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Jorge Vercillo garante novidades e dá recado: 'política atrasada'

Cantor comentou sobre novos trabalhos e parcerias

O artista ainda falou sobre o álbum 'Raça Menina'.
O artista ainda falou sobre o álbum 'Raça Menina'. |  Foto: Foto: Rede Social
 

O  cantor Jorge Vercillo, conhecido pela versatilidade e parcerias que vão do samba a MPB, passando pelo Jazz e músicas eletrônicas, agora se arrisca com novos formatos e singles inéditos. Seu novo trabalho, 'Raça Menina' homenageia sua filha, Luiza de um aninho. O álbum conta com participações de Cassiano Andrade e o ex-The Voice Brasil, Júnior Meireles.

A música mais recente do artista é o single 'Endereço', que tem a produção de Rafinha RSQ, artista da nova geração que trabalhou com vários cantores da atualidade. O Enfoco conversou com Vercillo, que soltou o verbo e foi bem direto com suas convicções. Confira!

Jorge Vercillo Oficial
 

Em 'Endereço', você faz uma parceria com Rafinha RSQ, jovem artista que mistura diversos elementos da nossa música e também tem parcerias com cantores como Xand Avião, Gabriel Diniz, Leo Santana. Como surgiu essa parceria com o Rafinha e como avalia esse cenário jovem da música com novos elementos, inclusive, sonoros? Está sempre antenado às novidades?

"Foi sensacional! Foi uma música que eu acabei entrando na parceria, fazendo parte da construção da letra da segunda parte. Mas a produção é toda do Rafinha, o que acho incrível, porque traz um ar de renovação, porque ele é um nome que está bastante na moda dentro desse universo pop, do samba, enfim... Além de dialogar bem com o público jovem. E foi uma coisa tão fantástica, que nós optamos por levar também para o clipe essa coisa dos Hitmakers, que são produtores e compositores influentes hoje em dia, se juntarem para fazerem um hit para o Jorge Vercillo. Ainda mais eu sendo também compositor. E eu gostei muito da música, me identifiquei bastante. Foi uma junção perfeita! Costumo brincar dizendo que hoje sou um Jorge Vercillo mais novo e atual. Falando sério agora o que disse antes não deixa de ser verdade, vou me renovando ou pelo menos tentando aprender mais com o mundo que nos cerca a cada dia, aprendo muito com os meus filhos e espero poder ter muita coisa pra ensinar aí eles também, pois a realidade é algo fascinante e muito relativa, a realidade muda a cada segundo".

Seu disco 'Nas minhas mãos', do sucesso 'Linda Flor', do Gabriel Burlamaqui, tem outros nomes como Thiaguinho, Péricles, Ronaldinho, além do Vini Vercillo. Acredita que a mistura é a renovação da música? Já adotou de vez essa alcunha de artista versátil?

"Neste álbum eu faço diálogo com vários estilos e universos bem diferentes dos percorridos por mim até hoje. Apresentando canções como 'Fantasias', samba gravado em parceria com o cantor Thiaguinho que já está tocando nas rádios; e 'Garra', música de unificação política gravada com Ronaldinho Gaúcho. Além da pulsante e sensual 'Nas Minhas Mãos', que dá nome ao álbum. Em seguida veio a ideia desse projeto em que eu faço diálogo com vários estilos e universos, artistas de universos diferentes. De 'Encontro das Águas' até 'Nas minhas mãos', e agora 'Raça Menina', venho cumprindo uma das missões prioritárias de minha 'programação existencial': Emocionar, inspirar e propor novas formas de viver através das melodias. E meus discos sempre vêm com uma versatilidade muito grande, às vezes excessiva pra parte da crítica. Eles, em sua maioria trazem uma mistura entre samba, pagode, balada pop-rock, Ijexá, Soul music, reggae, samba-funk, lounge e etc.... tudo isso é MPB."

Seus sucessos foram marcados também em trilhas de novela, como 'Ciclo' (A Lua me disse), 'Memória do prazer' (Fina Estampa), 'Deve ser' (Viver a vida), 'Ela une todas as coisas' (Duas Caras). No entanto, o modo de ouvir e vender música nos dias atuais mudou, passando para plataformas online de áudio. Como enxerga essa mudança? 

A arte é a expressão humana, é uma coisa viva e o que faz de nós humanos, diferentes. Através da linguagem, do reconhecimento do que é belo. O homem é um animal simbólico, ele morre, e dá a vida pelo simbolismo. A arte é uma conexão com algo superior, divino, especial… Ela sempre está se transformando. E desde que o mundo decidiu que a agora a música é de graça foi uma transformação na vida de todos os artistas. Do compositor, cantor, de quem trabalhava com venda de disco, produção musical, arranjo, engenheiros, mixagens. O mercado digital é meio que um cala a boca, quase que como uma pirataria oficializada. O conceito é muito bom, mas o que se ganha é muito pouco. Paga-se muito mal."

