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Ronaldo, Fábio e a SAF: as novas polêmicas do futebol brasileiro já começaram

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|  Foto: Foto: Reprodução/Redes Sociais
Cruzeiro teve Sociedade Anônima comprada por Ronaldo Fenômeno. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Cruzeiro e Botafogo são os dois primeiros clubes grandes a serem 'vendidos' no Brasil. Os mineiros, em processo já concluído junto à empresa de Ronaldo 'Fenômeno'; os cariocas, ainda com a caneta na mão para assinar os últimos documentos. Embora a novidade tenha menos de um mês, já temos a primeira polêmica — e ela mostra que a relação entre empresas e torcidas não será apenas de paz.

Nesta semana pudemos ver as primeiras ações do R9 enquanto CEO da Raposa. E uma delas gerou uma verdadeira revolta nas redes sociais — e até nos portões do Centro de Treinamento: a saída do goleiro Fábio, de 41 anos. Ídolo e camisa 1 titular da China Azul desde 2005, o arqueiro não terá mais seu contrato renovado, ainda que já houvesse um acordo com a diretoria anterior desde o fim de 2021.

Despedida

A decisão mexeu com as emoções dos cruzeirenses. A maioria absoluta não aceitou a decisão e ficou indignada com o tratamento dado ao jogador, amado pelas arquibancadas há mais de uma década. Em sua conta no Instagram, Fábio escreveu uma despedida emocionada e aparentemente insatisfeito com a dispensa, alegando que aceitaria adequar seu salário à nova realidade do clube.

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Do outro lado, o Cruzeiro — já representado pela equipe instaurada por Ronaldo — alegou que ofereceu um vínculo mais curto, com término junto ao fim do Campeonato Mineiro, na intenção de viabilizar uma despedida digna ao ídolo. No entanto, mostrou pulso firme da nova ótica adotada por quem investe em busca de lucro: renovação, jogadores jovens com potencial de venda futura e aposta nas categorias de base.

Negócios à parte

Esta é a mentalidade de uma empresa como qualquer outra. Deixando de lado a paixão do torcedor, algo que vamos demorar a acostumar devido às décadas e décadas de clubes comandados por amadores. Se não há como pagar, o corte é necessário. Se o jogador não se encaixa na nova política, não tem por que renovar. Vai incomodar, vai causar estranheza, vai gerar várias situações como a de Fábio. Mas não é a visão profissional que tanto pedimos no Brasil?

Foi oferecido a Fábio um contrato de três meses com R$ 50 mil de salário. Alguém aqui não ficaria feliz recebendo essa bolada? Ainda mais a alguns meses da aposentadoria? Pois é. Faltou jogo de cintura a Fábio, que poderia ser um grande elo entre a bancada e os novos sócios neste momento crucial para a sobrevivência do Cruzeiro. O orgulho falou mais alto e o bolso (ainda que já bastante cheio) também.

Em áudio vazado, o empresário Pedro Lourenço, o 'Pedrinho dos Supermercados BH', patrocinador forte do Cruzeiro, saiu em defesa do goleiro Fábio.

"Eu não vou comprar essa briga com o Ronaldo, ele que é o dono, que comprou o Cruzeiro. Mas eu acho que as pessoas merecem respeito. Tem que ter gratidão pelo que as pessoas fazem. E parece que essa turma do Ronaldo pegou o Cruzeiro foi para ganhar dinheiro, não quer saber de gratidão"

Ora, mas não é lógico que essa é a motivação? Ou pensam que as empresas virão para o Brasil, como a Eagle Holdings, do bilionário americano John Textor, investidor interessado na Sociedade Anônima do Botafogo, para fazer caridade? Para doar milhões e tocar o clube da forma que a torcida preferir? Isso não faz sentido algum e é um absurdo ainda maior quando sai da boca de um empresário renomado como ele.

Zona de conforto

A verdade é que todos querem profissionalismo, querem quitar as pendências financeiras, querem ter um CEO com nome bonitinho, mas ninguém deseja sair da zona de conforto. Vender parte do clube não é uma maravilha; é apenas a última solução para clubes com mais de bilhão de dívidas - que só não fecharam as portas ainda porque o Brasil não é e nunca foi um país sério neste sentido.

Boa sorte a Cruzeiro e Botafogo - e a todos os outros clubes que entrem para o mundo dos negócios profissionais. O sucesso é possível, mas todos precisamos aprender mais e falar menos em um momento de tantas mudanças. Entender que entramos nessa situação pois as práticas antigas não podem mais existir e por muito pouco não aniquilaram a existência de camisas tão pesadas no Brasil. Este é apenas o início de uma nova era. Aceitemos os sacrifícios!

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