'Mekukradjá Obikàrà'

Niterói abre mostra sobre povo Kayapó com presença do cacique Raoni

Exposição fica no MAC até o fim de novembro

Cacique Raoni é uma liderança Kayapó conhecida internacionalmente
Cacique Raoni é uma liderança Kayapó conhecida internacionalmente |  Foto: Divulgação/Lucas Benevides/Prefeitura Niterói

Foi inaugurada neste sábado (28) a exposição “Mekukradjá Obikàrà: com os pés em dois mundos”, no mezanino do Museu de Arte Contemporânea (MAC) Niterói. A mostra tem como tema a constante transformação da cultura do povo Mebêngôkre-Kayapó - habitante de seis terras indígenas no sul do Pará e no norte do Mato Grosso. Com experiências imersivas, depoimentos inéditos e um acervo composto por obras produzidas pela nova geração do povo Mebêngôkre-Kayapó, a exposição vai até o dia 26 de novembro.

A abertura da exposição foi marcada por cantos tradicionais apresentados por indígenas Kayapó e teve feira de artesanato, oficina de pintura corporal, mostra de filmes do Coletivo Beture e roda de conversa. A inauguração foi marcada pela presença do cacique Raoni, liderança Kayapó mundialmente reconhecida.

Todos precisamos aproveitar para refletir e pensar em como preservar a natureza. Estamos vendo o que o aquecimento global faz com a Terra, que está cada vez mais quente, e são os próprios homens que estão fazendo isso, prejudicando a vida desse planeta. Todos nós, indígenas e não indígenas, precisamos pensar e refletir para que possamos viver juntos neste planeta e nesse mundo, com todos se respeitando. Estou muito feliz por estar aqui com vocês. Vamos pensar dessa forma. Vamos manter a floresta em pé. E para isso nós temos que estar juntos, sempre lutando pela justa causa de defender a natureza, os animais, os rios. Cacique Raoni,

“Mekukradjá Obikàrà”, o conceito que inspirou e nomeia a mostra, pode ser traduzido para o português como “cultura impura”, resultado da mistura entre a modernidade e tradições Kayapó. Para retratar essa história, membros do Coletivo Audiovisual Beture, responsável pela curadoria da exposição, percorreram aldeias Kayapó para produzir materiais que desconstroem estereótipos sobre a população indígena e fortalecem a cultura da comunidade através de um olhar voltado para o futuro mas que respeite e honre o passado.

Um grupo de cineastas Kayapó viajou por algumas aldeias para produzir materiais que se unem a retratos e vídeos do acervo do Coletivo. Eles se juntam com uma grande tela pintada por 15 mulheres Kayapó durante o Acampamento Terra Livre (ATL) de 2023, fotografias e arquivos históricos.

Haverá, também, feira de artesanato e oficina de pintura corporal
Haverá, também, feira de artesanato e oficina de pintura corporal |  Foto: Divulgação/Lucas Benevides/Prefeitura Niterói

A arquitetura circular do MAC remete às aldeias Kayapó construídas em círculo com a ngá (casa dos homens) no centro e permitirá que o público se transporte ao local de origem dos indígenas e se sinta parte da comunidade. Os espaços contendo fotos, vídeos, obras de artesanato e peças históricas representam diferentes aspectos da cultura e das tradições Kayapó. Por meio das instalações, os visitantes podem conhecer lideranças Kayapó, adornos usados nas festas e rituais até chegarem ao último espaço, dedicado à modernização das tradições.

O prefeito de Niterói, Axel Grael, destacou a preocupação da gestão municipal com a sustentabilidade.

“Niterói tem uma tradição ambientalista e temos mais da metade do nosso território protegido como área florestal e estamos implantando como unidades de conservação para que essas áreas permaneçam dessa forma. Nós queremos que os povos indígenas tenham a cidade de Niterói como uma cidade aliada, nós queremos que vocês reconheçam Niterói como um território que respeita, reconhece e quer ajudar vocês. É um orgulho recebê-los neste evento, em um museu que é uma marca da cidade de Niterói, projetado por Oscar Niemeyer”, afirmou o prefeito Axel Grael.

Imagem ilustrativa da imagem Niterói abre mostra sobre povo Kayapó com presença do cacique Raoni
|  Foto: Divulgação/Lucas Benevides/Prefeitura Niterói

A exposição “Mekukradjá Obikàrà: com os pés em dois mundos” é realizada pelo Tradição e Futuro na Amazônia (TFA), projeto patrocinado pelo programa Petrobras Socioambiental e gerido pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). A Conservação Internacional Brasil e as organizações representativas parceiras do projeto, os institutos Kabu e Raoni e a Associação Floresta Protegida apoiam a iniciativa.

Serviço

Exposição “Mekukradjá Obikàrà: com os pés em dois mundos”

Temporada: Até 26 de novembro

Local: Mezanino do Museu de Arte Contemporânea (MAC) Niterói

Endereço: Mirante da Boa Viagem, s/nº - Boa Viagem, Niterói - RJ

Horário de funcionamento: Terça a domingo, 10h às 18h

Classificação Indicativa: 14 anos

Valor do ingresso: R$16 (inteira) e R$8(meia)

Gratuidades: Crianças menores de 7 anos; estudantes da rede pública (fundamental e médio); moradores e naturais de Niterói; servidoras/es públicos municipais de Niterói; pessoas com deficiência; visitante que chegar ao museu de bicicleta. Às quartas-feiras a visitação é gratuita para todo mundo.

Meia-entrada: Pessoas com mais de 60 anos; estudantes de escolas particulares e universidades; ID Jovem: pessoas de baixa renda com idade entre 15 e 29 anos que estejam inscritas no CadÚnico; professoras/es.

Local de venda dos ingressos: Sympla e Bilheteria do MAC

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