Pesquisa

Consumir duas cervejas por dia pode evitar demência em idosos

Estudo aponta um consumo moderado, mas com ressalvas

A pesquisa não deve ser utilizada como um indicador para a ingestão alcoólica
A pesquisa não deve ser utilizada como um indicador para a ingestão alcoólica |  Foto: Marcelo Eugênio
 

De acordo com um estudo conduzido por pesquisadores de vários países, o consumo moderado de álcool para pessoas com mais de 60 anos pode evitar a demência. A análise foi conduzida por cientistas do Centro para Envelhecimento Saudável do Cérebro, da Universidade de New South Wales, na Austrália.

Mais de 25 indivíduos fizeram parte de 15 estudos epidemiológicos, dirigidos em nações de todos os continentes. Tudo foi publicado na revista científica Addiction.

Na análise, foi observado que os participantes que bebiam moderadamente, em comparação com os que não ingeriram álcool algum, apresentavam incidência nos casos de demência de até 38% menor. Também foi comparado os que bebiam, mas largaram o hábito, com os que nunca ingeriram bebidas alcoólicas. Contudo, não houve uma diferença significativa entre estes dois. 

Segundo os cientistas, a quantidade certa de consumo para um risco menor de comprometimento cognitivo em maiores de 60 anos, é de 40 gramas por dia. Eles ressaltam que o aconselhável é de consumir 2 unidades no máximo, acima disso pode gerar um aumento de riscos.

Estudo não indicou um tipo específico de cerveja a ser consumido
Estudo não indicou um tipo específico de cerveja a ser consumido |  Foto: Pixabay
  

Outro trabalho publicado no British Medical Journal (BMJ), conduzido por pesquisadores da França e do Reino Unido, fez uma análise no qual foi observada 10 mil pessoas, ficando evidente que o consumo de cerca de duas latas ou taça de vinho apresenta uma diminuição de demência em 47% se comparado com os que não ingeriram álcool. Já nos que ingeriram além disto, o resultado foi um efeito inverso, aumentando o risco em 17%.

Os especialistas acreditam que estes efeitos acontecem devido à capacidade de conter a inflamação do cérebro e modular uma concentração da proteína beta-amilóide, que é associada ao Alzheimer, por exemplo.

Outra aposta dos cientistas é o fato de que a baixa ingestão do álcool pode ser capaz de ativar o sistema glinfático, o que acaba limpando as toxinas do cérebro, protegendo os neurônios e as células cerebrais.

Contudo, também foi ressaltado que a pesquisa não deve ser utilizada como um indicador para a ingestão alcoólica, no intuito de se proteger contra demência. Deve-se ser levado em consideração que a bebida pode acarretar outras doenças cardiovasculares e outros impactos ao cérebro, ressaltam os pesquisadores.

"O estudo atual encontrou evidências consistentes para sugerir que a abstinência de álcool na vida adulta está associada ao aumento do risco de demência internacionalmente. Esses achados precisam ser equilibrados com evidências de neuroimagem sugerindo que mesmo níveis baixos de uso de álcool estão associados a uma pior saúde cerebral, bem como a relações dose-resposta entre o uso de álcool e outros resultados de saúde, incluindo alguns tipos de câncer. Por essas razões, não é recomendado aconselhar aqueles que atualmente se abstêm a começar a beber", escreveram os autores.

Este fato deixa em evidência que o ato de consumir o álcool pode ser encarado de maneira balanceado. Apesar da incidência em demência, o consumo pode acarretar outros problemas. 

De acordo com um estudo publicado pelo periódico Neurology, coletados por três décadas com cerca de 10 mil pessoas, existem outros métodos de evitar a demência como: controlar o colesterol e a taxa de açúcar no sangue; permanecer ativo; manter a pressão arterial adequada; adotar uma alimentação saudável; evitar o sobrepeso e não fumar.

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