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Ana e a tal felicidade estreia no Rio com reflexão sobre dores e traumas

Imagem ilustrativa da imagem Ana e a tal felicidade estreia no Rio com reflexão sobre dores e traumas
Dores e traumas em debate no espetáculo Ana e a tal felicidade. Foto: Divulgação

Como curar feridas tão profundas, traumas tão marcantes? O debate e a reflexão sobre a violência doméstica, através da arte, é o objetivo do espetáculo Ana e a tal felicidade, que estreia no próximo dia 4 no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, no Humaitá, Zona Sul do Rio.

A peça é baseada na obra da produtora cultural, jornalista e moradora de Niterói, Cris Pimentel. A escritora, que passou por um estupro aos 17 anos, revela a história que mistura relatos reais com ficção. A experiência como escrivã da Polícia Civil, por cinco anos, também contribuiu para a abordar o tema.

Peça Ana e a tal felicidade
A produtora Cris Pimentel atuou por cinco anos como escrivã da Polícia Civil. Foto: Vítor Soares

"Durante esse período em que fui escrivã, notei muita falta de comunicação entre pais e filhas, ouvi muita coisa e fui criando os personagens através de pessoas que fui conhecendo. Eu quero mostrar esse tema através da arte. Esse projeto é um sonho, não quero que ninguém saia chorando, quero deixar uma reflexão, eu quero através da minha arte ajudar mulheres"

Cris Pimentel, produtora cultura

Anas do Brasil

A autora explica ainda que a 'a tal felicidade' que leva o nome do espetáculo é para mostrar que apesar dos traumas a Ana encara a dor e segue em frente.

"Vamos mostrar toda dramaturgia para as pessoas se envolverem e se enxergaremr ali. Quem nunca foi uma Ana? Quem não conhece uma Ana? Existem muitas Anas no Brasil e no mundo. A gente vai mostrar várias fases dela e como busca a felicidade."

O espetáculo ainda será composto por uma canção autoral baseada na história da peça feita pelo músico Aldo Medeiros a fim de enriquecer os personagens e retratar um coração pulsante. Além disso, Aldo e o ator Charles Asevedo são os únicos homens na equipe.

"Eu acompanhei tudo desde início e penso na música como elemento que realça o texto, a interpretação e a direção. A música serve pra entregar de forma mais generosa possível o trabalho dos atores e diretores. Eu busco sons, texturas e timbres que reflitam a riqueza das personagens. É uma experiência enriquecedora, franca e transparente, é um previlégio estar numa equipe composta por tantas mulheres."

Aldo Medeiros, músico

Elenco e a pandemia

Os atores Stephanie Serrat e Charles Asevedo, que protagonizam os personagens centrais do espetáculo, também falaram sobre a ansiedade de voltar aos palcos e do desafio do texto.

"Recebi esse convite na quarentena, fiquei muito feliz, mas é um desafio em especial por estarmos voltando aos palcos. Então eu tenho que controlar a alegria, felicidade, emoção e alívio da Stephanie, e ao mesmo tempo vivenciar e mergulhar nos dramas da Ana. Viver outras histórias é algo enriquecedor, cada personagem é um grande desafio, porque temos que construir tudo novo, entramos em um universo diferente."

Stephanie Serrat, atriz

"É fantastico estar de volta ao palco. O encontro entre público e artista é sempre gratificante, constumo dizer que é uma necessidade vital. E é ainda melhor falar sobre a importância de dar voz as mulheres, nesse momento em que elas ainda sofrem tanta violência"

Charles Asevedo, ator

Direção

A direção do espetáculo ficou por conta de Carol Araújo e Nina Costa Reis, e também contam com apoio da diretora de movimentos Maria Carol.

"São temas muito pesados, mas vemos muito em jornal, então começamos a pensar em como levar isso para plateia sem mostrar o ábvio. Fazer o público refletir. Conversamos com várias mulheres e vimos que várias passaram por traumas, seja assédio ou abuso. Vamos mostrar como a mulher é forte, mostrar a força feminina,mostrar que independente do que passa, é possível seguir em frente".

Carol Araújo, diretora e produtora

Segundo Carol o espetáculo aborda ainda os conflitos da relação a partir de um passado.

"Muitas pessoas não tem coragem de falar e guardam essas marcas dentro de si. No decorrer do espetáculo vamos mostrar ela resolvendo questões e ao mesmo tempo o público vai vivenciar isso junto, trouxemos de uma forma que mexe com o imaginário, por causa da lembrança. Com certeza muita gente vai se identificar"

Carol Araújo, diretora e produtora

Serviço

O espetáculo Ana e tal felicidade ficará em cartaz no próximo dia 4 de novembro o Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, no Humaitá, Zona Sul do Rio, de quinta a sábado às 20h e domingo às 19h. A peça terá duração de uma hora e a classificação é de 16 anos. O valor do ingresso é de R$ 30.

Debate - Após a peça, aos domingos, Cris Pimental promove debates sobre aborto, estupro e a sexualidade. "Pretendemos pagar a passagem de mulheres de comunidades da Rocinha para que possam participar desses debates", informou.

Cris revela ainda a intenção de percorrer com o espetáculo pelo Brasil e até mesmo pela Europa: "Espero ter lotação máxima, nosso grande é desafio é trazer o público de volta ao teatro devido a pandemia".

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