Conflitos
A guerra política que causa silêncio nos lares brasileiros
Eleições serão no dia 2 de outubro
Faltam 5 dias para o 1º turno das eleições presidenciais. Mesmo com outros candidatos disputando a Presidência, a rivalidade entre apoiadores de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) é o que mais chama a atenção no atual cenário político brasileiro.
O ex-presidente e o atual lideram, nesta ordem, as pesquisas eleitorais. Na última pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha, nesta sexta-feira (23), Lula tinha 47% das intenções de voto, contra 33% de Bolsonaro. Essa disputa, no entanto, não está presente somente nos discursos políticos, nas pesquisas ou nas mídias especializadas.
O embate, muitas vezes, acontece dentro de casa
O ENFOCO conversou com pessoas que relataram viver discussões políticas dentro de suas casas. A estudante de química no Instituto Federal do Rio de Janeiro, Andressa Amorim, de 23 anos, falou sobre conflitos que acontecem em sua família.
''Eu fico bem incomodada com essas discussões, porque na maioria das vezes as pessoas não aceitam opiniões diferentes das delas e isso acaba gerando esses conflitos, que na maioria das vezes não terminam bem e são bem desgastantes'', explicou.
Por conta desses conflitos, Andressa, que tem um viés mais à esquerda, explica que se sente desmotivada a ter conversas sobre política dentro de sua casa.
No meu caso, eu evito conversar sobre política, principalmente com familiares de opiniões contrárias, porque são as conversas que tem mais chance de ter um estresse
Outra pessoa que vive uma situação de conflito político dentro de sua casa e acaba utilizando a 'fuga do silêncio' é o consultor de negócios, André Martins, de 55 anos.
''Existe uma fuga do assunto. Ouço diariamente canais de direita. Os meus filhos não chegam a me questionar. Eles consomem conteúdos de esquerda. Quando eu vejo eles vendo esse tipo de coisa, procuro não render tanto no assunto também porque sei que em uma situação de discussão eu vou até o fim'', relatou.
Por fim, o bolsonarista André faz uma leitura sobre os embates políticos, sem culpar seus filhos por ter uma opinião contrária à sua.
Se a gente acreditou em um encantador de serpentes (forma que se refere ao ex-presidente Lula), é normal que os jovens também acreditem. A juventude acredita, como acreditamos no passado. Eu respeito
O sociólogo Rafael Rua, formado Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz que os embates não são atribuídos unicamente aos problemas de ideologia e rivalidade política.
''A polarização política, a diferença ideológica, a rivalidade de campos políticos não são problemas em si. O problema central é a configuração do ódio como ferramenta política, pois isso tem um foco na destruição de um inimigo. Dito isso, não há simetria entre petismo e bolsonarismo, que se apropriou disso como estratégia de formação política'', garantiu.
Ele entende que dentro das famílias é comum a ideia da fuga do assunto.
''Muitas famílias têm adotado um silenciamento como forma de garantir alguma sociabilidade, tendo em vista que as divergências e paixões são distintas. Então, mais do que debater e confrontar, é melhor se calar para não ter briga'', explicou, corroborando com experiência vivida por Andressa e André em suas respectivas famílias.
Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!