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Ministério da Saúde divulga ações para impedir suicídios

No mês da campanha de prevenção ao suicídio, Setembro Amarelo, o ministério da Saúde divulga dados alarmantes. O primeiro boletim sobre suicídio no país apresenta números assustadores: cerca de 11 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos.

O número de homens que cometem suicídio foi quatro vezes maior que o número de mulheres, entre os anos de 2011 e 2015. São 8,7 suicídios de homens e 2,4 de mulheres por 100 mil habitantes.

A estatística só não é maior porque muitos casos de suicídio não são corretamente diagnosticados. Segundo Fátima Marinho, diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis e Promoção da Saúde,  “Das 1,2 milhão de mortes, em 2015, 17% tiveram causa externa. Dessas 40% são registradas por causas não determinadas. Ainda tem 6% de mortes que ainda não conseguimos chegar na causa. São cerca de 10 mil mortes que foram por causa externa, violenta, mas não sabe porquê. Por isso temos esse subdiagnostico do suicídio”, garante a especialista.

Os idosos apresentaram as maiores taxas, com 8,9 suicídios para cada 100 mil habitantes. Além disso, eles sofrem mais com doenças crônicas, depressão e abandono familiar. O alto índice de suicídio entre idosos são é exclusivo do Brasil, é registrado em todo o mundo.

Os dados apontam que 62% dos suicídios foram causados por enforcamento. Entre os outros meios utilizados estão intoxicação e arma de fogo, principalmente nos Estados Unidos, onde o acesso é mais fácil.

Pessoas que não têm um relacionamento conjugal lideram o ranking: 60,4% são solteiras, viúvas ou divorciadas e 31,5% estão casadas ou em união estável. “Homens casados se suicidam menos. O casamento é um fator de proteção para os homens e de risco para as mulheres”, disse Fátima, explicando que existe uma associação das tentativas de suicídio das mulheres com a violência domiciliar. Ela compara que as mulheres tentam mais e, por outro lado, os homens anunciam menos, mas são os que mais morrem por suicídio.

Entre 2011 e 2015, a taxa de mortalidade por suicídio no Brasil foi maior entre a população indígena. A cada 100 mil habitantes, são registrados 15,2 mortes entre indígenas; 5,9 entre brancos; 4,7 entre negros; e 2,4 morte entre os amarelos. O alto risco de suicídio entre jovens indígenas compromete o futuro dessas populações, já que elas também há um alto risco de mortalidade infantil.

As tentativas de suicídios, que desde 2011 são registradas no cadastro, são mais frequentes em mulheres. Até 2016,  31,3% das tentativas de suicídio foram cometidas por mulheres e 26,4 por homens. O meio mais utilizado nas tentativas de suicídio foi o envenenamento, 58%.

Fatores de risco e proteção

Transtornos mentais, depressão, alcoolismo, esquizofrenia, isolamento social, perdas de pessoas queridas, condições incapacitantes, dor crônica e neoplasias malignas são as principais causas dessas tentativas de suicídio.

Segundo o Ministério da Saúde, a existência de um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) nos municípios reduz em 14% o risco de suicídio. Na análise feita, é o único fator de proteção ao suicídio. Existem hoje no Brasil 2.463 Caps em funcionamento.

No mundo...

Mais de 800 mil pessoas tiram a própria vida por ano no mundo. Por isso, em 2013, a Organização Mundial da Saúde desenvolveu um plano de ações em saúde mental que pretende reduzir em 10% da taxa de suicídio até 2020. O governo promove ações estratégicas para a construção do Plano Nacional de Prevenção ao Suicídio e ampliar o amparo às populações vulneráveis.

Centro de Valorização da Vida

O Centro de Valorização da Vida começou com um projeto-piloto no Rio Grande do Sul e hoje é uma referência em todo o país. O CVV oferece apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias.

Uma parceria com o ministério da Saúde vai ampliar gradualmente a gratuidade de ligações, mesmo que por celular, por meio do número 188. Além do Rio Grande do Sul, a partir de 1º de outubro, pessoas de mais oito estados poderão ligar gratuitamente para o serviço: Acre, Amapá, Mato Grosso do Sul, Piauí, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Rondônia e Roraima.

No restante dos estados, o CVV ainda atende pelo número 141 ou diretamente no posto regional. Em cidades sem posto de atendimento do CVV, as pessoas podem utilizar o atendimento por chat, skype e e-mail disponíveis na página https://www.cvv.org.br. O boletim epidemiológico sobre suicídio está disponível na página portalsaude.saude.gov.br/.

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