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    O lado nunca ouvido: documentário de Elize Matsunaga já está no ar

    Publicado 08/07/2021 às 17:35 | Autor: Amanda Ribeiro
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    Após quase uma década presa, é a primeira vez que Eliza dá entrevista. Foto: Divulgação/Netflix

    O documentário "Elize Matsunaga: Era uma vez um crime", que conta a história do crime que chocou o Brasil, chegou à Netflix nesta quinta-feira (8). A primeira vez que a ré confessa fala sobre o caso desde que foi presa em 2016 foi na produção.

    No documentário, que é dividido em 4 episódios, de cerca de 50 minutos, e foi gravado durante duas "saidinhas" da prisão, Elize conta a sua versão dos fatos e o que a motivou a assassinar e esquartejar o marido, Marcos Matsunaga, diretor e herdeiro da empresa de alimentos Yoki.

    "Não é sobre quem cometeu, até porque ela é ré confessa. Mas, sim, uma história sobre 'como'. É uma guerra de narrativas. E o lado dela nunca foi ouvido. E, mesmo depois de ouvi-la, você não consegue saber a verdade. Esse é o pedal da narrativa", explica o produtor Gustavo Mello.

    Após longos meses de negociação, Elize, que não sabia o que era Netflix, já que está presa há quase uma década, decidiu falar pela primeira vez fora dos tribunais e afirma que será uma forma da filha ter um relato dela.

    “Quero ter a oportunidade de falar para ela o que houve de verdade. Olha, minha filha, eu tentei fazer diferente, eu tentei não errar, mas eu não consegui”.

    Elize Matsunaga
    https://www.youtube.com/watch?v=g-E-ZSEFk_s
    Trailer Oficial da série mostra momentos relevadores de Elize. Vídeo: Netflix

    De acordo com a equipe, que é formada majoritariamente por mulheres, durante as gravação Elize se abriu de uma forma muito forte.

    “O primeiro contato com a Elize foi muito rico porque ela se abriu de uma forma muito forte. Se permitiu ser gravada tomando banho. Foi como uma metáfora de desnudar-se para a câmera. E a Janice [D’Ávila, diretora de fotografia] conseguiu gravar essas cenas expositivas de forma respeitosa, para ir contra a estereotipização da garota de programa", conta a diretora Eliza Capai, que já fez documentários premiados como Espero tua (Re)Volta e O Jabuti e a Anta.

    Ao todo a produção reuniu 20 pessoas entrevistadas, entre elas jornalistas, advogados, especialistas criminais, familiares e amigos — tanto de Elize quanto de Marcos. Para Capai o maior desafio foi a responsabilidade moral que sentiu ao dirigir a série documental.

    "Não só pela família do Marcos, pelas filhas dele, os pais, irmão e amigos que sofreram com essa tragédia, mas também pela família da Elize — a tia, a avó, pessoas que não sabiam de nada daquilo, mas que também sofrem as consequências até hoje. Apesar de tudo, elas amam essa pessoa que cometeu uma barbaridade", explicou.

    O crime aconteceu em 2012. Foto: Divulgação/Netflix

    Já no primeiro episódio Elize afirma não saber que tipo de emoção fez ela apertar o gatilho.

    “Eu estava sentindo tanta coisa ali. Eu estava sentindo raiva dele, eu estava sentindo medo, eu estava sentindo alívio de eu não estar louca”.

    Elize Matsunaga

    O documentário "Elize Matsunaga: Era uma vez um crime" está disponível em 190 países.

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