Corpolítica

Ator abre o coração em entrevista: "Vesti a máscara hétero"

Ele está lançando um documentário

O ator Marco Pigossi está morando nos EUA
O ator Marco Pigossi está morando nos EUA |  Foto: Reprodução
  

O ator Marco Pigossi está lançando o documentário “Corpolítica”. No filme, ele irá falar sobre a candidatura de pessoas LGBTQIAP+ nas eleições municipais do Rio em 2020. O ator se assumiu como parte da comunidade em 2021 e revelou que está namorando o diretor italiano Marco Calvani. Ao O Globo, o ator falou sobre como se sentiu ao crescer como um jovem gay que não se assumiu.

Ele relatou que faltou a festas da escola, como formaturas, por ter medo.

"Eu rezava, pedia a Deus para me consertar. A homofobia é tão enraizada que, por mais que a gente assuma, ainda vai lidar com o preconceito interno. Vesti a máscara heterossexual, sempre fui observado pela beleza. Fiz esse personagem hétero para me esconder, o que deixou minha vida mais confortável. E sou branco, privilegiado, classe média, filho de médicos. Imagina quem está na favela, é negro", contou ele. 

O teatro foi o local que ajudou o ator. Marco contou que lá conheceu outras pessoas e entendeu seu espaço na sociedade. "Conheci corpos gays ali. Era um alívio deixar de ser eu. O que era uma fuga, mas carregada de carga cultural, do despertar como pessoa", disse. 

Hoje, ele se sente pertencente de um espaço na sociedade. "A pessoa que se aceita e está feliz com o que é conhece uma força enorme. Se sente com poder para ocupar espaços. E o encontro com a comunidade é uma corrente bonita, a gente se sente fortalecido, cria um senso comunitário. Porque, no fundo, o que a gente mais quer é pertencer. Como homossexual, sentia que não pertencia a nenhum grupo. Todos esses corpos passam por isso. E quando passam a pertencer... É do cara***!", afirmou. 

Ele também falou sobre sua relação com seu pai após se assumir. "Com meu pai, é sempre tenso, não há naturalidade. É distante do universo dele, que é eleitor do Bolsonaro. Não que ele ache que ser gay é falta de porrada, mas se vota num candidato desse... Existe um ideal político que distancia a gente. Ele nunca vai me pegar pelo braço e se unir nessa causa. Diferentemente do amor incondicional da minha mãe, mas eles se deram super bem. Meu pai até arriscou um italiano, porque meu avô era italiano", afirmou.

O filme de Pigossi foi dirigido e roteirizado por Pedro Henrique França e também estará em setembro no Queer Lisboa — Festival Internacional de Cinema Queer. 

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