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    Mandetta diz que Anvisa negou pedido de Bolsonaro para que alterasse bula da cloroquina

    Publicado 04/05/2021 às 17:55 | Autor: Enfoco
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    O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante a coletiva de imprensa e boletim diário, sobre à infecção pelo novo coronavírus no país
    O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante a coletiva de imprensa e boletim diário, sobre à infecção pelo novo coronavírus no país |  Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil
    Ex-ministro da Saúde depôs na CPI da Pandemia do Senado. Foto: Divulgação

    O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta disse nesta terça-feira (4), durante reunião da CPI da Pandemia, que o Estado tem a obrigação de garantir à população o direito de lutar pela vida durante o surto de coronavírus. Ele defendeu que a União ofereça a estados e municípios respiradores e leitos de UTI suficientes para o atendimento de pacientes com covid-19.

    "Viver ou morrer é desígnio de Deus. Mas dar a chance de a pessoa lutar pela vida é dever do Estado. Passamos a primeira onda dando essa oportunidade às pessoas. Compramos 15 mil respiradores a um custo unitário de R$ 13 mil. Arbitramos, fizemos a encomenda e conseguimos garantir o abastecimento de toda a rede nacional", afirmou.

    Ele também afirmou que o presidente Jair Bolsonaro queria que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alterasse a bula da cloroquina para que o medicamento fosse indicado no tratamento da Covid-19. No entanto, segundo Mandetta, o pedido para alterar a bula foi negado pelo presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres. A transmissão ao vivo ocorreu pela TV Senado.

    A cloroquina, de acordo com estudos científicos, é ineficaz contra a doença.

    Em resposta ao senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que participou da reunião por meio de videoconferência, Luiz Henrique Mandetta defendeu a compra de vacinas e fez uma crítica direta ao presidente da República, Jair Bolsonaro. O ex-ministro questionou “teorias” que pretendem assegurar a proteção dos brasileiros por meio da chamada “imunidade de rebanho”.

    "A impressão que tenho é de que havia algumas teorias mais simpáticas. “O brasileiro vai se contaminar, mora em aglomerados, mora sem esgoto. Vai atingir o coeficiente de proteção de rebanho”. Essa foi uma das teorias que pode ter servido de inspiração dessas pessoas para levar até o presidente. Basicamente, existia uma outra versão", afirmou.

    Parlamentares governistas criticaram a atuação de Mandetta no Ministério da Saúde. Os senadores Eduardo Girão (Podemos-CE), Jorginho Mello (PL-SC), Marcos Rogério (DEM-RO) e Luis Carlos Heinze (PP-RS) questionaram o fato de o ex-ministro ser contra o uso de medicamentos como cloroquina ou ivermectina.

    "O senhor não considera que errou ao ser um opositor do tratamento precoce, proporcionando a população pelo menos o direito a esse tipo de tratamento seguro? O senhor vai ter algum remorso de no futuro se confirmar", questionou Girão.

    Luiz Henrique Mandetta reagiu. Para ele, o uso das duas drogas contra a covid-19 não é indicado na bula dos fabricantes porque a eficácia dos medicamentos não é cientificamente comprovada.

    "Quem está preso à verdade científica tem que demonstrar. Os países do mundo inteiro estão procurando: China, Alemanha, Estados Unidos... Todo mundo procura. Tem que restar comprovado, tem que estar dentro da bula. Tenho a bula da cloroquina e da ivermectina. Recomendo que leiam pelo menos para ter ideia dos efeitos colaterais", disse o ex-ministro.

    Nelson Teich

    O ex-ministro da Saúde Nelson Teich prestará depoimento à CPI da Pandemia nesta quarta-feira (5) a partir das 10h. Ele será o segundo ex-ministro do governo Bolsonaro a ser ouvido pelos senadores.

    O depoimento de Teich estava previsto para ocorrer nesta terça-feira (4), mas teve de ser adiada devido ao grande número de perguntas dirigidas ao também ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, primeiro a ser ouvido pela CPI.

    Já o depoimento do ex-ministro Eduardo Pazuello, que estava agendado para a quarta-feira, foi adiado por 15 dias a pedido dele. Pazuello alegou risco de contaminação por ter se encontrado recentemente com pessoas com Covid-19. Ele é o mais recente ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro e foi sucedido por Marcelo Queiroga, que deve depor à CPI na quinta-feira (6).

    Durante a reunião de hoje, o presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), ainda não havia sido comunicado oficialmente sobre a condição de Pazuello. Omar Aziz disse que os depoimentos não podem ser remotos. Alguns senadores chegaram a levantar a hipótese de que a história seria uma desculpa para adiar o depoimento.

    No meio da tarde, Omar Aziz leu comunicado recebido do Comando do Exército sobre o contato recente de Pazuello com duas pessoas testadas positivas para covid-19. O presidente da CPI negou que o depoimento pudesse ser feito remotamente e decidiu reagendar o depoimento de Pazuello para 19 de maio, daqui a 15 dias.

    Nelson Luiz Sperle Teich foi ministro da Saúde do Brasil entre 17 de abril e 15 de maio de 2020. Ele assumiu logo após a saída de Mandetta e, quatro semanas depois, foi substituído por Pazuello.

    Com Agência Senado

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