Carnaval
Mestre Ciça abre o jogo sobre Viradouro, Juliana Paes e fala até de aposentadoria
Comandante da bateria vive fase emocionante ao virar enredo

Imagine ser homenageado por toda uma comunidade, por uma história que você ajudou a construir com décadas de dedicação. Foi exatamente o que aconteceu com Mestre Ciça, de 69 anos, figura histórica do samba carioca e comandante da bateria da Unidos do Viradouro. Enredo da escola de samba de Niterói em 2026, ele deu entrevista exclusiva ao ENFOCO e contou como está vivendo uma das fases mais emocionantes de sua vida.
“É emoção toda hora”, confessa ele, com a voz embargada. “Tem samba que fala da minha mãe, da minha história. Me emociono na quadra, nas redes sociais, nas homenagens que recebo dos amigos. Às vezes, nem durmo pensando em tudo isso.”
A escolha do enredo 'Pra cima, Ciça' pegou o mestre de surpresa e mexeu com ele de uma forma que nem os títulos conquistados ao longo da carreira conseguiram.
“Ganhei três campeonatos na minha vida, mas o maior título foi ser anunciado como enredo da minha escola. Nunca esperei por isso”, afirma. “Na verdade, acho que não sou só eu que tô sendo homenageado, mas todo o povo do samba. Desde os ritmistas até quem bate palma na arquibancada.”
Entre os muitos momentos marcantes dessa homenagem, um em especial tocou o coração do mestre: o retorno de Juliana Paes como rainha de bateria da Viradouro, após 17 anos afastada.
“Não podia falar da minha história sem ela. Convidei Juliana e também a Luma (de Oliveira), que fez parte da nossa trajetória. Mas Juliana aceitou na hora”, conta, ainda emocionado. “Ela me disse: ‘Pra te homenagear, eu vou. Mesmo se não fosse rainha, eu ia com uma camisa da escola’. Isso mexeu muito comigo e com todo mundo aqui.”
Juliana foi coroada no fim do mês passado e desfilará à frente da bateria em 2026. Para Ciça, o reencontro é mais do que simbólico: é uma celebração de um tempo de ouro vivido na escola.

“Estão me escondendo coisas no barracão!”
Mesmo sendo o centro do enredo, Ciça tem sido poupado de alguns detalhes do desfile. Propositalmente.
“Eles gostam de fazer surpresa. Me escondem desenhos, alegorias, tudo! Falam: ‘Deixa ele achar que é isso mesmo’. Estão me sacaneando no bom sentido, sabem que sou emotivo”, diz, rindo.
E, sim: o famoso "carro do xadrez", que marcou a passagem de Juliana pela escola, em 2007, será lembrado. “Vai ser homenageado, com certeza. Mas sem bateria em cima, hein!”, brinca.
Entre a consagração e a dúvida sobre o futuro
Aos 69 anos, Mestre Ciça não esconde que já pensa na aposentadoria. Mas a certeza ainda não chegou.
“Tenho noção da idade, vou fazer 70. Mas tô com saúde, faço meu trabalho com profissionalismo. Se eu não fosse correto, não estaria há 37 anos na bateria”, diz. “Penso, sim, se tá na hora de parar. Mas isso tá nas mãos de Deus. E da escola também.”
Enquanto o futuro ainda se desenha, o presente tem sido de pura emoção. Postagens nas redes sociais, homenagens públicas, carinho nas ruas… Tudo toca fundo.
“Cada mensagem, cada abraço, cada comentário me emociona. É uma fase única da minha vida. Só tenho gratidão.”


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