Soltou o papo

'Uma professora salvou a minha vida', diz Emicida sobre educação

Rapper comentou sobre a importância de professores em sua vida

Emicida relatou que lidar com a escola era um desafio, devido a frequentes ataques racistas
Emicida relatou que lidar com a escola era um desafio, devido a frequentes ataques racistas |  Foto: Via Redes Sociais
 

O rapper Emicida dividiu sua história em uma roda de conversa nesta sexta-feira (8), no Festival Led: Luz na educação, no Museu do Amanhã, na Praça Mauá, Rio. Ele comentou sobre a importância que a educação teve durante sua trajetória de vida e afirmou que não seria o que é hoje se, quando criança, uma professora não tivesse lhe dado motivações para ir mais longe.

Um dos nomes mais importantes na música brasileira, com uma expressiva visibilidade e tomando frentes em lutas raciais, Emicida dividiu com o público o valor que uma profissional da área de educação teve para que ele trilhasse seu caminho.

"Na quarta série decidi não ir mais para a escola. Os ataques contra minha pele e meu cabelo ficaram mais agudos. Minha mãe me deixava no colégio, esperava ela virar a esquina e ia para uma praça", relatou.

Na época, o rapper tinha somente 9 anos, e, ao começar a faltar frequentemente as aulas, os inspetores e algumas professoras do colégio começaram a perceber que algo estava errado.

“Um dia fui fazer a mesma coisa e elas correram atrás de mim. Fui correndo e vi um tubo de esgoto. Desci o tubo e fui caminhando, tentando não pisar, e saí em outra rua. Fugi nesse dia, mas minha professora, Rita de Cássia, não desistiu.”, disse o rapper.

Emicida relatou que lidar com a escola era um desafio, devido a frequentes ataques racistas, e sua grande dificuldade de interação. Mas tudo piorou ainda mais quando perdeu seu pai.

"Foi a primeira vez que sai do seio da minha família e comecei a sofrer ataques com frequência, por meu cabelo e minha pele. Na época, era a única criança de pele escura na sala e isso se repetiu muito. Na quarta série, junto com o luto, os ataques ficaram bem mais intensificados e eu não aguentava mais", continuou.

A minha professora não queria que eu ficasse em um bueiro de esgoto a vida toda. Eu existo porque tinha uma professora teimosa, que correu atrás de mim, me tirou do esgoto e salvou a minha vida Emicida, Rapper
  

De acordo com o rapper, ao perceber o que estava acontecendo, uma professora começou a tentar interagir com ele, perguntando quais eram os interesses educativos dele, já que era, segundo o relato, Emicida era uma criança curiosa e tinha grande admiração por livros. Ao responder que amava histórias em quadrinhos, o rapper disse que foi ali que ela arrumou um caminho para conseguir resgatá-lo. 

"Ela se ligou que eu não gostava de estudar, mas gostava de histórias em quadrinhos. E começou a me dar todas as matérias em histórias em quadrinhos. Todos sabem quanto um professor ganha, quanto trabalho tem. E ela teve todo esses esforço por uma só criança", comentou com emoção.

Seu relato emocionou diversos educadores que estavam no local, em uma roda de conversa denominada 'A ponte para o futuro vem do passado - uma educação crítica e antirracista'.

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