Brasil & Mundo
Já é normal na Austrália: brasileiros revelam rotina após controle da Covid-19
Festas, casamentos, público em estádios, restaurantes lotados. A retomada da rotina em países que avançam no controle à pandemia tem chamado a atenção de quem anseia por momentos de liberdade, além de escancarar a ineficiência dos que ainda lutam para driblar a crise sanitária que devasta o globo terrestre.
Na Austrália, por exemplo, o uso de máscaras já foi dispensado e segundo brasileiros que moram no país, a rotina já foi normalizada.
Maria Eduarda Fiorenza, de 23 anos, mora em Sydney desde 2019 e garante que, para ela, o lockdown severo, as multas aplicadas pelo país aos infratores e o fechamento das fronteiras, inclusive internacionais, fizeram a diferença.
"Eu senti que aqui as medidas que deveriam ser tomadas para controlar a pandemia foram aplicadas. Eu já me sinto protegida, todos os casos que tiveram foram controlados"
A Austrália registou a primeira morte por Covid-19 em 2021 nesta segunda-feira (12). Além das medidas já citadas, outros pontos fortes que puderam garantir o retorno a normalidade foi a testagem em massa e o rastreio de contágio. O país, que tem cerca de 25 milhões de habitantes, registou ao todo 29.936 casos confirmados da doença e 910 mortes desde o início da pandemia.
Mesmo com um processo mais lento na vacinação, Maria Eduarda garante que a vida no país está normalizada. Segundo a brasileira, a única restrição são as viagens internacionais.
"A minha vida está 100% normal, eu estou trabalhando há bastante tempo e nada mudou. Tivemos muitas regras de distanciamento social, de limitações em lugares fechados, mas hoje em dia essas normas já estão praticamente acabadas"
A rotina não é muito diferente na Nova Zelândia, que, de acordo com uma pesquisa realizada pelo instituto de australiano Lowy, é o país que melhor lidou com a pandemia. Segundo relatos de brasileiros que estão no local, o fechamento total do país somado a postura do governo e as multas rigorosas aplicadas ajudaram no combate ao vírus.
O Matheus Arguelhes, de 25 anos, mora há três anos em Auckland, na Nova Zelândia, e acredita que além das medidas, os auxílios emergenciais do governo neozelandês foram essenciais para os bons números.
"Sei que a realidade é diferente do Brasil, mas eu tive muita paciência, sempre respeitamos muito o que os profissionais de saúde e as autoridades diziam. A população escutou e por isso saímos do lockdown tão cedo"
Matheus relata que a vida no país também segue com tons de normalidade, sem muita diferença do que era antes da chegada do vírus, exceto pelo uso de máscaras, que ainda é obrigatório somente no transporte público.
"A sensação de voltar ao normal é um alívio. Foi uma das melhores sensações da minha vida. Se tiver que entrar em lockdown de novo, sei que o governo vai dar conta, não tem do que sentir medo"
Com apenas cinco milhões de habitantes, uma população menor que a do estado do Rio, a Nova Zelândia registrou 2.524 casos e 26 óbitos decorrentes da Covid-19, desde o início da pandemia. Número que possibilitou o retorno rápido a rotina.
Mesmo com o controle, em dezembro a primeira-ministra Jacinda Ardern garantiu que não abrirá completamente as fronteiras enquanto a população não estiver 100% vacinada.
"Nós estamos indo o mais rápido que podemos, mas também queremos garantir que a vacina é segura para os neozelandeses. Alguns países estão concedendo autorizações de uso emergencial em resposta à emergência de saúde pública que está afetando suas nações. Obviamente, estamos em uma situação totalmente diferente aqui"
O país pretende começar a vacinação em massa a partir do segundo semestre do ano. A meta do governo é imunizar 90% dos habitantes até dezembro.
'Bolha de viagens'
Na última semana, os governantes da Austrália e da Nova Zelândia anunciaram a 'bolha de viagens'. Medida que passará a funcionar a partir do dia 19 e irá permitir viagens internacionais somente de um país para o outro, sem a necessidade de quarentena.
Brasil
O aumento de casos no Brasil é um processo de decisões tomadas no último ano, alertam especialistas. Segundo o epidemiologista e infectologista Bruno Scarpellini, se o país tivesse seguido os moldes das nações estrangeiras, o resultado poderia ter sido diferente.
"Para conter o estágio que estamos atualmente, já que a população não aderiu as medidas básicas de distanciamento social, a única medida que resolveria no Brasil seria um lockdown verdadeiro e a vacinação em massa"
O infectologista aposta em um lockdown de 30 a 45 dias com a vacinação durante 24 horas por sete dias da semana, ou seja, cinco milhões de pessoas por dia. Mas destaca que para isso acontecer efetivamente seria necessário uma fiscalização e uma organização mais rigorosa.
"Lógico que um lockdown não é simplesmente fechar tudo, sem se importar com o povo. Tem que ser algo orquestrado com vários setores da economia, onde os alugueis, água, luz, escolas não são cobrados. É um risco compartilhado"
Alerta
A pandemia deve permanecer em níveis preocupantes ao longo do mês de abril no Brasil, segundo dados do Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado nesta quarta-feira (14).
Na Semana Epidemiológica 14 - período compreendido entre de 4 a 10 de abril - a tendência de alta de transmissão da Covid-19 se manteve no país, segundo o boletim, com valores recordes no número de óbitos, atingindo uma média de 3.020 mortos por dia, e um aumento de novos casos, com média de 70.200 casos diários. A análise aponta também que a sobrecarga dos hospitais continuou em níveis críticos no período.
A alta proporção de testes com resultados positivos revela que, durante esse período, o vírus permanece em circulação intensa em todo o país. Segundo os pesquisadores do observatório, o quadro epidemiológico pode representar a desaceleração da pandemia, com a formação de um novo patamar, como o ocorrido em meados de 2020, porém com números muito mais elevados de casos graves e óbitos.
Vacina
O Boletim traz ainda um painel sobre a vacinação no Brasil. Do total das pessoas vacinadas (27.567.230) até o dia 10 de abril, 30,2% completaram o esquema vacinal com duas doses e 69,8% receberam apenas a primeira dose do imunizante.
Para controlar a disseminação da pandemia e preservar vidas, os pesquisadores reforçam que é fundamental que os municípios brasileiros, em especial dentro das regiões metropolitanas, adotem medidas convergentes e sinérgicas.
com Agência Brasil
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