momento, mudanças estratégicas imediatistas serão necessárias, dependendo do cenário e da forma como o segmento e a atividade da empresa foram impactados.

Desta forma, conhecer os indicadores da empresa fará com que gestores se guiem realizando ações focadas, cientes de suas fragilidades. Quando impactos como os causados pelo distanciamento social ocorrem sem que se conheça resultados e indicadores, a insegurança e o desequilíbrio nas tomadas de decisão podem ser um desastre.

Acredito que nenhuma Matriz Swot tenha relatado como ameaça uma pandemia, a qual toma proporções drásticas a cada dia, e sequer foi imaginado no cenário empresarial. Será necessário, então, uma revisão das metas e indicadores, pois o momento é de insegurança e incerteza generalizada, e, com o mercado financeiro instável, a capacidade de reação dependerá da eficiência das medidas que serão adotadas.

Não dá para gerir no achismo, no imaginário do percentual que o gestor “acha” que tem de lucratividade, apostando num time, que o gestor “acha” que tem de parceria e produtividade…é preciso provisionar ações em cenários ao curto, médio e longos prazos baseados em métricas reais. No entanto, muitos empreendedores ainda resistem às medições e aplicações de medidas e análises, optando por um método conservador de gestão. Dados permitem assertividade e minimizam a margem de erro. Uma empresa que não valoriza o mapeamento dos resultados está defasada.

As medidas econômicas empresariais e de manutenção do emprego no país são publicadas a cada momento e as empresas que acompanham os indicadores internos tornam-se capazes de avaliar qual terá melhor aplicabilidade no seu negócio com mais segurança.

No que tange às medidas econômicas, a fim de reduzir os impactos financeiros causados pelo Corona Vírus, temos as possibilidades listadas abaixo. Confira se sua empresa consegue adotá-las:

• Portaria 139 - Adiamento do prazo de FGTS por 3 meses;
• Portaria 139 - Prorrogação do pagamento da parte patronal, no que se refere a Previdência Social;
• MP932 - Redução de 50%, nas contribuições do Sistema S, por 3 meses;
• Resolução 152/2020 - Adiamento da parte da União no Simples Nacional por 3 meses;
• MP944 - Empréstimo com juros baixos para quitação da Folha de Pagamento, por dois meses, com limite de até dois salário mínimos por funcionário.

Quanto às medidas trabalhistas de enfrentamento e flexibilização temporária (apenas durante a crise do corona vírus) temos na MP927:

• Teletrabalho;
• Concessão de férias individuais;
• Concessão de férias coletivas;
• Bancos de horas;
• Antecipação de feriados não religiosos;
• Exames médicos suspensos;

Foram também listadas, para melhor direcionamento, as atividades e os produtos considerados essenciais mediante Portaria nº116 de 26/03/2020.

Por fim, a medida provisória 936, que permite a redução proporcional de jornada e salário e suspensão temporária do contrato de trabalho e o pagamento de beneficio emergencial de manutenção de emprego e renda.

No que se refere, ao capital humano, além das medidas trabalhistas, a gestão de pessoas é um fator determinante para sobrevivência e controle da produtividade, para que o colaborador não se sinta desamparado.

O alinhamento da comunicação tem extrema importância, tanto dos gestores, quanto do time de RH, pois a sensibilidade fica potencializada em tempos de crise. Imprevisibilidades geram instabilidade emocional, que precisa ser monitorada e levada em consideração para que não ocorra o desequilíbrio num momento em que a integração pessoal traz vantagem no desenvolvimento da força de trabalho, à distância ou não.

É hora de mostrar confiança profissional para foco nos resultados, estimulando a autonomia em prol de uma gestão colaborativa.

Usar do equilíbrio para administrar os números e a gestão de pessoas, sem que os valores, visão e missão da empresa sejam desconectados é um desafio, visto que, os resultados do seu planejamento em meio a crise, no capital financeiro, que seria o mundo frio e calculista das exatas, você precisará das pessoas, seu valioso capital humano, que pode não ser algo tangível, mas precisa estar preparado, alinhado e confortável com a gestão das metas.

Em outras palavras, são as pessoas, que transformarão as horas trabalhadas em resultados. São elas que produzem, recebem, e entregam serviços. Aceitam os desafios e usam da sua experiência para atender às empresas.

O Aprendizado na crise gera uma transformação, pois nunca mais seremos os mesmos; resistências serão vencidas e novas habilidades adquiridas.

A forma como você impulsionará os resultados esperados neste novo cenário fará a diferença!


Karinne Pierre - É gestora de Departamento Pessoal, Técnica de Recursos Humanos e especialista em Legislação Trabalhista e Previdenciária.

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Com mais de 20 anos de experiência no mercado de trabalho, Karinne Pierre é CEO da Dphumanos, palestrante, mentora de carreiras e consultora empresarial.

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