Irregularidade
Entenda por que Fafá de Belém virou alvo de investigação do MP
Promotoria analisa possível uso indevido de verba pública

O tradicional projeto Varanda de Nazaré, idealizado e organizado pela cantora Fafá de Belém durante o Círio de Nazaré, entrou no radar do Ministério Público do Pará (MPPA). O órgão instaurou um inquérito civil para investigar o possível uso irregular de verbas públicas repassadas por meio de um chamamento público firmado entre a Fundação Cultural do Pará (FCP) e o Programa Estadual de Incentivo à Cultura (PEIC).
De acordo com a investigação, conduzida pelo promotor Sávio Rui Brabo de Araújo, busca apurar a destinação de R$ 1.569.936,00 supostamente destinados à realização da edição passada do evento, que reúne artistas, políticos e personalidades em um dos momentos mais simbólicos da festividade paraense.
O inquérito está sob responsabilidade da Promotoria de Tutela das Fundações, Associações de Interesse Social, Falência, Recuperação Judicial e Extrajudicial. Até o momento, o MPPA não detalhou o estágio atual das apurações.
O que diz a cantora
Após a repercussão do caso, Fafá de Belém e sua produtora, a Kaiapó Produções, divulgaram um comunicado oficial em suas redes sociais, nesta terça-feira (14). No texto, afirmam ser as maiores interessadas na apuração dos fatos e reforçam que a Varanda de Nazaré é uma iniciativa independente, com 15 anos de história, conduzida dentro dos mais altos padrões de legalidade, transparência e responsabilidade na gestão cultural.
A equipe também esclareceu que a edição de 2024 não recebeu recursos da Lei Semear (legislação estadual de incentivo à cultura) nem repasses do governo do Pará. Segundo o comunicado, a citação do nome do projeto em publicação do Diário Oficial do Estado teria sido um erro material, posteriormente corrigido por meio de uma errata.
Ainda conforme a nota, o evento contou apenas com apoio institucional do governo, relacionado à estrutura física, o que, segundo a equipe, é uma prática comum em grandes manifestações culturais, sem qualquer vínculo financeiro direto.
Nas redes sociais, a cantora passou a ser alvo de comentários críticos. Parte dos internautas questionou o uso de recursos públicos e a visibilidade da artista durante o Círio. “Essa mulher chega nessa época e enche os bolsos”, escreveu uma seguidora. Outros comentários lamentaram a suposta elitização da festa religiosa: “O Círio já virou um ganho para os ricos”, afirmou outro perfil.
O evento
Criada por Fafá de Belém, a Varanda de Nazaré se consolidou como um dos espaços mais conhecidos durante o Círio, atraindo personalidades do meio artístico e político. Na edição deste ano, o evento recebeu nomes como Alane Dias, Dira Paes, Fábio Porchat, Francisco Gil, Gerson Camarotti, Tati Machado e Rafa Kalimann.
Com a investigação em andamento, o Ministério Público tenta determinar se houve uso indevido de recursos públicos em edições anteriores e se o modelo de financiamento do evento seguiu as normas previstas na legislação cultural do estado. Enquanto isso, Fafá e sua equipe sustentam a legalidade do projeto e afirmam estar colaborando com as autoridades para esclarecer todos os pontos da apuração.


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