Esportes
Ex-atletas de projeto em São Gonçalo se destacam nas Ilhas Faroé
Jogar na Europa é um sonho para muitas atletas, mas desbravar o futebol feminino das Ilhas Faroé - território autônomo ligado à Dinamarca - não estava nos planos da dupla Katlyn Ferreira Soares (24 anos) e Francielly Cristina (27). Até 2019, elas atuavam no Projeto Karanba, na cidade de São Gonçalo, e agora vestem a camisa do 07 Vestur, sendo as primeiras brasileiras da história contratadas para atuar no futebol local.
Katlyn, que é zagueira, não esconde que viveu um misto de espanto e animação com o convite inesperado. Moradora do Jardim Catarina, bairro carente de São Gonçalo, ela passou a viver uma realidade totalmente diferente.
"Fiquei pensando: 'que lugar é esse, meu Deus?' (risos). Mas, quando me deparei com o lugar, de cara me apaixonei e continuo cada vez mais apaixonada. Estou longe da minha família, longe do meu país, mas posso afirmar que está sendo a maior experiência da minha vida", afirmou.
A goleira Francielly é outra que vem encarando, dia após dia, a adaptação de estar num pequeno território europeu, de clima extremamente frio, mas em um clube que oferece excelente estrutura de trabalho.
"O frio é surreal, mas o país é cheio de pontos lindos. No futebol, as meninas têm muita força e velocidade. Nosso clube investe bastante no futebol feminino e a estrutura é ótima. Além disso, fomos muito bem recebidas. Aqui eles abraçam as pessoas", contou.
Carinho pelo Karanba
Juntas nas Ilhas Faroé, Katlyn e Francielly estavam, até pouco tempo, vestindo a camisa do Karanba, que possui forte relação com o futebol feminino. A passagem no projeto de São Gonçalo foi fundamental para que elas mantivessem vivo o sonho de atuar profissionalmente fora do país.
"O Karanba tem importância na minha vida desde 2019. Pode parecer pouco tempo, mas foi nesse período que muita coisa mudou para melhor. E digo não apenas no futebol, mas também na educação. Eu falo com o maior gosto possível que já fiz parte desse projeto", relembra Katlyn, que enumera alguns dos ensinamentos que carrega consigo.
"Através do Karanba me tornei uma atleta mais centrada, responsável, com mais experiência. Foram muitos puxões de orelha da Natane [treinadora do projeto]. Sou fã dela e muito grata a todos que sempre acreditaram em mim", revelou.
Francielly também demonstra gratidão pelos momentos vividos no Karanba. O suporte, dentro e fora de campo, serviu para pavimentar o caminho que levou até a Europa.
"Agradeço ao Karanba por sempre ter me abraçado. Sou só gratidão a toda a equipe. São todos incríveis. O Tommy [fundador do projeto] e os professores me abriram as portas. Admiro demais a professora Natane. Durante a pandemia, fui uma das pessoas atendidas por meses com cestas básicas, que me ajudaram muito", relembrou.
Enquanto a dupla alça voos no futebol europeu, o Karanba segue realizando trabalho de fortalecimento do futebol feminino, oferecendo treinamentos gratuitos na sede do projeto, localizado no bairro de Vista Alegre, na cidade de São Gonçalo. As inscrições são abertas para meninas e mulheres de todas as idades.
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