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    The Cuphead Show

    Desenho infantil da Netflix é acusado de 'satanismo' por pais

    Animação é inspirada em um jogo de videogame

    Publicado 23/02/2022 às 14:15 | Autor: Jonny Salles
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    A representação do mal em desenhos já é algo recorrente.
    A representação do mal em desenhos já é algo recorrente. |  Foto: Divulgação: Netflix

    Direto dos videogames para a Netflix, a animação The Cuphead Show, que estreou na última sexta-feira (18), já se envolveu em sua primeira polêmica. Isso porque o desenho, classificado como recomendado para todas as idades, possui a figura do diabo nela, além de trazer canções sobre o personagem. Tal fato instigou diversos pais e gerou severas críticas ao desenho, principalmente por ser classificação livre, diferente do seu jogo de origem, o qual possui restrição para menores de 10 anos. Porém, a polêmica também levanta o debate sobre a vigilância dos pais quanto ao conteúdo que eles desejam que o filho consuma ou não.

    A representação do mal em desenhos

    Apesar dessa polêmica mais recente, envolvendo The Cuphead Show, é bom lembrar que o embate entre pais religiosos e desenhos animados não é nenhuma novidade, uma vez que sempre houve a representação do mal em produções infantis, sejam elas explícitas ou implícitas. Como exemplos implícitos, podemos apontar Scar, do Rei Leão (1994), Malévola, da Bela Adormecida (1959), e outros tantos vilões da Disney, que traziam uma aura má e, por vezes "demoníaca", e cantavam nas telas dos cinemas e TVs. De forma mais explícita, temos o Pica-Pau, que passou por anos na TV aberta e trazia em muitos episódios a própria caracterização do diabo e do inferno, além das Meninas Super Poderosas, com o vilão ELE.

    Claramente, as representações malignas sempre foram combatidas por pais religiosos, muitos de nós tivemos as cartinhas de Yu-gi-oh queimadas ou miniaturas de Pokémon jogadas fora, sob a acusação de pacto maligno, sem falar a histórica polêmica de Dragon Ball Z, que trazia em seu elenco, um personagem chamado “Mr. Satan”, que em determinado episódio conversava diretamente com o público, gerando total repulsa aos pais que encontravam os seus filhos assistindo aquelas produções.

    Porém, o principal fato que temos que encarar nessas ilustrações é que elas, na maioria das vezes, trazem a representação do diabo, ou da figura maligna, como algo a ser combatido. Faz parte de todas as narrativas o combate contra o mal, afinal, desde a bíblia, vemos histórias do céu contra o inferno, de um Deus versus um diabo, e encaramos isso como um princípio a ser seguido, ou seja, “temos que ser do bem e enfrentar o mal”. E esse é exatamente o caso de The Cuphead Show, em que tanto no jogo quanto na animação, o espectador acompanha as aventuras de dois personagens que devem derrotar o diabo e recuperar as almas dos cidadãos de sua terra natal. O diabo escolhido como vilão é apenas para representar o mal supremo e uma homenagem aos desenhos dos anos 60, que traziam um humor macabro, ainda que fosse indicado para crianças.

    A batalha do bem contra o mal, seja ela através de uma caneca com luvas enfrentando o diabo, ou qualquer outra representação dessa luta, acaba por ser tradicional nas animações infantis e, por vezes, incentivada para que a criança cresça sabendo que deve evitar e combater o mal. Porém, cabe aos pais refletirem  se desejam que os filhos tenham acesso a esse tipo de conteúdo. 

    A vigilância dos pais

    A internet, streamings e TV aberta possuem a principal tarefa de entreter o máximo de pessoas possíveis, dos mais variados gostos e princípios, por conta disso, sempre haverá uma infinidade de conteúdos a disposição dos espectadores, para que ele possa decidir o que quer assistir. Nesse caso, quando se trata de qualquer produção destinada às crianças, cabe aos pais restringirem o tipo de conteúdo que não quer que seus filhos acessem, independente da classificação indicativa do produto em questão, podendo ser desenho, filme, jogo ou histórias em quadrinhos.

    O maior perigo, para qualquer tipo de educação, é abandonar os filhos em frente à TV ou computador, sem qualquer vigilância, deixando-o absorver algo que o responsável não deseja que ele absorva. Haverão pais que verão Cuphead como uma metáfora do bem contra o mal e que o filho não deve desobedecer os responsáveis, além de guiar a criança por essa lição de moral, porém também existirão pais que vão querer que o filho mantenha completa distância do desenho, ensinando-o de outra forma as lições de moral que ele crê que o seu filho deve aprender. Assim, cabe aos responsáveis ditar a criação que querem que os filhos tenham, porém, se abandonarem as crianças na frente da TV e internet, serão essas ferramentas que criarão os filhos.

    Apesar das acusações contra a Netflix, a empresa ainda não respondeu ao protesto dos pais, gerando ainda mais polêmica na internet.

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