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Contra mudanças no plano de saúde, trabalhadores dos Correios fazem ato no Rio
Centenas de trabalhadores dos Correios realizaram hoje (12) um ato em frente ao edifício-sede da estatal no Rio de Janeiro, localizado na Cidade Nova, na região central da capital. Eles estão em greve desde às 22h de ontem (11). A mobilização é nacional e o principal objetivo é evitar mudanças no plano de saúde dos funcionários. Hoje (12), o Tribunal Superior do Trabalho (TST) julga a questão, uma vez que não houve acordo entre os empregados e a direção da empresa.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Rio de Janeiro (Sintect-RJ), Ronaldo Martins, avalia que a paralisação alcança 80% de adesão no estado. Por sua vez, a direção dos Correios informou nesta tarde que 87,15% do efetivo total em todo o país continua trabalhando.
"Trata-se de um aumento abusivo. A mensalidade do nosso plano é acordo com a referência salarial. Vem sendo assim durante 30 anos. Mas o presidente da empresa quer impôr à categoria um valor por cada dependente. E o salário base de um trabalhador novo dos Correios hoje é R$1,6 mil. Se ele tiver três ou quatro filhos, vai ter que pagar no mínimo R$600 com plano de saúde, o que consumirá uma fatia desproporcional do seu salário", afirmou Ronaldo Martins.
Segundo ele, a continuidade da greve será discutida em assembleia amanhã (13) e a decisão do TST será relevante para os caminhos da mobilização. O sindicalista destaca ainda que a paralisação reivindica contratação de pessoal e melhorias nas condições de trabalho. Dados do Sintect-RJ apontam que, só no Rio de Janeiro, há um déficit de 3 mil funcionários e não há concursos desde 2011.
"Há um processo proposital de abandono e sucateamento, para preparar um terreno favorável à privatização", disse um trabalhador que se identificou apenas como carteiro Gaspar. Ele diz não acreditar que os Correios, tendo um volume de trabalho tão intenso, esteja operando no vermelho.
Gaspar conta que foi demitido em 1997 por participar de uma paralisação e, durante cinco anos, se envolveu em uma longa briga judicial, onde obteve duas liminares favoráveis e foi reintegrado. Em 2002, porém, ele foi desligado por uma decisão de primeira instância e só retornou no ano passado, beneficiado pelos efeitos da Lei Federal 11.282/2006, que anistiou todos funcionários punidos por participação em greves que ocorreram entre março de 1997 e março de 1998.
"Encontrei uma empresa muito diferente daquela de 15 anos atrás. Um déficit enorme de trabalhadores, não só pelos programas de demissão voluntária, mas também pela falta de reposição daqueles que se aposentaram. E nessa situação, ficamos muito sobrecarregados e somos o tempo todo cobrados por mais eficiência. Então, as pessoas adoecem fisicamente, psicologicamente ou mentalmente. Isso sem falar dos problemas físicos do ambiente de trabalho. Há menos de um mês, houve uma paralisação em uma unidade de Jacarepaguá pelas péssimas condições", contou.
Em nota, os Correios informaram que a estatal enfrenta uma grave crise financeira e os custos do plano de saúde dos trabalhadores representam 10% do faturamento total. "Mesmo reconhecendo que a greve é um direito do trabalhador, a empresa entende o movimento atual como injustificado e ilegal, pois não houve descumprimento de qualquer cláusula do acordo coletivo de trabalho da categoria". Ainda segundo os Correios, as representações dos trabalhadores divulgaram uma extensa pauta de reivindicações que nada têm a ver com a mudança na forma de custeio do plano de saúde, o verdadeiro motivo da paralisação.
"O assunto foi discutido exaustivamente com as representações dos trabalhadores desde outubro de 2016, tanto no âmbito administrativo quanto em mediação pelo TST, que apresentou proposta aceita pelos Correios mas recusada pelas representações dos trabalhadores. Após diversas tentativas de acordo sem sucesso, a empresa se viu obrigada a ingressar com pedido de julgamento no TST", acrescentou a estatal.
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