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    Viradouro aposta na força de Malunguinho em busca do tetra

    Escola de Niterói é a terceira a desfilar neste domingo (2)

    Publicado 02/03/2025 às 8:11 | Autor: Agência Brasil
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    Destaque de carro alegórico da Viradouro
    Destaque de carro alegórico da Viradouro |  Foto: Tânia Rego/ Agência Brasil

    No quilombo do Catucá, Zona da Mata de Pernambuco, resistiam os negros, em um Brasil ainda escravocrata. É neste cenário, nos idos de 1817, 1818, com regiões rebeladas contra o colonialismo e marcadas por fugas, que ganham força os quilombos – como o Catucá – sob o comando de negros determinados a lutar por liberdade.

    Entre eles, João Batista, apelidado de Malunguinho, numa referência a malungo, como se chamavam uns aos outros, nome africano, equivalente a companheiro.

    É justamente João Batista, principal líder dessa resistência quilombola na região, a figura central da história que a Unidos do Viradouro vai contar em 2025 na Marquês de Sapucaí.

    Campeã do carnaval deste ano, a Vermelha e Branca de Niterói escolheu a saga do líder quilombola, anti-escravagista e libertário para defender sua posição, com o enredo “Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos”.

    Malunguinho é venerado no Catimbó-Jurema
    Malunguinho é venerado no Catimbó-Jurema |  Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

    Destemido, defendeu o quilombo contra os ataques dos senhores de engenho, insatisfeitos com a resistência preta e indígena que se formava na floresta. Último líder do Catucá, ele morreu durante combate, defendendo seu povo, em 1835.

    O carnavalesco Tarcísio Zanon, que já ganhou dois dos três títulos da Viradouro, incluindo o de 2024, conta como a escola pretende exaltar Malunguinho:

    "É um enredo muito interessante porque a gente vai contar um personagem que sobreviveu dentro de um culto e que hoje entra para a historiografia nacional, e que a gente pretende colocá-lo num lugar de importância como ele merece: primeiro mostrando a história dele e demonstrando o quanto ele foi importante para a libertação do seu povo. Essa figura desse grande anti-herói, que foi João Batista, o Malunguinho, hoje mensageiro de três mundos na Unidos do Viradouro".

    Tarcísio Zanon e Alessandra Reis, diretora de Ateliê da Viradouro
    Tarcísio Zanon e Alessandra Reis, diretora de Ateliê da Viradouro |  Foto: Tânia Rego/ Agência Brasil

    Desbravador das florestas, para combater os invasores, João Batista aprendeu muito com os povos originários sobre os segredos das ervas. Hoje, Malunguinho é venerado no Catimbó-Jurema, culto afro-indígena à árvore sagrada de nome Jurema, que detém poderes curativos e espirituais – um dos três mundos do enredo.

    Ele é cultuado como caboclo, entidade das matas, orientador espiritual e exu-trunqueiro, que abre os caminhos da floresta.

    Segundo Tarcísio Zanon, os setores do enredo vão apresentar em detalhes a importância de João Batista não só na resistência aos colonizadores, mas no mundo espiritual.

    "O nosso enredo é dividido em quatro setores. Num primeiro momento, a gente vai contar a história do João Batista, que é esse último dos malungos, esse líder quilombola, e logo após a gente entra nessas três falanges espirituais, em que o Malunguinho aprendeu durante a vida para que ele pudesse dar consulta hoje no Catimbó-Jurema."

    A Unidos do Viradouro será a terceira escola a se apresentar na Marquês de Sapucaí neste domingo, primeiro dos três dias de desfiles do Grupo Especial. 

    Veja a ordem dos defiles deste domingo:

    Unidos de Padre Miguel - 22h

    Imperatriz Leopoldinense - entre 23h20 e 23h30

    Viradouro - entre 0h40 e 1h

    Mangueira - entre 2h e 2h30

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