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Em meio ao caos, Alerj pisa na historia do futebol carioca

Imagem ilustrativa da imagem Em meio ao caos, Alerj pisa na historia do futebol carioca
Projeto depende agora da sanção do governador. Foto: Maracanã / Divulgação

Há cerca de um ano vivemos o momento mais delicado do século. Lutando contra um inimigo invisível ficamos meses trancafiados em casa assistindo pessoas próximas nos deixando.

No mundo do esporte, a pandemia também teve fortes reflexos. Clubes quebrando, estádios vazios, campeonatos embolados por conta dos adiamentos, times desfalcados devido ao vírus.

Claro que nada disso é mais pesado que as mortes, distanciamento e crise econômica. Mas isso não justifica agirmos de qualquer maneira quanto aos assuntos menos importantes.

Foi o que fez a Alerj na última terça-feira, ao aprovar autoritariamente um projeto que ignora todo o contexto histórico do futebol carioca. O dia 9 de março de 2021 marcou um dos maiores desrespeitos de todos os tempos.

Trocar o nome do Maracanã é um desaforo aos que amam o futebol. Não pela homenagem a Pelé, é claro; o Rei é o maior e isto não está em discussão por aqui. A questão é o que foi feito com Mário Filho.

Mário Filho é marcante na historia do futebol carioca. Foto: Reprodução

Repórter esportivo e apaixonado por futebol, Mário é o responsável pela essência que nosso estádio carrega. Além disso, foi um verdadeiro disseminador da cultura popular que o mundo da bola representa até os dias atuais.

Mário iniciou a campanha de construção do Maracanã, sempre fazendo questão de localizá-lo em uma região mais central da cidade - enquanto políticos queriam levá-lo para a Barra da Tijuca, área historicamente mais abastada.

Um dos idealizadores do Torneio Rio-São Paulo e criador do Mundo dos Sports - um dos primeiros jornais setorizados do país - Mário, o 'criador das multidões', como era conhecido, era a bandeira humana que exalava a ideia central da nossa mística - o futebol era do povo e para o povo.

Pelé é gigante e até acho que merecia mais reconhecimento por parte dos brasileiros, mas o Maracanã não precisa ser essa vertente. Edson Arantes do Nascimento já batizou estádios e centros de treinamento em diversas regiões do país.

O Rio de Janeiro é protagonista de sua própria historia - e ela não existe sem Mário Filho. Desta forma, o projeto de lei idealizado por André Ceciliano, com suporte de Bebeto, Marcio Pacheco, Eurico Junior, Carlos Minc, Coronel Salema e Alexandre Knoploch é simplesmente um desaforo à identidade do nosso futebol.

No entanto, tal qual uma bola quicando dentro da pequena área aos 48 minutos do segundo tempo da final do campeonato, ainda temos uma última chance - e ela caiu no colo de Cláudio Castro, governador em exercício.

Só ele pode vetar essa mudança autoritária, megalomaníaca e desnecessária. Para que Mário Filho possa continuar descansando em paz e que nunca seja esquecido pelas próximas gerações, #VetaGovernador!

O Maracanã é Estádio Jornalista Mário Filho. E sempre será!

A resenha está garantida com o jornalista Pedro Chilingue, que além dos bastidores do mundo esportivo, também traz o melhor dos torneiros regionais.

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