Seu álbum 'Raça menina', reflete ainda mais mistura com parcerias do Brasil e também do mundo. Aos 53 anos e com uma sólida carreira, aonde quer chegar o 'novo' Jorge Vercillo?

"O álbum “Raça Menina”, vem sendo lançado, faixa a faixa, nas plataformas digitais. Começamos pela música título do projeto, que faz uma homenagem para a minha filha, Luiza, de um aninho. E é uma música que fala muito sobre o quanto é mágico e encantador ser pai de uma menina. É uma canção que fala do amor que a gente sente por essa 'raça menina', com uma levada indiana e meio mística, muito característica do meu interesse também pela ufologia.  Ainda estamos na fase da infância da consciência humana e a gente precisa de mais tempo para evoluir através do tempo mesmo. É com essa percepção que a minha música está ligada, se propõe, do universo, da realidade que nos cerca. O álbum também conta com a faixa 'Sobrenome Amor' que tem a participação do Cassiano Andrade, que passa uma mensagem de paz, amor e união, muito importante, em especial para esse momento em que estamos vivendo. Além de já termos disponibilizado também as faixas Tempestade, com participação do ex- The Voice Brasil Júnior Meireles; e 'Luz do Sol', uma nova versão que fiz da música lançada inicialmente por Caetano Veloso. 

Agora, recentemente chegou nas plataformas o single e clipe de Endereço, que é a minha atual música de trabalho. O restante desse albúm será lançado ainda esse mês, no Clube Jorge Vercillo e também irei disponibilizar algumas demos de outras canções ainda desconhecidas do grande público, além de vídeos pessoais, caseiros, entre outros conteúdos inéditos, que serão lançados sempre antes no clube e só depois nas demais plataformas de streaming. Esse álbum tem um flerte maior com a música eletrônica e aí traz produções  com o Lourival Rodriguez, o Rafinha RSQ, o Leo Mucuri, enfim... vários produtores, espalhados pelo mundo. Então esse álbum reúne músicas que estão ficando com arranjos muito modernos, trazendo além do eletrônico e do pop, ritmos como o reggaeton, o afrobeat, tem o R&B, o Trap. O Clube Jorge Vercillo será apresentado aos meus fãs em breve. Já o conteúdo para o grande público em geral, estamos estudando ainda a data, mas será ao longo deste primeiro semestre de 2022".

Inevitável falar sobre pandemia e transmissões online. Como viveu o momento e o que espera daqui pra frente?

"Essa pandemia impactou na minha vida de todas as formas possíveis. Eu perdi parentes, trabalhos... Mas em compensação eu tive tempo também para reestruturar a minha vida para receber o nascimento da minha filha, para estar mais com ela, do que eu poderia caso estivesse na estrada. Tenho muito mais a agradecer do que reclamar. Mas, profissionalmente falando, sem sombras de dúvidas, a classe cultural perdeu muito e eu fico preocupado e pasmo de como nós não temos nenhuma liderança e nenhuma representatividade. Porque a arte precisa continuar, o povo precisa de cultura. Não tem e não faz sentido, estarmos com todos os restaurantes, botequins abertos, o povo bebendo sem máscaras, os voos os transportes públicos lotados e só os profissionais da cultura não poderem trabalhar. Se não vira uma perseguição pessoal e a gente não quer acreditar que seja isso."

Estamos em ano de eleição e há ataques à cultura dos mais variados gêneros, além da polarização Lula x Bolsonaro. Acredita numa terceira via ou acha que em janeiro de 2023 teremos velhas figuras do cenário político no Executivo brasileiro?

"O que eu vejo claramente, é que o Brasil está desalinhado. Acho que essa polarização política vai muito além do Lula ou do Bolsonaro. Essa eterna briga entre o capitalismo e o socialismo, na minha opinião são duas tendências boas e que nós podemos fazer uso das duas para o nosso bem. Independentemente de ser Lula ou Bolsonaro. Gostaria de ver em 2023 um outro candidato que estivesse acima dessa briga. Fico muito triste de ver amigos e famílias se dividindo, se aborrecendo e se magoando no Brasil. A maneira de se fazer política no mundo, principalmente no Brasil, ainda é muito atrasada, seja com quem for. Então esses dois presidentes são lado opostos de moeda, que na verdade já não valem mais. Não servem mais. Então se eu tiver que opinar, eu vou opinar pela vida, pelo respeito a todas as formas de vida no planeta".

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