Saúde
Entenda o transtorno sofrido pela mulher que teve relação com sem-teto
Condição pode provocar hipersexualização, segundo especialista
A mulher flagrada pelo marido mantendo relações amorosas com um morador em situação de rua, no Distrito Federal, no último dia 9 de março, foi diagnostica com "transtorno afetivo bipolar em fase maníaca psicótica". Desse modo, devido a repercussão do caso a equipe do Enfoco procurou um especialista em psiquiatria para explicar o que é esse transtorno e como ele afeta as pessoas.
O psiquiatra Ilton Castro, formado pela Faculdade de Medicina do Vale do Aço (MG) primeiro esclarece o mito em volta da bipolaridade.
"Muita gente pensa que o transtorno bipolar ocorre da seguinte forma; um dia acordei bem humorado, a tarde estou irritado e a noite estou brigando com todo mundo e não, isso é o normal, a gente pode variar de humor durante o dia. No caso do transtorno bipolar temos uma alteração duradoura de humor que dura pelo menos sete dias."
Imagina que você acorda com toda energia do mundo durante sete dias , em que você não precisa dormir
O especialista explica ainda que o transtorno afetivo bipolar em fase maníaca psicótica provoca aumento de energia, do pensamento, e a pessoa começa a ficar grandiosa, o ego sobe e é o contrário da depressão.
"A pessoa se sente poderosa, e não enxerga limites, a pessoa fica acelerada porque não dorme, não tem senso crítico, ela perde a noção do que não pode, e o fato da pessoa não dormir, além dela não querer é porque ela não sente necessidade disso. Além disso, a pessoa fica imprudente", disse.
Ilton ainda esclareceu que este transtorno traz uma hipersexualização e que a pessoa perde o filtro de onde e como pode fazer as coisas.
É muito comum neste transtorno o paciente hipersexualizado, o sexo fica muito aflorado.
Como identificar que a pessoa precisa de ajuda:
Segundo o especialista os principais sinais são quando a pessoa não consegue dormir e além de não dormir ela não sente essa necessidade, porque quanto mais não dorme mais elétricas ficam as pessoas e o ego crescendo. Outros pontos são atitudes impensáveis como compras em excesso sem que a pessoa saiba como pagar.
Tratamento
Dentre os tratamentos estão medicamento e a hospitalização. O especialista diz que o tratamento só com medicação e acompanhamento médico é o mais difícil e que a internação costuma ocorrer com mais frequência.
"A pessoa acaba ficando agressiva e é complicado convence-la a fazer o acompanhamento médico e tomar o medicamento, porque para o paciente é bom se sentir com o ego lá em cima, então quando a pessoa se sente a mais desejada e inteligente do mundo é difícil fazer com que aceite o tratamento."
Na psicose você perde a crítica de si mesmo e dignidade
O especialista relembrou os áudios gravados pela mulher após o ato com o morador de rua que relata que via Deus e o marido no morador e conta que esse comportamento mostra que ela ainda estava em surto.
"Durante os áudios, naquele momento ela não tinha juízo de realidade, ela tinha delírios, ela sentia que comandava a situação por um momento, mas ela tinha dificuldade de diferenciar o que era ela, ele, Deus e o marido", relatou.
Julgamento moral
Ilton fez uma crítica ao julgamento da população sobre a mulher e os casos de problemas mentais.
"As pessoas com transtornos mentais sofrem, porque isso é além da capacidade mental deles, o cérebro é um órgão que tem funções que podem adoecer como outros, não julgamos quem teve um infarto, mas a pessoa que teve um quadro maníaco é colocada em situação de risco, porque sofrem com a discriminação."
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