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    Série inédita

    Com curadoria de Emicida, exposição 'Etnogênese' chega ao MAC

    Obras são do artista Marcelino Melo, conhecido com Quebradinha

    Publicado 02/09/2024 às 18:18 | Atualizado em 02/09/2024 às 18:33 | Autor: Enfoco
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    Nas obras, pessoas em favelas usam máscaras em formato de casa
    Nas obras, pessoas em favelas usam máscaras em formato de casa |  Foto: Divulgação

    Com curadoria de Emicida, Luiza Testa e Patricia Borges, Marcelino Melo, o Quebradinha, estreia, no próximo sábado (7), sua primeira exposição individual com uma série inédita. A mostra ficará em cartaz até 24 de novembro, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC). 

    O artista visual Marcelino Melo, também conhecido como Quebradinha, ouviu o termo etnogênese pela primeira vez em um espetáculo teatral. A palavra despertou curiosidade. Ao descobrir seu significado, essa faísca se transformou numa pesquisa que começou em março de 2023 e que entrou em profunda simbiose com o trabalho do artista.

    Agora, o termo se torna "Etnogênese - O Que É e O Que Pode Ser", título da sua primeira exposição individual, que reúne 43 obras, entre quadros, vídeos, fotografias e instalações.

    A exposição, que marca a primeira imersão de Emicida no mundo das artes visuais, será dividida entre o prédio principal do museu e o Macquinho, espaço sociocultural localizado no Morro do Palácio.

    "Etnogênese" também vai se relacionar com a comunidade e propor ações educativas para os moradores. Na abertura, será apresentada uma performance inédita concebida por Marcelino Melo, que começará no Macquinho e irá em direção ao museu.

    Do lado de fora, haverá também uma grande instalação convidando o público a conhecer o universo das periferias apresentado pelo alagoano de 30 anos, nascido em Carneiros, cidade de apenas 8 mil habitantes no sertão de Alagoas e radicado em São Paulo.

    Apelido ligado à favela 

    Marcelino ganhou o apelido de Quebradinha por produzir um trabalho que remonta à arquitetura da favela. A partir da adesão do termo 'etnogênese', sua pesquisa ganha novas camadas e novas faces. Se debruçando, então, sobre o termo acadêmico, ele cria uma nova série de obras, que serão apresentadas pela primeira vez na exposição.

    "A ideia era chegar na definição visual do que seria a etnogênese, a partir das periferias. As pessoas vão conhecer de perto um trabalho que elas já sabem que existe, no entanto, com uma nova proposta, em direção ao lúdico, ao afetivo, à memória e à territorialidade, não só das favelas, mas do interno, do que nos habita", afirma Marcelino.

    Como o artista vê a etnogênese

    O termo antropológico etnogênese é utilizado de diversas formas no universo acadêmico, a mais comum é para se referir a um processo de insurgência de novas identidades étnicas ou de ressurgimento de etnias já reconhecidas, pelo qual um grupo humano começa a ver-se a si próprio ou a ser visto pelos outros como um grupo étnico distinto.

    "Eu chego nessa palavra, a partir da busca por uma estética menos subjetiva do que as casas, com que eu já trabalhava. As casas falam de violência de uma forma muito sutil. Na etnogênese, eu quero explorar a figura do corpo que habita esses territórios, a visualidade desses corpos. Isso faz com que o trabalho se liberte da narrativa que já existe, para que se criem novas", afirma.

    Nas obras da nova série, pessoas em favelas usam máscaras em formato de casa e a favela ganha, assim, vida e formato humano, transformando-se num ser que vem do barro, o que o artista vem chamando de faces.

    Aspas da citação
    É como se as casinhas fossem o casulo e o casulo abrisse e surgissem esses personagens que vou apresentar agora em diversos formatos. Com a etnogênese, eu trago esse ser, feito de barro, essa representação do ser periférico.
    Marcelino Melo artista visual
    Aspas da citação

    Curadoria explica termo acadêmico em trabalho popular 

    Sobre a escolha de um termo acadêmico para representar um trabalho tão real e popular, a curadoria relata.

    "Como curadores dispostos a alcançar um público que não necessariamente é assíduo em museus, decidimos não subestimar essa população. Sabemos que, se fizermos nosso trabalho bem feito, conseguiremos ajudar Marcelino a popularizar o termo 'etnogênese' e a criar uma identificação entre as pessoas e as obras. Esperamos que o público, de forma geral, se veja representado e refletido nessa exposição", diz a curadora Luiza Testa.

    Já Emicida vem aprendendo com as curadoras, com Marcelino e espera criar um ambiente provocativo para novas reflexões.

    Aspas da citação
    Sinto que meu papel aqui é ajudar em tudo o que for possível para que possamos fazer a experiência da exposição ser linda, provocativa, contemporânea fugindo de qualquer clichê. Marcelino já tem uma arte que conversa com um mundo que está além das galerias e museus, talvez nossa luta aqui seja criar uma bela intersecção entre esses dois mundos, com toda a verdade de ambos, que faça as pessoas saírem da exposição se perguntando se favelas já não deveriam estar nos museus, em todos os sentidos.
    Emicida curador da exposição
    Aspas da citação

    A música também é parte das referências e inspirações de Marcelino para a criação da nova série, pois durante o processo de pesquisa, ele mergulhou de cabeça no universo de artistas como Chico Science, Nação Zumbi e Racionais MCs. A ideia de confluência de Nego Bispo, a literatura de Carolina Maria de Jesus e a canção, de Leci Brandão, nome que ainda dá título a uma das obras, também compõem o universo de inspirações do artist

    Serviço

    Etnogênese – O Que É e O Que Pode Ser

    Abertura: Sábado (7)

    Visitação: até 24 de novembro

    Horários: de terça a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h30)

    Ingressos: R$16 (inteira) e R$8 (meia-entrada)

    Local da venda de ingresso: diretamente na bilheteria do museu (somente pagamento em dinheiro) ou online pelo site

    Sympla (pagamento via cartão de crédito, PIX ou boleto - este disponível apenas para compras com pelo menos 7 dias de antecedência)

    Gratuidades: Crianças menores de 7 anos; Estudantes da rede pública (fundamental e médio); Moradores e naturais de Niterói; Servidoras/es públicos municipais de Niterói; Pessoas com deficiência; Visitante que chegar ao museu de bicicleta. Às quartas-feiras, a visitação é gratuita para todo mundo

    Meia-entrada: Pessoas com mais de 60 anos; Estudantes de escolas particulares e universidades; ID Jovem: Pessoas de baixa renda com idade entre 15 e 29 anos que estejam inscritas no CadÚnico; Professoras/es.

    Museu de Arte Contemporânea de Niterói (Mirante da Boa Viagem, s/nº, Boa Viagem, Niterói

    Macquinho (Rua Nair Margem Pereira, 1 - Ingá, Niterói)

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