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O que estão fazendo com o torcedor brasileiro é covardia, é humilhação

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|  Foto: Foto: Reprodução/Redes Sociais
Estádio Centenário, no Uruguai, será palco das finais sul-americanas. Foto: Reprodução/Redes Sociais

O comunicado da Conmebol sobre a venda de ingressos para as finais de Sul-Americana e Libertadores, no Estádio Centenário, em Montevidéu, no Uruguai, caiu como um soco no estômago do torcedor brasileiro. Não só para as torcidas de Flamengo, Palmeiras, Bragantino e Athletico, mas também para qualquer um que tenha alguma esperança de que o futebol volte a valorizar suas raízes.

Tudo soa muito distante. A partida única em outro país, ao invés de dois grandes duelos com estádios brasileiros lotados; o preço exorbitante das entradas, afastando enorme parte dos torcedores, que realmente acompanham e vivem o dia a dia dos clubes; e, principalmente, a moeda utilizada na cobrança. Ter de pagar em dólar é a grande demonstração de que o futebol da América virou um escravo da Europa.

Deboche

Porque não basta gastar mais de um salário mínimo no ingresso mais barato da Libertadores; não basta ainda ter que arcar com os altos custos de viagem e hospedagem; não basta limitar o espaço dos torcedores a menos de 8 mil para cada clube. Passamos pelo deboche de pagar em uma moeda utilizada apenas pelo Equador na América do Sul. Por que? Pois a Conmebol está muito mais preocupada em agradar patrocinadores, parceiros e companhias de turismo.

Aos poucos, a competição mais importante do nosso continente vai tendo suas principais características próprias limadas em função de uma padronização que só favorece os europeus. Nossos moldes, nossas tradições, nossas raízes, que fizeram o futebol brasileiro (e sul-americano) ser o que é hoje; tudo sendo abandonado em tom de subserviência a quem pouco se importa conosco.

Há muito a se espelhar no futebol europeu, claro. E é exatamente o que ignoramos: calendário, profissionalismo, liga forte, unidade, cooperação entre os clubes e, principalmente confederações que zelem por seus clubes e seleções lutando pelos reais direitos e necessidades - não virando as costas para seus filiados para agradar os mais poderosos.

Esperança

Não peguei a época de ingressos a cinco reais na antiga "geral" do Maracanã. No entanto, vou lutar até o fim da minha vida para que meus filhos e netos possam usufruir do mesmo direito. A frase mais repetida em minhas colunas: o futebol é do povo e para o povo. Tudo que fuja disso é errado e precisa ser combatido. Não há futebol forte sem torcidas engajadas.

Enquanto a Conmebol — apoiada cegamente pela CBF — nos empurrar goela abaixo este processo de europeização, o futebol brasileiro - e, consequentemente, o sul-americano - vai se enfraquecer, perder relevância e, pior de tudo, deixar no passado o charme que o fez ser a potência que sempre foi. A equação atual, nada favorável, mostra o esporte enfraquecido e as torcidas cada vez mais afastadas. Precisamos falar sobre isso enquanto ainda há tempo.

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