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Jogador de Niterói, xará de estádio, brilha no futebol europeu: 'Grande momento'
Caio Martins ganhou mural na comunidade da Igrejinha
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Ele saiu da comunidade da Igrejinha, no Largo da Batalha, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, rodou por diversos clubes do país e agora brilha no Argeş, tradicional time da Romênia, na Europa, que tem trabalhado para retornar ao topo do futebol romeno, após passar por períodos de dificuldades financeiras e esportivas.
O atacante Caio Martins, de 24 anos, é um dos reforços da temporada e tem sido peça importante na boa campanha do time, que figura entre os primeiros colocados da tabela. Em setembro, ele foi nomeado o Jogador do Mês, na Superliga.
Com 3 gols e 3 assistências em 12 partidas, o brasileiro já conquistou espaço dentro e fora de campo. Tanto que virou tema de um mural de grafite gigante na sua comunidade de origem, onde é reconhecido como exemplo de superação e orgulho. A arte foi feita por Siri do Muro, com assistência do artista plástico Leandro Ribeiro.
Entre um treino e outro, Caio falou ao ENFOCO sobre a emoção de ver sua história estampada na parede da comunidade:
Foi um turbilhão de sentimentos, sensações inexplicáveis, saber que de alguma forma estou contribuindo para a comunidade de onde eu saí, e não tenho dúvidas que servirá de inspiração para os mais novos que ali vivem. Pra mim o mais importante é isso, se eu consegui, eles também conseguem
A pintura começou no dia 19 de setembro e foi concluída dois dias depois. Para Siri do Muro, idealizador da arte, com assistência do artista plástico Leandro Ribeiro, o mural vai além da homenagem: representa a vitória de quem saiu de uma realidade difícil e venceu com muito esforço.
“Pra mim, Caio simboliza luta, fé, conquista e orgulho. Chegou um momento que eu estava pintando e tinha um enorme grupo de pessoas acompanhando a pintura, reconhecendo o rosto do Caio. Dava pra perceber nitidamente o orgulho das pessoas por ele”, contou Siri, que é artista e produtor cultural.
Sobre a parceria com Leandro Ribeiro, ele destaca:
“Além de trabalhar junto com o Leandro Ribeiro, somos amigos há muitos anos. Nesse trabalho, ele me ajudou com sua experiência e dedicação pra fazermos essa arte. A participação dele foi muito importante pra conseguir concluir essa homenagem ao Caio.”
A ligação de Caio com a Igrejinha continua viva. É lá que seu pai e tio coordenam o projeto social Igrejinha do Amanhã, que oferece aulas de futebol para crianças da comunidade aos sábados. Foi ali, em 2007, que Caio deu seus primeiros chutes.
Carreira internacional
O Argeş é o segundo clube europeu da carreira de Caio. Na temporada passada, ele defendeu o FC Bălți, da Moldávia, onde foi artilheiro da liga, com 15 gols em 26 jogos. No Brasil, o atacante também atuou por clubes do Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Pará.
O Argeş, por sua vez, é um dos clubes mais tradicionais da Romênia. Campeão nacional em 1972 e 1979, é também o time de Nicolae Dobrin, ídolo local considerado o maior jogador romeno antes de Gheorghe Hagi.
Nas competições europeias, o Argeş se orgulha especialmente da vitória por 2 a 1 sobre o Real Madrid, no jogo de ida das oitavas de final da Champions League de 1972-73, ainda que tenha sido eliminado na volta.
O clube manda seus jogos no Estádio Municipal de Pitești, que possui uma capacidade para aproximadamente 15 mil espectadores.
Em 2025, Caio tem se destacado em campo e feito parte de um elenco que, segundo ele, tem espírito coletivo e humildade:
"Vivemos um grande momento, acredito que o nosso dia a dia é o que está fazendo a gente chegar onde estamos. Um grupo fechado, honesto, que não tem vaidade. E em relação ao meu individual, quero ainda sim ressaltar o trabalho do grupo, pois se estou tendo um desempenho bom, eles fazem parte disso", diz Caio.
Adaptação à Europa e evolução
O atacante também falou sobre as diferenças de trabalho e sua adaptação ao futebol romeno:
"A metodologia de trabalho aqui é muito diferente, tanto taticamente, quanto na intensidade, mas estou me adaptando muito bem, cada dia melhor. Fora de campo a adaptação está sendo muito boa, uma experiência incrível para mim. Todos que estão aqui entendem o que é jogar em um time tradicional, e desde a minha estreia a torcida me acolheu bastante, então acredito que nem senti tanto o peso, me sinto em casa", conta.
Sobre o crescimento pessoal e profissional desde sua primeira experiência fora do país, Caio reflete:
“Acredito que sempre que você sobe para um próximo nível, seja em qualquer área da vida, a nossa forma de pensar, de se comportar, ela acaba mudando, porque é necessário a gente evoluir. Então acredito que estou em constante evolução, dia pós dia.”
Superação pessoal
Entre os desafios da carreira, Caio não esconde que o mais duro foi lidar com a perda da mãe, ainda na adolescência. Ele conta que esse momento quase o fez desistir do sonho.
“O momento mais difícil pra mim foi quando, ainda muito jovem, com 17 e 18 anos, minha mãe infelizmente veio a falecer. Aí é quando o nosso mundo desaparece, a gente não encontra forças para continuar. Meses depois, um cara que hoje se tornou um grande amigo meu, que eu tenho o prazer de ressaltar aqui o nome dele: Roberto Júnior, também no ramo do futebol, arrumou pra mim uma avaliação no Sampaio Corrêa-RJ, onde foi o meu primeiro clube como profissional".
Depois disso, segundo o atleta, foi onde ele começou a alcançar graus maiores, até jogar uma primeira divisão na Europa, na Moldávia.
"Foi onde consegui ir muito bem, sendo o artilheiro da competição, fazendo 15 gols em 26 partidas. Foi onde tudo mudou.”
Hoje, Caio diz estar totalmente adaptado à nova realidade e até arrisca algumas palavras em romeno:
“Está sendo uma experiência sensacional. E sim, o básico a gente consegue: pedir algo, um bom dia, boa tarde, boa noite”, conta, rindo.
Planos e sonho da Champions
Com os pés no chão, Caio revela seus próximos objetivos na carreira:
“No momento, o meu intuito é continuar construindo minha carreira aqui na Europa e, futuramente, sim, retornar ao Brasil. Um dos maiores desejos é um dia disputar uma Champions League, mas gradativamente. É literalmente um passo de cada vez. Somente assim a gente chega.”
Para quem sonha em seguir o mesmo caminho, o atacante deixa um conselho:
“Primeiramente, Deus! E depois a nossa dedicação: o quanto você está disposto a pagar o preço, o quanto você acredita. Por mais que sua situação no hoje seja difícil, seja desagradável, é acreditar, é sacrificar prazeres momentâneos. Acredito que é isso que faz a gente alcançar nossos objetivos e todas as nossas metas.”
Ezequiel Manhães
Redator
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