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Eternos: novo filme da Marvel traz beijo gay, herói PCD e desenvolvimento lento

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Trailer oficial de Eternos. Fonte: Divulgação/ Marvel Studios

Os Vingadores não estão mais sozinhos como a única equipe de heróis da Marvel nos cinemas. Isso porque, nesta quinta-feira (4), chegou às telonas a nova produção da Marvel Studios, Eternos, que apresenta um grupo de personagens extremamente diverso e capaz de segurar o público na cadeira por mais de duas horas.

Lançados em 1976, como um projeto independente de Jack Kirby para a Marvel, sem sequer pertencer a linha editorial principal, os Eternos chegam ao cinema com um elenco totalmente consagrado e diverso, contando com Angelina Jolie, Richard Madden, Salma Hayek e Kit Harington. A decisão de trazer atores e atrizes já conhecidos pelo público faz parte da estratégia de atrair os expectadores, uma vez que a equipe em si, pouco conhecida, não possui um forte apelo popular.

No filme, acompanhamos a história dos Eternos — um grupo de seres imortais que são enviados para a Terra, a fim de ajudar as civilizações a se desenvolverem. Além disso, a equipe também deve lutar contra os Deviantes, criaturas terríveis que chegaram ao planeta para exterminar a humanidade. Com isso, os Eternos se dividem nas missões de proteger e ajudar a população da Terra, mas sem interferir de forma direta, respeitando o próprio ritmo do planeta.

Ótimas atuações e talentos desperdiçados

O filme conta com elenco consagrado, mas não é bem aproveitado. Foto: Divulgação / Marvel Studios

A trama, que dura pouco mais de duas horas, não segue uma linearidade, intercalando os acontecimentos presentes com o passado, a fim de explicar para o público o motivo pelo qual cada um dos personagens toma determinadas atitudes. Em geral, a fórmula funciona, porém, alguns personagens, como Makkari (Lauren Ridloff), primeira heroína surda do Universo Cinematográfico da Marvel; e Gilgamesh (Ma Dong-seok), mereciam maiores destaques pelas suas histórias, mas são colocados de lado na maior parte do tempo, sendo explorados somente nas belíssimas cenas de ação.

Quanto as atuações, não há o que reclamar. Todos os atores estão simplesmente incríveis em seus papéis. Talvez o único comentário que eu tenha sobre esse ponto é a inércia da Angelina Jolie, que interpreta a guerreira Thena. Em determinadas cenas ela simplesmente existe, sem ter uma adição relevante ao momento. Também fica a impressão de que Angelina se manteve na sua zona de conforto nos últimos anos, na qual sempre interpreta uma mulher elegante e fatal, como já vimos em O Procurado (2008), Sr. e Sra Smith (2005), Malévola (2014), Tomb Raider (2001) e agora em Eternos.

Roteiro lento, mas satisfatório

O desenvolvimento da história é mais lento que o normal para os padrões de filmes da Marvel, o que pode ser encarado como um ponto positivo ou negativo, dependendo da preferência do expectador. No entanto, o ritmo possui uma velocidade menor por motivos plausíveis: introduzir e explicar a história de maneira satisfatória. E essa missão é cumprida com sucesso.

O que mais incomoda no roteiro é o excesso de conveniência para a solução de determinados problemas que os heróis enfrentam. O grupo parece ter a salvação na palma das mãos o tempo todo, somente esperando para ser usada. Além disso, há algumas perguntas que ficam no ar por questões não resolvidas e o filme encerra sem respondê-las, fazendo com que os fãs esperem uma possível continuação.

Polêmicas e proibições

Desde antes da estreia, Eternos já acumulava algumas polêmicas em que os fãs mais conservadores criticavam as várias escolhas feitas pela diretora Chloé Zhao, tanto com o elenco, que conta com várias etnias diferentes, quanto na filmagem de cenas específicas, como a do beijo gay que ocorre em determinado momento do longa. Tal representação de um casal abertamente homossexual pela primeira vez no Universo Cinematográfico da Marvel também está fazendo com que o filme seja proibido em países árabes, já que esses locais possuem uma política de reprovação na representação da homossexualidade.

Em entrevista ao site Indieware, a diretora Chloé Zhao defende a representação de quaisquer etnias e sexualidades no filme e afirma que não deseja fazer alterações no longa para atender as exigências de determinados países.

"Não sei todos os detalhes, mas acredito que houve discussões e há um grande desejo por parte da Marvel e de mim – nós conversamos sobre isso – de não mudar o corte do filme. Estou de dedos cruzados".

Tal polêmica tem dividido as opiniões dos fãs, resultando no boicote dos mais conservadores e no apoio total dos nerds que estavam cansados de verem sempre o mesmo padrão de heróis nas telas do cinema.

Por fim, Eternos se consolida como um filme diferente dos demais da Marvel, lançados nos últimos 10 anos, focando mais na história e na humanidade dos heróis do que nas cenas de ação, apesar de estarem presentes e serem maravilhosas. Agora, resta saber se as opiniões contrárias às decisões tomadas no filme farão com que a Marvel se amedronte e volte à fórmula anterior ou se seguirá inovando nas próximas produções, mesmo com as diversas críticas.

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Jonny Sales

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