Locomoção

Aumento do diesel pode reduzir frotas de ônibus; entenda

Além do combustível, preço da gasolina apresentou alta

Espera por ônibus pode aumentar devido ao preço do diesel.
Espera por ônibus pode aumentar devido ao preço do diesel. |  Foto: Arquivo / Alex Ramos
 

A população das cidades brasileiras pode enfrentar uma falta generalizada de transporte público se houver novo aumento do óleo diesel nos próximos dias. A avaliação é do presidente da Agência Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) Francisco Christovam, que afirma, que os veículos poderão apenas rodar nos horários de pico.

"Se não forem definidas fontes para cobrir esses custos adicionais, as operadoras serão obrigadas a racionar o combustível e oferecer apenas viagens nos horários de pico pela manhã e à tarde. No resto do tempo, os ônibus terão que ficar parados nas garagens. As empresas não querem praticar uma operação seletiva, atendendo apenas linhas e horários de maior demanda, mas serão obrigadas a adotar essa medida radical porque não suportam mais os sucessivos aumentos de custo e os prejuízos".

Segundo a NTU, a redução da oferta dos serviços representará um impacto direto na rotina de 43 milhões de passageiros que dependem desse serviço todos os dias; operando apenas nos horários de pico, os ônibus deixarão de rodar no meio da manhã e da tarde, à noite e nos finais de semana.

"A esmagadora maioria das nossas associadas está sem caixa para fazer frente a mais um reajuste; não há como comprar o diesel para rodar, colocar um ônibus na rua com tanque vazio seria uma irresponsabilidade. A consequência desse aumento, se vier, será a piora da qualidade do transporte. E é a população que sofre com o adiamento das medidas que precisam ser tomadas", completa Christovam.

O diesel é o segundo item de custo que mais pesa no valor da tarifa dos ônibus urbanos, depois da mão de obra, com uma participação média de 30,2% no custo geral das operadoras do transporte público.

"Os aumentos registrados de janeiro para cá, da ordem de 35% nas refinarias, já representam um aumento nos custos do transporte público por ônibus em 10,6% só este ano.Esse impacto ainda não foi compensado por aumentos de tarifa ou subsídios por parte das prefeituras, que contratam os serviços de transporte público", explica o presidente. 

Segundo cálculo da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), o reajuste teria que ser de 24% no diesel e 12% no preço da gasolina, motivados pela variação cambial e pelo aumento dos preços internacionais do petróleo.

Para o presidente da NTU, a solução seria a adoção de mecanismos para a estabilização dos preços dos combustíveis, que vão da reformulação da estrutura tributária incidente sobre o diesel à adoção de políticas de preços especiais para setores essenciais como o de transporte público.

Ainda de acordo com a Agência, uma alternativa seria a separação entre a tarifa pública, de utilização do ônibus, da tarifa técnica, ou de remuneração dos custos das operadoras, com a diferença sendo arcada pelo poder público. "Assim, os aumentos de custo decorrentes dos reajustes do diesel podem ser compensados sem onerar a tarifa do passageiro pagante, que já está excessivamente sacrificado com a alta da inflação", explica Christovam.

A NTU propõe ainda a adoção de outras duas medidas para resolver o problema: em primeiro lugar, a desoneração de todos os tributos que incidem sobre os insumos utilizados pelo transporte público, que representam, somados, uma carga tributária de 35,6%, extremamente elevada por incidir sobre um serviço essencial utilizado principalmente pela população de menor renda.

Preços

O preço da gasolina está em crescimento pela quarta semana seguida. Dados divulgados nesta sexta-feira (6) pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontam um novo recorde nos preços dos postos de gasolina.  

A média da gasolina ficou R$ 7,295 nesta semana. Isso representa uma alta de 0,16% em relação ao levantamento anterior. Esse valor é o maior pago pelos consumidores desde 2004 quando o levantamento semanal de preços da ANP foi iniciado. 

Um posto em Santa Catarina foi o mais caro encontrado custando R$ 8,999. O menor foi encontrado por R$ 6,199. A ANP apurou os preços em cinco mil postos pelo Brasil.

O Diesel também aumentou. O valor do combustível registrou um avanço de 0,30% e foi para R$ 6,330. Já o etanol diminiuiu 1,77% para R$ 5,441 o litro.

Nesta quinta-feira (5), a Petrobrás chegou a informar que o lucro obtido no primeiro trimestre deste ano foi de R$ 44, 561 bilhões. Esse valor é 3.718,4% maior do que o conquistado no ano passado quando o lucro foi de R$ 1,167 bilhão.

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