Absurdo

Diretora de escola pede censura a livro que fala sobre racismo

'Nojento' criticou a diretora da instituição

Diretora assinou ata de aprovação
Diretora assinou ata de aprovação |  Foto: Reprodução - Redes sociais

A diretora Janaina Venzon, da escola Escola Ernesto Alves, em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, divulgou um vídeo pedindo a suspensão dos 200 exemplares do livro "O Avesso da Pele", enviados a escola. A obra, foi escrita por Jeferson Tenório e vencedor do Prêmio Jabuti 2021.

O livro foi selecionado pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) para ser utilizado por professores e estudantes de escolas públicas em todo o país. 

A controvérsia teve início quando Janaina Venzon, diretora da escola, divulgou um vídeo criticando a obra de Tenório. No vídeo, ela destacou trechos de "O Avesso da Pele" que, segundo ela, continham "vocabulários de baixo nível".

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Na legenda do vídeo, Janaina expressou sua lamentação quanto ao fato de o Governo Federal, por meio do Ministério da Educação (MEC), adquirir e enviar essa obra literária para as escolas, considerando inadequado o seu conteúdo para ser trabalhado com estudantes do ensino médio.

''Lamentável o governo federal, através do MEC [Ministério da Educação] adquirir esta obra literária e enviar para as escolas com vocabulários de tão baixo nível para serem trabalhados com estudantes do ensino médio. Solicito ao Ministério da Educação buscar os 200 exemplares enviados para a escola. Prezamos pela educação dos nossos estudantes e não pela vulgaridade'', criticou Janaina Venzom. 

Nas redes sociais, o autor do livro rebateu:

O mais curioso é que as palavras de ‘baixo calão’ e os atos sexuais do livro causam mais incômodo do que o racismo, a violência policial e a morte de pessoas negras Jeferson Tenório, autor do livro O Avesso da Pele

Além disso, o vereador Rodrigo Rabuske (PRD) também manifestou sua opinião contrária, classificando como "absurdo" o uso de "O Avesso da Pele" nas escolas, em publicação feita em suas redes sociais.

É importante ressaltar que as obras selecionadas para compor o PNLD passam por uma série de avaliações técnicas, físicas e pedagógicas realizadas por especialistas, além de serem analisadas por professores. A escolha e o registro das obras escolhidas são de responsabilidade dos diretores das escolas.

O que diz o MEC

O Ministério de Educação e Cultura (MEC), desmentiu, através de uma nota, a professora, afirmando que os livros são escolhidos pelos professores. Leia na íntegra:

"Peças de desinformação estão repercutindo de maneira deturpada a escolha da obra “O Avesso da Pele” como material a ser adotado em salas de aula no Brasil. O livro do autor Jeferson Tenório traduzido para 16 idiomas e ganhador do Jabuti, principal prêmio literário brasileiro, foi incluído no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) por meio de portaria em 2022 depois de passar por uma seleção publicada em edital de 2019.

A escolha das obras literárias a serem adotadas em sala de aula é feita pelos educadores de cada escola a partir de um Guia Digital onde as obras integrantes do programa estão listadas para conhecimento de professores e gestores. Diferentemente do que conteúdos maliciosos estão repercutindo, como se o Ministério da Educação enviasse os livros a despeito de qualquer manifestação dos educadores pelo envio dos livros, os livros são distribuídos às escolas somente após a escolha dos profissionais de educação, realizada em sistema informatizado do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

A escolha dos materiais do PNLD deve ser realizada de maneira conjunta entre o corpo docente e dirigente da escola com base na análise das informações contidas no Guia do PNLD, considerando-se a adequação e a pertinência das obras em relação à proposta pedagógica de cada instituição escolar e a decisão democrática dos professores."

'Não vamos aceitar qualquer tipo de censura'

Através das redes sociais, Jeferson Tenório, o autor do livro, também se pronunciou e garantiu resistência contra o pedido de censura.

''O Avesso da pele já foi adotado em centenas de escolas pelo Brasil, venceu o prêmio Jabuti, foi finalistas de outros prêmios, teve direitos de publicação vendidos para mais de 10 países, foi adaptado para o teatro. Além disso, o livro foi avaliado pelo PNLD, em 2021, ainda no governo Bolsonaro. A própria diretora assinou a ata de escolha do livro.''

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Editora se manifestou

A editora Companhia das Letras, responsável pela publicação do livro, se manifestou indignação através de uma nota nas redes sociais:

''A Companhia das Letras vem a púbico manifestar sua indignação diante da repercussão do vídeo feito pela diretora de uma escola de Santa Cruz do Sul, RS, que acusa o livro 'O avesso da pele' de conter palavras de “baixo calão”. Como consequência, a 6° Corregedoria Regional de Educação mandou recolher a obra das escolas até uma resposta do governo federal.''

''A obra em questão é vencedora do prêmio Jabuti na categoria melhor romance, e foi inscrita e avaliada pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD 2021) para ser trabalhada no Ensino Médio. “O avesso da pele” foi aprovado por uma banca de educadores, especialistas e mestres em literatura e língua portuguesa juntamente com outros 530 títulos.'', comunicou. 

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