Cinema
Diretor de filme sobre Patrícia Acioli joga luz para desaparecidos
Longa 'Cadê você?' traz histórias de pessoas que sumiram no Rio
O caso do desaparecimento do pedreiro Amarildo, na Rocinha, em 2013, completa dez anos e joga luz sobre o drama de famílias de diferentes classes sociais para lidar com o caso.
O filme 'Cadê você?', dirigido por Humberto Nascimento (Patricia Acioli, a Juíza do Povo) resgata casos emblemáticos e anônimos e escancara como a prática funciona como pano de fundo para crimes no estado e como autoridades lidam com esses casos.
"Tem muitos casos de homicídios disfarçados, de desaparecimento forçado. Uma coisa que remete a ditadura e mostra que não se aprendeu nada. Se houvesse punição ao invés de anistia, essas coisas seriam mais difíceis de acontecer. A questão é não achar culpados, culpados somos todos. As pessoas somem e fica por isso mesmo. Sequer há investigação", relata o diretor.
O convite para o início da produção, que começou a ser feita há seis meses, partiu do presidente da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, que reúne casos e faz críticas ao modo como a violência pune pessoas no estado do Rio. A organização é uma das produtoras do longa.
"Fiquei muito honrado com esse convite da Rio de Paz pra dirigir essa produção, que é uma instituição que tem um histórico de defesa dos Direitos Humanos. Dar voz às famílias de desaparecidos, como o caso Amarildo, são casos de repercussão. São muitos casos, muitas famílias. Não é todo mundo que tem essa oportunidade de pressão da imprensa contra as autoridades", explica Humberto.
Segundo filme do diretor escancara os casos de desaparecimentos que viram cortina de fumaça para crimes no Rio
Em sua segunda produção, ele atua como diretor e roteirista do documentário. O longa sobre a juíza, executada com mais de 20 tiros quando chegava em casa em Niterói, em 2011, recebeu diversos prêmios e foi agraciado, neste sábado (1º), em São Paulo, pelo Prêmio do Júri de Melhor Longa-metragem e Melhor Trilha Sonora. O filme tem músicas de Gonzaguinha "Achados e Perdidos" e ""Pequena Memória para Um Tempo sem Memória", gentilmente cedida pela Editora Moleque, detentora dos direitos autorais do artista.
Além da história de Amarildo, o documentário também vai resgatar o caso da engenheira Patricia Amieiro, que em junho de 2008 sumiu na Barra da Tijuca, depois de voltar de uma festa na Zona Sul e ter o carro em que dirigia atingido por tiros vindo de policiais. Ela nunca foi achada.
Além destes, outros casos, que não ganharam as páginas dos jornais, serão mostrados na produção que tem estreia marcada para o próximo dia 13, às 20h, em Botafogo.
"A sociedade não aprende com os erros do passado. As coisas acontecem da mesma intensidade ou até mais forte. Impressionante como os pobres não têm direito a nada. Nem a enterrar seus parentes. É disso que trata. Muitas famílias não tem esse direito". finaliza.
Participam do filme Daniel Hirata, coordenador do GENI/UFF; Nadine Borges, secretária de Direitos Humanos de Niterói e ex-integrante da Comissão da Verdade; as deputadas Martha Rocha e Dani Monteiro; o advogado e ex-presidente da OAB Felipe Santa Cruz; parentes de Amarildo, Jovita Belford, Tânia Amieiro e outras mães de desaparecidos de casos inéditos, Ministério Público, a delegada Elen Souto, da Delegacia de Descoberta de Paradeiro; jornalistas nacionais e internacionais, e o Antonio Carlos Costa, fundador do Rio de Paz, delegado Orlando Zaccone, o advogado João Tancredo e o ex-comandante das UPPs, coronel Robson.
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