FAB inicia repatriação de brasileiros no Líbano

Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou de Lisboa, Portugal, com destino a Beirute, capital do Líbano, na manhã deste sábado (5), para repatriar cidadãos brasileiros que solicitaram ajuda para retornar ao país. A aeronave, do modelo KC-30, partiu às 6h55 e está prevista para pousar às 11h (horário de Brasília).

A expectativa é que cerca de 220 brasileiros e seus familiares sejam repatriados, embora o número final possa sofrer alterações, já que alguns podem desistir da viagem. O Itamaraty ainda não atualizou a lista dos passageiros confirmados.

Este primeiro voo, inicialmente agendado para a sexta-feira (4), foi adiado devido a questões de segurança, em meio a bombardeios aéreos realizados por Israel em várias regiões do Líbano, afetado por um intenso conflito entre forças israelenses e o grupo extremista Hezbollah. Nos últimos dias, a situação se agravou, resultando na morte de dois cidadãos brasileiros desde o início dos ataques em 20 de setembro.

A operação, chamada "Raízes do Cedro", teve início na madrugada de quarta-feira (2), quando a aeronave partiu da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, rumo a Portugal. Segundo fontes do Itamaraty, quase 3 mil pessoas manifestaram interesse em retornar ao Brasil, a maioria delas residentes no Vale do Bekaa e na capital Beirute.

O brigadeiro Marcelo Damasceno, comandante da Aeronáutica, destacou que o Brasil tem capacidade para repatriar até 500 pessoas por semana do Líbano. A decisão de realizar a missão oficial foi tomada após uma conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chanceler Mauro Vieira, durante a visita ao México para a posse da nova presidente Claudia Sheinbaum.

Desde a última terça-feira, a embaixada em Beirute tem realizado consultas com a comunidade local, e a demanda por repatriação tem crescido diariamente. As listas de pessoas que precisam ser resgatadas estão sendo elaboradas, e o Itamaraty informa que os números podem oscilar, uma vez que algumas famílias conseguem deixar o Líbano por conta própria, enquanto outras entram na lista devido ao aumento dos riscos.

O Brasil já enfrentou uma situação semelhante em 2006, durante a última grande crise militar entre Israel e o Hezbollah, quando cerca de 3 mil brasileiros deixaram o Líbano.

A complexidade do atual conflito armado, que inclui bombardeios que atingem civis e uma invasão por terra por parte de Israel, tem gerado preocupações constantes. O chanceler Mauro Vieira se reuniu no sábado (28) com o chanceler libanês, Abdallah Rashid Bou Habib, para avaliar a situação e discutir as chances de repatriação.

As autoridades brasileiras estão avaliando diversas opções para o resgate, incluindo o uso do aeroporto de Beirute, que permanece aberto, e a possibilidade de utilizar bases aéreas operadas pela Rússia na Síria. A prioridade é garantir a segurança dos cidadãos brasileiros em meio a um cenário de crescente tensão.