Bola fora!
Mulher de Landim, diretora do Flamengo é investigada pela polícia
Angela Machado é acusada de crime de xenofobia
A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) abriu inquérito para investigar a diretora de responsabilidade social do Flamengo, Angela Machado, por crime de xenofobia. Casada com o presidente do clube, Rodolfo Landim, ela postou nas redes sociais uma mensagem com ataques a nordestinos horas depois do resultado da eleição de domingo, que deu a vitória a Lula sobre Bolsonaro.
A mensagem refere-se à vantagem que Lula teve entre os eleitores do Nordeste: foram 69,34% dos votos para o candidato do PT na região.
"Ganhamos onde se produz, perdemos onde se passa férias. Bora trabalhar porque se o gado morrer, o carrapato passa fome", dizia a publicação de Angela, que será ouvida nos próximos dias na delegacia especializada.
A frase gerou uma onda de revolta entre torcedores rubro-negros e houve pedidos para que Angela fosse demitida do clube. Isso porque o ataque atingiu uma grande parte da torcida do Flamengo: percentualmente, o Nordeste tem mais rubro-negros do que o Sudeste, com ao menos um a cada quatro torcedores.
Angela será investigada pelo crime de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, cuja pena pode ser de 2 a 5 anos e multa, em razão de ter sido praticado por intermédio de meio de comunicação social.
O desembargador Siro Darlan, que é benemérito do Flamengo e do grupo político Fla-Tradição, fez dois requerimentos à diretoria do clube pedindo a destituição de Angela do cargo e o impeachment de Rodolfo Landim.
"Diante de tal gravidade, requer seja instaurado o necessário processo de destituição da Diretora Ângela Machado como um necessário ato de reparação a imensa torcida nordestina do Flamengo", diz trecho do requerimento.
'FERI COM MEUS ATOS'
Nesta quinta-feira (3), Angela, que é sergipana, pediu desculpas após reconhecer que a mensagem é preconceituosa e fez um novo post.
Leia o pedido de desculpas na íntegra:
"Me chamo Angela Machado, nascida e criada em Aracaju, Sergipe, onde vivi por mais de 28 anos. Lá, ainda vivem minha mãe e parentes, além de muitos amigos sergipanos. Tenho muito orgulho da minha cidade e de ser nordestina. Ao menos três vezes por ano vou com meus filhos e meu marido para minha cidade natal. Além de outras cidades do nordeste.
No último fim de semana, após as eleições, circularam muitas postagens com reclamações sobre o resultado das urnas. Não escrevi nenhuma dessas postagens que circularam. Mas, no calor da situação, compartilhei algumas mensagens e postagens e, entre elas, havia uma que citava de forma preconceituosa os meus conterrâneos nordestinos.
Peço desculpas pelo meu erro, reconheço e respeito o processo democrático e o resultado das urnas. E torço para que o próximo governo tenha êxito pelo bem do nosso país, independente de qualquer ideologia.
Peço desculpas também ao povo nordestino, aos sergipanos e a todos que, de alguma forma, feri com meus atos. E, inclusive minha família, com quem me desculpei diretamente."
PRESIDENTE DEFENDE A MULHER
O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, saiu em defesa da mulher. O dirigente disse que “de forma distorcida" ela repostou uma mensagem que recebeu.
"Angela é extremamente religiosa. É unanimidade no Flamengo. Todos a amam. Foi quase um desabafo, por ver a terra que ela tanto ama, ela achar que não vai ter nos próximos anos o destino que ela gostaria que tivesse. Ela tem o direito de se posicionar”, disse, antes de saber que a mulher seria investigada pelo crime.
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