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O lado nunca ouvido: documentário de Elize Matsunaga já está no ar
O documentário "Elize Matsunaga: Era uma vez um crime", que conta a história do crime que chocou o Brasil, chegou à Netflix nesta quinta-feira (8). A primeira vez que a ré confessa fala sobre o caso desde que foi presa em 2016 foi na produção.
No documentário, que é dividido em 4 episódios, de cerca de 50 minutos, e foi gravado durante duas "saidinhas" da prisão, Elize conta a sua versão dos fatos e o que a motivou a assassinar e esquartejar o marido, Marcos Matsunaga, diretor e herdeiro da empresa de alimentos Yoki.
"Não é sobre quem cometeu, até porque ela é ré confessa. Mas, sim, uma história sobre 'como'. É uma guerra de narrativas. E o lado dela nunca foi ouvido. E, mesmo depois de ouvi-la, você não consegue saber a verdade. Esse é o pedal da narrativa", explica o produtor Gustavo Mello.
Após longos meses de negociação, Elize, que não sabia o que era Netflix, já que está presa há quase uma década, decidiu falar pela primeira vez fora dos tribunais e afirma que será uma forma da filha ter um relato dela.
“Quero ter a oportunidade de falar para ela o que houve de verdade. Olha, minha filha, eu tentei fazer diferente, eu tentei não errar, mas eu não consegui”.
Elize Matsunaga
De acordo com a equipe, que é formada majoritariamente por mulheres, durante as gravação Elize se abriu de uma forma muito forte.
“O primeiro contato com a Elize foi muito rico porque ela se abriu de uma forma muito forte. Se permitiu ser gravada tomando banho. Foi como uma metáfora de desnudar-se para a câmera. E a Janice [D’Ávila, diretora de fotografia] conseguiu gravar essas cenas expositivas de forma respeitosa, para ir contra a estereotipização da garota de programa", conta a diretora Eliza Capai, que já fez documentários premiados como Espero tua (Re)Volta e O Jabuti e a Anta.
Ao todo a produção reuniu 20 pessoas entrevistadas, entre elas jornalistas, advogados, especialistas criminais, familiares e amigos — tanto de Elize quanto de Marcos. Para Capai o maior desafio foi a responsabilidade moral que sentiu ao dirigir a série documental.
"Não só pela família do Marcos, pelas filhas dele, os pais, irmão e amigos que sofreram com essa tragédia, mas também pela família da Elize — a tia, a avó, pessoas que não sabiam de nada daquilo, mas que também sofrem as consequências até hoje. Apesar de tudo, elas amam essa pessoa que cometeu uma barbaridade", explicou.
Já no primeiro episódio Elize afirma não saber que tipo de emoção fez ela apertar o gatilho.
“Eu estava sentindo tanta coisa ali. Eu estava sentindo raiva dele, eu estava sentindo medo, eu estava sentindo alívio de eu não estar louca”.
Elize Matsunaga
O documentário "Elize Matsunaga: Era uma vez um crime" está disponível em 190 países.
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