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    Deputado federal faz discurso transfóbico no Dia da Mulher

    Ele ainda usou uma peruca para ofender mulheres trans

    Publicado 09/03/2023 às 7:49 | Atualizado em 09/03/2023 às 8:11 | Autor: Agnes Aguiar
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    O deputado federal Nikolas Ferreira usou discurso para proferir frases transfóbicas
    O deputado federal Nikolas Ferreira usou discurso para proferir frases transfóbicas |  Foto: Reprodução/TV Câmara

    O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) usou o seu tempo de discurso no plenário da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (8), para proferir palavras de transfobia em pleno Dia Internacional da Mulher. A transfobia é crime com pena prevista de até três anos de reclusão.

    Na ocasião, o deputado usou uma peruca e disse que “se sente mulher”, para logo depois se autointitular “deputada Nicole”.

    “Me sinto mulher, deputada Nicole, e tenho algo muito interessante para falar. As mulheres estão perdendo o seu espaço para homens que se sentem mulheres”, iniciou o discurso transfóbico.

    “E para terem ideia do perigo de tudo isso, estão querendo colocar uma imposição de uma realidade que não é uma realidade. Eu posso ir para a cadeia caso seja condenado por transfobia, porque eu, no Dia Internacional das Mulheres, há dois anos, parabenizei as ‘mulheres XX’. Ou você concorda com o que estão dizendo ou, caso contrário, você é um transfóbico, um preconceituoso”, seguiu em seu discurso.

    O deputado bolsonarista finalizou suas falas transfóbicas informando que as “mulheres não devem nada ao feminismo”. “O feminismo exalta mulheres que nada fizeram”, afirmou Nikolas.

    Vale lembrar que o deputado já responde judicialmente por transfobia contra a deputada Duda Salabert (PDT-MG), que é uma mulher trans.

    “Ele é homem. É isso o que está na certidão dele, independentemente do que ele acha que é”, afirmou Ferreira, à época, quando ambos eram vereadores em Belo Horizonte (MG).

    A fala transfóbica de Nikolas provocou reações em diversos deputados alinhados à base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o parlamentar deve ser punido. “Passou da hora de agir. O deboche e o ultraje ocupam o plenário”, enfatizou.

    A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) respondeu ao deputado Nikolas durante seu discurso na Câmara dos Deputados. 

    “A transfobia ultrapassa a liberdade de discurso garantida pela imunidade parlamentar. Afinal, transfobia é crime”, afirma a deputada.

    Tabata também ressaltou que o deputado usou o Dia Internacional da Mulher para tirar tempo de outras deputadas se expressarem, com um discurso que possui "fala preconceituosa, criminosa, absurda e nojenta". Além disso, ela cobrou que outros parlamentares endossem o pedido de cassação.

    “Quando você ofende uma mulher, você ofende a todas nós. Quando você faz uma fala criminosa como essa, você coloca a fala de todas nós em risco. Essa é a Casa do povo, não dá para fingir que nada aconteceu e seguir os trabalhos depois dessa fala”, discursou a parlamentar.

    Após as falas transfóbicas, o deputado federal Guilherme Boulos também classificou discurso de Nikolas como crime. Logo depois, o parlamentar bolsonarista foi flagrado tentando argumentar com Boulos sobre o caso.

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