Azarado
Jovem prova inocência, mas morre no dia em que sairia da prisão
Caso aconteceu em um presídio estadial de Palmas, no TO
Um jovem, de 23 anos, morreu, após ser inocentado, no dia em que sairia da prisão. Briner de César Bitencourt estava preso há um ano na Unidade Penal de Palmas (UPP), no Tocantins, e havia acabado de conseguir provar sua inocência.
O rapaz adoeceu dentro da unidade prisional e acabou falecendo horas antes de receber o alvará de soltura. Ele havia conseguido ser absolvido das acusações. Agora, a defesa do rapaz cobra explicações do governo do estado. Até o momento, não se sabe a causa da morte.
Briner foi absolvido na última sexta-feira (7), mas não havia ninguém para expedir o alvará de soltura
A história de Briner na prisão começa em outubro de 2021, quando, durante uma operação policial, ele foi encontrado com mais duas pessoas em um imóvel que possuía estufa de cultivo de maconha, em Palmas.
O jovem foi preso em flagrante e levado para a 1ª Delegacia de Polícia Civil, logo em seguida encaminhado para o presídio. Naquela época, a defesa do rapaz negou qualquer associação dele com o crime.
Briner trabalhava como motoboy e não tinha passagem pela polícia. A defesa do rapaz reafirmava, durante todo o tempo em que ele ficou na prisão, que o jovem era inocente e só sublocou um quarto no local onde foi encontrada a estufa. Também foi alegado que Briner não tinha acesso ao espaço.
A advogada do jovem acrescentou que, logo após a prisão, os outros envolvidos negaram qualquer envolvimento do menino com o crime. Mesmo assim, ele teve a prisão preventiva decretada.
Morte
O motoboy foi julgado, absolvido, mas não conseguiu deixar a prisão com vida. Quando estava perto da data do julgamento, o detento começou a apresentar dores por todo o corpo, sintomas que apareceram 15 dias antes de sua morte.
De acordo com a Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju), o estado de saúde do rapaz piorou entre o último domingo (9) e a segunda-feira (10). Quem realizava atendimento médico era a própria unidade, mas, devido à mudança no quadro clínico, ele precisou ser levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Taquaralto, no sul de Palmas.
Na UPA, o jovem chegou em estado grave, precisou ser entubado e teve parada cardíaca. A morte foi confirmada às 4h15 de segunda-feira (10). A Seciju reafirmou que enquanto o jovem estava doente ele foi encaminhado para consultas e recebeu atendimento especializado.
Absolvição
Briner foi absolvido na última sexta-feira (7). No entanto, segundo a sua defesa, após o juiz publicar a sentença, não havia ninguém para dar continuidade e expedir o alvará de soltura.
De acordo com a Seciju, a Central de Alvarás de Soltura da Polícia Penal do Tocantins só recebeu o documento com a decisão autorizando a soltura na segunda-feira (10) às 15h40, horário em que o jovem já estava morto.
A família do rapaz alega que nunca foi informada sobre seu estado de saúde e que, no dia em que recebeu a notícia da soltura, o esperava em casa.
A secretaria alega que seguiu um protocolo de 'sigilo médico/paciente', onde 'os atendimentos realizados durante a custódia não são informados'. O contato com a família foi feito somente após o óbito.
Protesto
Nesta quarta-feira (12), familiares e amigos de Briner realizaram um protesto após o enterro do rapaz. Todos se reuniram em frente à funerária, com balões brancos, e caminharam para a UPP onde Briner estava preso. Durante o ato, uma viatura da polícia foi cercada.
A mãe do motoboy, Élida Pereira, segurava um cartaz com os dizeres 'Nenhuma mãe merece passar por isso'. Ao G1, ela alegou que houve demora no julgamento.
"Meu filho era inocente, ficou um ano preso lá aguardando um juiz. Há vários meses teve a audiência e o juiz não deu a decisão. Acho que em torno de quatro meses que teve essa audiência e o juiz não deu a decisão. Deixou meu filho ficar lá até a morte", lamentou.
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