Esportes
Derrocada da Superliga Europeia é uma vitória do povo
A Superliga Europeia chegou ao fim poucos dias depois do anúncio oficial. Eram alguns dos clubes mais ricos do mundo querendo aumentar ainda mais o abismo financeiro em relação aos restantes. Verdadeiros forasteiros apaixonados por grana, que vêm abandonando de vez qualquer tipo de escrúpulo em nome de contas bancárias cada vez mais cheias.
A reação foi rápida, e foi linda. O povo foi às ruas em vários países do Velho Continente para exigir o que é nosso por direito. Não se tira o futebol de suas raízes. Não se acaçapa clubes menores, limitando ainda mais seus vôos em um cenário completamente inserido no capitalismo selvagem — e muitas vezes desleal. Qualquer campo é digno de criar suas historias. E limitar isso é simplesmente criminoso.
Merecemos ver um Leicester ganhar a Premier League. Merecemos ver uma Chapecoense disparar como um foguete, da Série D à final da Sul Americana. Merecemos ver o Volta Redonda liderando o Carioca. Essas e tantas outras fábulas são o suprassumo do futebol. Não se corta as asas, independente do tamanho do vôo. Todo clube grande já foi pequeno um dia. Inviabilizar esse processo é ceifar nossos direitos.
O posicionamento de celebridades e ídolos também foi fundamental. Nomes que fizeram historia no esporte e conhecem muito mais esse mundo do que os engravatados engomadinhos que só pensam em lucro. Traz felicidade ver que figuras como Gary Neville, que venceu tudo dentro dos gramados, não perdeu a essência do nosso esporte.
E pior: fizeram tudo às escuras, se organizaram em silêncio durante anos e tentaram implementar um golpe. Derrubar e sabotar a Champions League — a maior competição da historia — em nome da ganância. Por sorte, o tiro saiu pela culatra. A resignação de figurões, arregando um por um, foi digno de prazer. CEOs deixando clubes, presidentes renunciando e o povo nas ruas vibrando.
É claro que isso terá uma contrapartida. Não sejamos ingênuos achando que desistiriam sem uma contrapartida. É provável que a Uefa ceda às exigências dos cartolas e aumente ainda mais a premiação da competição. Mas, dos males, o menor. Contenção de danos. Pela várzea, pelos emergentes, pela renovação dos campeonatos, que encham mais um pouco o bolso dos canalhas.
Por maior que sejam suas fortunas, o futebol ainda é nosso. Lutaremos por ele. Vocês podem ter o dinheiro, mas jamais terão o poder. Este pertence às torcidas apaixonadas por todo o mundo. Não cederemos aos seus caprichos e suas vontades. Vocês não moldarão o nosso esporte a seu bel-prazer.
O futebol é do povo. E, dessa vez, a vitória também.
A resenha está garantida com o jornalista Pedro Chilingue que, além dos bastidores do mundo esportivo, também traz o melhor dos torneios regionais.
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